O
Supremo Tribunal Federal (STF) volta segunda-feira(1º) ao seu funcionamento
normal após o recesso de julho. A retomada dos julgamentos será marcada pelo
período final em que o ministro Ricardo Lewandowski estará no comando da Corte.
O mandato dele como presidente termina em 10 de setembro, quando assumirá a
presidência a ministra Cármen Lúcia.
A
reabertura dos trabalhos na Corte está marcada para as 14h desta segunda, numa
sessão de plenário com seis itens na pauta.
Além
do STF, Lewandowski deixará o comando do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
órgão de controle interno do Judiciário, também a ser assumido por Cármen Lúcia.
Lewandowski dividirá seu tempo na Corte com a coordenação da etapa final do
impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado.
Conforme
as regras da Constituição, cabe a ele presidir a sessão de pronúncia (marcada
para o dia 9) e do julgamento final pelos senadores (prevista para o final do
mês), além de decidir sobre questões processuais da tramitação. (A/E)
CUSTO COM PARTIDOS CHEGA A
R$ 9,4 BILHÕES EM 10 ANOS
Entre
repasses do Fundo Partidário e renúncias fiscais para bancar a propaganda no
rádio e na TV, os mais de 30 partidos políticos brasileiros custaram aos cofres
públicos cerca de R$ 9,4 bilhões nos últimos dez anos. Esse valor equivale ao
da obra mais cara da Olimpíada do Rio: a construção da linha de metrô entre
Ipanema, na zona sul, e a Barra da Tijuca, na zona oeste, com 16 quilômetros de
extensão.
Além
da propaganda eleitoral e partidária na TV, esses recursos custearam aluguéis
de sedes, viagens de dirigentes, compra de equipamentos e pagamento de pessoal
de todas as legendas - desde as mais influentes nos rumos do País, como PT,
PMDB e PSDB, até os vários "nanicos" que atuam como coadjuvantes no
Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas.
Até
recentemente, os cofres públicos pareciam ser uma fonte inesgotável de verbas -
mas o quadro mudou com a crise econômica. Além disso, a disputa por esses
recursos se acirrou após a proibição do financiamento de campanhas por
empresas. É nesse contexto que volta a prosperar no Congresso e no governo a
ideia de reservar o acesso aos subsídios públicos apenas às legendas com maior
representatividade política, com a adoção da chamada cláusula de barreira.
Segundo
cálculos do Estadão Dados de cada R$ 5 do financiamento público das atividades
políticas na última década, R$ 1 foi direcionado a partidos com baixa
representatividade, que obtiveram menos de 2% dos votos na última eleição para
a Câmara dos Deputados em termos nacionais ou na maioria dos Estados.
Enquadram-se nessa categoria 19 legendas, que custaram R$ 1,7 bilhão em
subsídios desde 2007.
Esses
19 partidos, que elegeram apenas 13% dos deputados federais em 2014, perderiam
acesso ao Fundo Partidário e à propaganda gratuita na TV se já estivesse em
vigor a cláusula de barreira que PSDB e PMDB pretendem aprovar, por meio de uma
proposta de Emenda à Constituição. Já as 13 legendas detentoras das demais 87%
das vagas da Câmara sairiam ganhando, ao reduzir o número de concorrentes com
quem teriam de disputar o dinheiro do Fundo Partidário e a atenção dos
espectadores do horário eleitoral.
Rateio
Dados
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o Fundo Partidário distribuiu
R$ 4,4 bilhões em recursos públicos nos últimos dez anos. Os repasses
anteriores a 2016 foram corrigidos pela inflação para representar seu valor
presente. O dinheiro sai do Orçamento da União, ou seja, dos impostos pagos
pelos contribuintes.
Já
o custo da propaganda eleitoral e partidária não se refere a uma despesa direta
do governo, mas ao que ele deixa de arrecadar. Gratuito para as legendas, o
tempo de exibição é pago na forma de isenção de impostos para as emissoras de
rádio e televisão. Segundo cálculos da Receita Federal, essa renúncia fiscal
chega a quase R$ 5 bilhões na soma de 2007 a 2016.
