O
Plenário aprovou, por 282 votos a 140, o projeto de renegociação das dívidas
dos estados (Projeto de Lei Complementar 257/16, do Executivo) na forma de
emenda substitutiva do relator, deputado Esperidião Amin (PP-SC).
O
projeto prevê o alongamento de até 20 anos para o pagamento dessas dívidas.
Durante toda a tarde, os partidos que fazem oposição ao governo Michel Temer
obstruíram a votação do texto de Amin.
Muitas
negociações para a votação do projeto foram feitas durante todo o dia e também
nas sessões da Câmara destinadas à votação da proposta. Essas negociações
levaram a modificações no texto para permitir que ele fosse votado, como a
retirada do texto da exigência de que estados e o DF não concedessem reajuste
salarial a servidores por dois anos.
Porém,
permaneceu no texto a exigência de que os gastos primários nos estados não
ultrapassem os do ano anterior acrescidos da inflação medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) ou por outro índice que venha a
substituí-lo.
Os
partidos de oposição apresentaram vários requerimentos de adiamento e de
retirada de pauta do projeto. A votação desses dispositivos vem se arrastando e
atrasando a votação do texto principal. Como se trata de projeto de lei
complementar, para ser aprovado o texto precisava de, no mínimo, 257 votos
favoráveis.
SENADO TORNA DILMA RÉ EM
PROCESSO DE IMPEACHMENT
O plenário do Senado decidiu na
madrugada de quarta-feira(10), dar continuidade ao impeachment da presidente
afastada Dilma Rousseff. Por 59 votos a favor e 21 contra, a Casa aprovou
parecer da Comissão Especial de Impeachment, tornando-a, com isso, ré no
processo. A decisão abre caminho para
que ela seja julgada por crime de responsabilidade.
A
definição se deu após quase 16 horas de sessão, na qual 48 senadores
discursaram. Eram precisos 41 votos para que o relatório passasse (metade dos
presentes, mais um). Contudo, o número de senadores que se manifestaram contra
Dilma superou o mínimo para aprovar o afastamento definitivo dela – na fase
final, são necessários dois terços da Casa (54 parlamentares). Não houve
abstenção. Somente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não votou
nesta quarta-feira.
Dilma teve nesta quarta um apoiador a menos
que na sessão de 12 de maio, quando o plenário do Senado abriu o processo. O
senador João Alberto Souza (PMDB-MA), que se declarou várias vezes contra o
impeachment, concordou em tornar Dilma ré.Os senadores votaram separadamente,
na forma de destaques, três das quatro acusações apresentadas no relatório da
comissão contra a presidente afastada, aceitando todas elas.
No
impeachment, Dilma é acusada de crime de responsabilidade pelo atraso em
repasses do Tesouro Nacional para o Banco do Brasil custear empréstimos
subsidiados no Plano Safra, uma das chamadas “pedaladas fiscais”. Também
responde pela assinatura de três decretos de suplementação orçamentária que
autorizaram despesas em desacordo com a meta fiscal vigente.
A
sessão final do impeachment poderá ocorrer a partir de 25 de agosto, uma
quinta-feira, e não do dia 29, a segunda-feira seguinte, data tida inicialmente
como mais provável. A acusação – notificada da decisão às 2h38, após quase 17
horas de sessão – pretende antecipar a entrega de suas alegações finais, em uma
estratégia para que os prazos processuais corram mais rapidamente.
A
base de apoio ao presidente interino, Michel Temer, trabalha para que o
julgamento comece dia 25 para que o afastamento definitivo se dê ainda este
mês. A previsão é de que essa etapa dure uma semana. O presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que conduz o julgamento, concorda
com a data, desde que nenhum prazo definido em lei seja atropelado.
A
sessão foi marcada pela condução de Lewandowski. Ele negou todas as oito
questões de ordem apresentadas por aliados de Dilma que tinham como objetivo
suspender a ação. Houve pedido de interrupção dos trabalhos para que fossem
feitos novos depoimentos no processo. A intenção dos aliados da petista era que
o Congresso julgasse as contas do ano passado da presidente afastada e que se
buscassem esclarecimentos sobre a suposta citação do nome do presidente em
exercício Michel Temer em delação premiada da Odebrecht, feita a investigadores
da Operação Lava Jato.
