Enquanto
aguarda a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, definir o
destino da relatoria da Operação Lava Jato na Corte, o presidente Michel Temer
vem sendo pressionado por representantes de tribunais superiores e presidentes
de partidos e parlamentares a escolher o substituto do ministro Teori Zavascki,
morto na quinta-feira, 19, na queda de um avião em Paraty, no litoral
fluminense.
Dirigentes
de pelo menos seis grandes partidos da base aliada defendem a indicação do
ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. O argumento de líderes do PSDB, PSD,
PR, DEM, PTB e até do PMDB é de que Moraes, considerado aliado fiel do governo,
é “qualificado” e tem “experiência” jurídica.
Outros
nomes sugeridos são o da ministra da Advocacia-Geral da União (AGU), Grace
Mendonça, o do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra
da Silva Martins Filho, e o do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)
Bruno Dantas. Temer informou no fim de semana que vai aguardar a decisão de
Cármen Lúcia para depois indicar um nome.
O
discurso oficial de ministros próximos ao presidente é de que a vaga de Teori
será preenchida por um “perfil que se assemelhe ao do ministro”. Outro auxiliar
palaciano disse que Temer deve levar em conta “o tamanho” das críticas da
futura nomeação.
Temer
tem se aconselhado com o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o secretário
Moreira Franco (Programa de Parceria de Investimentos), além de pessoas de sua
confiança no meio jurídico, entre elas o ministro do STF e presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes.
Nos
principais partidos da base – com integrantes investigados na Lava Jato – o
lobby é pelo titular da Justiça. “Se depender do PR, vamos encaminhar o
Alexandre”, afirmou o presidente nacional da legenda, o ex-ministro e
ex-senador Antonio Carlos Rodrigues (SP).
“Do
ponto de vista técnico, vejo a indicação dele como absolutamente acertada. Ele
é um dos maiores constitucionalistas do Brasil”, disse o presidente do DEM,
senador Agripino Maia (RN). Segundo o presidente nacional do PTB, Roberto
Jefferson (RJ), a indicação de Moraes é “bem vista” na sigla. “Ele pode não ser
muito habilidoso no trato político, mas juiz não precisa ter essa habilidade.”
No
PSDB, partido ao qual Moraes é filiado desde dezembro de 2015, a indicação do
ministro da Justiça para o Supremo tem apoio dos três principais caciques: o
senador Aécio Neves (MG), presidente nacional da sigla; o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores e senador
licenciado, José Serra (SP).
“Ele
é extremamente qualificado. É professor de Direito Constitucional da melhor
universidade do País (a USP), tem livros publicados, mais de 700 mil exemplares
vendidos”, disse o secretário-geral do PSDB, o deputado Silvio Torres (SP).
Moraes,
que foi secretário municipal de Transportes durante parte da gestão de Gilberto
Kassab (PSD) na Prefeitura de São Paulo, tem o apoio do atual ministro das
Comunicações. No PMDB, partido de Temer, a defesa da indicação do ministro da
Justiça ao STF é feita pelo líder do partido na Câmara, deputado Baleia Rossi
(SP).
Cortes
Os
principais “cabos eleitorais” de Bruno Dantas são o ex-presidente José Sarney
(PMDB) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), réu em um processo
e investigado em outros 11 inquéritos no STF. Em nota, Renan negou o lobby, o
que tratou como “especulações inverídicas”.
Já
o nome do atual presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, foi defendido por
pelo menos duas pessoas próximas ao presidente. Do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), onde Teori fez carreira antes de chegar ao Supremo, são citados os
ministros João Otávio de Noronha e Luis Felipe Salomão. Também foram levados ao
presidente nomes mais jovens e com perfil mais técnico, como Maria Isabel
Gallotti. (AE)
Terça-feira,
24 de Janeiro de 2017
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