Apenas
neste ano, de acordo com estimativa da Receita, cerca de R$ 562 milhões
deixarão de ser pagos em impostos como compensação pela cessão de tempo de
rádio e televisão. As campanhas dos candidatos a prefeito terão dois blocos
diários de dez minutos no horário eleitoral fixo, de segunda-feira a sábado.
Além disso, serão exibidos 70 minutos diários de inserções de até 30 segundos,
distribuídas ao longo da programação das emissoras, até mesmo aos domingos.
A
conta de 2016 que será paga pelos contribuintes também abrange as propagandas
feitas pelos partidos no primeiro semestre - nesse caso, ao menos em tese, o
foco não eram as eleições, mas a difusão dos programas das legendas. Para isso,
os telespectadores foram bombardeados com 275 minutos de programas no horário
nobre das emissoras, além de 429 minutos de inserções distribuídas ao longo dos
dias. (AE)
REFORMA DA PREVIDÊNCIA VAI
AFETAR MAIS QUEM TEM ATÉ 50 ANOS
As
mudanças mais drásticas na Previdência valerão para quem tiver até 50 anos,
tanto na iniciativa privada como no setor público. Acima desta faixa etária
haverá um "pedágio" para quem quiser se aposentar, a chamada regra de
transição, prevendo um período adicional de trabalho de 40% a 50% do tempo que
falta para que se tenha direito ao benefício.
As
propostas foram apresentadas ao presidente interino Michel Temer e ainda serão
debatidas com dirigentes sindicais e empresários. A ideia é que a idade mínima
para que o trabalhador requeira a aposentadoria seja de 65 anos, no caso de
homens, e de 62, para mulheres.
Tudo
está sendo planejado para que as mudanças atinjam funcionários de empresas
privadas e também servidores públicos.
–
Talvez não unifiquemos o sistema, mas vamos unificar as regras. O problema é
que o buraco é muito grande. Agora, é fazer ou fazer – disse o ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha.
Cálculos
do governo indicam que o rombo na Previdência, já neste ano, será de R$ 146
bilhões e poderá chegar a R$ 180 bilhões em 2017. Sem o endurecimento nas
regras da aposentadoria no Brasil, a carga tributária terá de crescer o
equivalente a 10% do PIB para pagar os benefícios, calcula o governo. Em
valores de hoje, seria um acréscimo de R$ 600 bilhões a um total de impostos e
contribuições pagos que já ultrapassa a casa dos R$ 2 trilhões. E, mesmo assim,
o rombo continuaria igual, segundo o secretário da Previdência Social, Marcelo
Caetano, escolhido para tocar o alicerce técnico da reforma.
A
primeira versão de um estudo sobre a reforma da Previdência consta de uma
cartilha intitulada "Mudar para Preservar". As mudanças põe por terra
a fórmula 85/95, uma alternativa ao fator previdenciário. O projeto, aprovado
no ano passado pelo Congresso e sancionado pela presidente Dilma Rousseff, hoje
afastada, estabelece que, quando a soma da idade e do tempo de contribuição
para o INSS atingir 85 pontos (mulheres) e 95 (homens), a aposentadoria é
integral. A fórmula foi considerada um avanço porque o fator previdenciário
pode diminuir o valor do benefício.
Temer
pretende enviar a proposta de reforma da Previdência ao Congresso somente após
as eleições municipais de outubro. Até lá, também já haverá um desfecho sobre o
processo de impeachment de Dilma. O julgamento final, no plenário do Senado,
começará no próximo dia 29 e tem previsão de terminar, no máximo, no dia 2 de
setembro.
O
governo interino também avalia a possibilidade de mulheres e professores terem
regra de transição especial para aposentadoria.
–
É importante abrirmos um grande debate nacional com a sociedade porque o modelo
atual não deu certo. Não podemos restringir a discussão a governo, associações
de trabalhadores e confederações empresariais – argumentou Padilha. (AE)
Segunda-feira,
1º de agosto, 2016
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