Além
de negar os pedidos, o presidente do Supremo também encurtou o tempo dos
intervalos e suspendeu a determinação de que haveria uma pequena pausa a cada
quatro horas de sessão.
O
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), articulou com os parlamentares
para garantir que a votação fosse concluída até o início da madrugada desta
quarta. Paralelamente, a base de Temer atuou para que senadores desistissem das
falas a que teriam direito na tribuna, para dar celeridade ao processo.
Cada
um tinha dez minutos para apresentar seu posicionamento. O senador Aécio Neves
(PSDB-MG) foi o único a falar pela bancada tucana. O líder do PMDB do Senado,
Eunício Oliveira (CE), também convenceu alguns parlamentares de seu partido e
de outras legendas a abrir mão do tempo.
Inicialmente,
55 dos 81 senadores haviam se inscrito. Com as desistências, 48 falaram. Alguns
aliados do presidente interino aceitaram encurtar seus discursos.
O
objetivo da articulação era fazer com que a votação desta quarta acabasse até o
início da madrugada.
Passavam
de 23h30 de terça-feira quando o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do
pedido de impeachment, e o ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José
Eduardo Cardozo, apresentaram, respectivamente, argumentos de acusação e
defesa. Em seguida, começou a votação, dividida em fases, por conta dos
destaques.
Desde
o início da sessão, na manhã de terça-feira, parlamentares da oposição já
admitiam que não havia como reverter o resultado contra Dilma.
O
discurso mais simbólico foi o do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que
anunciou seu voto pelo prosseguimento do processo de impeachment. Ele afirmou
que a volta de Dilma ao comando do País significaria a continuidade de um
governo que o povo brasileiro não aprova mais.
O
senador contou também que esteve com a presidente afastada nas últimas semanas,
mas que, embora respeitasse a pessoa de Dilma, não acreditava que ela
conseguiria resolver os problemas do País. “Para mim, sempre esteve claro que o
retorno da presidente traria de volta a crise agravada”, afirmou Cristovam.
Em
seu discurso, o relator do processo do impeachment, senador Antonio Anastasia
(PSDB-MG), afirmou que não havia dúvida de que a presidente afastada agiu em
“claro benefício pessoal” ao decidir editar três decretos de crédito
suplementares sem autorização do Congresso Nacional e ao, supostamente,
permitir a realização de “operações de crédito” com o Banco do Brasil relativas
ao Plano Safra, as chamadas pedaladas fiscais.
Em
seus discursos, petistas classificaram o processo de “fraude” e atacaram Michel
Temer e seus aliados. Humberto Costa (PE) alegou que a oposição está “usando
tecnicalidades jurídicas para justificar um golpe de mão”. “Vi aqui discursos
risíveis: falar de desempregados, de inflação, de crise, como se esses decretos
(de suplementação orçamentária, citados no impeachment) tivessem a ver com
isso”, criticou.
Os
discursos dos parlamentares que defenderam a permanência de Dilma na
presidência foram pontuados ainda pela promessa de que, se a presidente voltar,
ela convocará um plebiscito para eleições gerais. “Não venho aqui gritar ‘fora,
Temer’ ou ‘Volte Querida’, porque devemos ir além. Quero derrubar esse processo
pelo que ele tem de golpista, de ilegal. Quero que a presidente Dilma volte e
convoque os brasileiros a opinar”, declarou Roberto Requião (PMDB-PR).(IstoÉ)
IMPEACHMENT
TRADUZ A VOZ DAS RUAS
O
presidente nacional do Democratas, José Agripino (RN), disse que a aprovação do
relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) favorável ao afastamento
definitivo da presidente afastada Dilma Rousseff deve-se, entre outros motivos,
à consistência da acusação de que a petista praticou crime de responsabilidade.
“Esse resultado traduz a consistência da acusação e a voz das ruas do Brasil”,
frisou o parlamentar pelo Rio Grande do Norte.
