A
menos de um mês de deixar a presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)
demonstra preocupação a aliados e integrantes do governo Temer com a
articulação de ministros de Alagoas para disputar uma vaga de senador em 2018,
quando o peemedebista pretende se reeleger.
Segundo
interlocutores, Renan teme que o uso da máquina do governo por esses ministros
em benefício do Estado fortaleça a candidatura deles ao Senado e ameace sua
reeleição, quando duas vagas por Alagoas estarão em disputa. Alvo de uma ação
penal e 11 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), o peemedebista precisa
se reeleger senador para manter o foro privilegiado.
A
principal preocupação de Renan é com o ministro dos Transportes, o deputado
licenciado Maurício Quintella (PR-AL). Em Alagoas, o ministro integra o grupo
político adversário do presidente do Senado. O grupo é liderado pelo prefeito
de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), e pelo senador Benedito Lira (PP), cujo mandato
também termina em 2018.
Desde
que assumiu a pasta, em maio, Quintella vem anunciando seguidos pacotes de
obras em Alagoas. Entre elas, a duplicação de trecho da BR-301 no Estado e a
pavimentação de área sem asfalto da BR-316, além de investimentos de cerca de
R$ 100 milhões para dragagem e melhorias no terminal de passageiros do Porto de
Maceió.
Renan
já reclamou de Quintella tanto com integrantes da cúpula do PR quanto com o
presidente Michel Temer. Segundo apurou o Estado, o presidente do Senado cobra
que o governo faça o ministro desistir da candidatura.
Outra
preocupação de Renan é com o ministro do Turismo, o deputado licenciado Marx
Beltrão (PMDB-AL), indicado pela bancada peemedebista da Câmara e que contou
com a chancela do presidente do Senado. Beltrão já afirmou a vários colegas do
PMDB e de outros partidos que está articulando sua candidatura a senador em
2018.
O
Ministério do Turismo também vem reforçando investimentos em Alagoas. De acordo
com a pasta, foram concluídas dez obras de infraestrutura turística no Estado
em 2016, totalizando aplicações de R$ 28,7 milhões, com contrapartida de R$ 3,1
milhões dos governo estadual e municipais.
Aliados
de Renan consideram, porém, que o caso de Beltrão preocupa menos o presidente
do Senado. Lembram que o ministro e o pai dele, o deputado estadual João
Beltrão (PRTB-AL), são do mesmo grupo político de Renan e que, por isso, uma
candidatura do ministro pelo PMDB só deslancharia com o aval do senador
peemedebista, que comanda o partido em Alagoas.
‘Melhor relação’
Procurados,
os dois ministros de Alagoas não atenderam as ligações nem responderam as
mensagens enviadas. Já Renan negou que esteja incomodado. “Muito pelo
contrário. Tenho com o Maurício e com o Marx a melhor relação. A eleição de
2018 está muito longe. Não se pode inibir vontade de candidatura nenhuma”,
disse o presidente do Senado.
O
peemedebista afirmou ainda que deve almoçar nesta sexta-feira, 6, com Quintella
e que vai participar de solenidade de assinatura de ordem de serviço para
construção de um Centro de Convenções em Penedo (AL). A cidade é administrada
por Marcius Beltrão, primo do ministro. “O importante agora é somar para o
desenvolvimento do Estado”, disse o senador. (AE)
Sexta-feira,
06 de Janeiro de 2017
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