Na
madrugada desta quarta-feira (10), após 15 horas de sessão, o plenário do
Senado aprovou, por 59 votos a favor e 21 contra, o prosseguimento do processo
de impeachment de Dilma Rousseff. Eram necessários 41 votos. A partir de agora,
a presidente afastada torna-se ré e seu julgamento final ocorrerá, provavelmente,
a partir dos dias 25 ou 26 de agosto. Para aprovar a cassação de Dilma
Rousseff, são necessários 54 votos no Senado.
José
Agripino voltou a criticar argumentos usados pelo PT e aliados de que o pedido
de afastamento trata-se de um "golpe”. “Não nos venham com essa história
de golpe. Golpe é quando você tem avião voando, tanque na rua, baioneta
exposta. O que tem aqui é a Constituição brasileira sendo seguida à risca. A
todo momento, a Constituição é invocada, o regimento, solicitado”, ressaltou o
presidente nacional do DEM.
'CORREU TUDO
CONFORME O ESPERADO'
O
presidente em exercício, Michel Temer, assistiu em seu gabinete, no Palácio do
Planalto, à sessão do Senado que decidiu, na madrugada desta quarta-feira, 10,
tornar ré, no processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff.
“Correu
tudo conforme o esperado”, disse Temer, no terceiro andar do Planalto, com seu
habitual tom comedido. A seu lado, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha,
lembrou que, mais uma vez, suas estimativas chegaram bem perto do resultado da
votação. Padilha previu de 58 a 60 votos a favor do parecer do relator, Antonio
Anastasia (PSDB-MG).
“É
que aqui existe articulação política”, afirmou o chefe da Casa Civil ao Estado,
em uma crítica velada à gestão de Dilma. “O presidente Michel Temer sempre
falou com deputados e senadores e continua falando. A grande marca desse
governo é a pacificação.”
Diante
do avanço do processo de impeachment, Temer manterá a programação da viagem
para a China. Ele pretende participar da cúpula do G-20, nos dias 4 e 5 de
setembro, em Hangzhou. “Nós confiamos nos senadores, que têm, literalmente,
correspondido às expectativas”, disse Padilha.
O
presidente em exercício só deixou o Planalto, nesta quarta-feira, por volta de
2h30, depois que a sessão do Senado terminou. (AE)
PERITOS DO INSS TÊM 15 DIAS
PARA ADERIR A PROGRAMA DE REVISÃO DE BENEFÍCIOS
Os
peritos médicos interessados em participar da força-tarefa de revisão dos
benefícios auxílio-doença e aposentadoria por invalidez têm 15 dias para
assinar termo de adesão ao programa. A informação está em resolução do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que institui o ‘Programa de Revisão
dos Benefícios por Incapacidade’ e estabelece regras para os peritos. Na semana
passada, o governo divulgou os critérios de convocação dos beneficiários que
passarão pela reavaliação.
A
resolução de hoje reafirma que são alvo das novas perícias segurados desses
dois benefícios mantidos pelo INSS há mais de dois anos. Também confirma que os
peritos participantes do programa receberão bônus de R$ 60 por perícia. “Todos
os peritos médicos previdenciários ativos e sem impedimentos de atendimento ao
público poderão optar por participar deste programa, inclusive os peritos
médicos previdenciários em cargos de gestão lotados nas gerências executivas”,
diz o texto. No âmbito da revisão, cada perito poderá realizar até quatro
perícias por dia útil ou até 20 perícias em dias não úteis.
No
mês passado, o governo anunciou um pente-fino nesses benefícios. Em um prazo de
até dois anos, espera-se reavaliar 1,7 milhão de seguros. De acordo com o
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, pasta à qual o INSS agora está
vinculado, o gasto anual do governo com pessoas que se enquadram no grupo
dessas revisões é de R$ 7,5 bilhões, no caso do auxílio-doença, e de R$ 20
bilhões com a aposentadoria por invalidez. Com a revisão, a expectativa é obter
uma economia aproximada de R$ 7 bilhões por ano.
Sobre
a adesão dos peritos, o INSS prevê que até 80% dos 4,3 mil peritos do órgão
entrem no programa. Somente depois dessa etapa de inscrição dos peritos na
força-tarefa, as convocações começarão a ser feitas, por telefone ou carta. (AE)
Quarta-feira,
10 de agosto, 2016
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