Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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31 agosto, 2016

DILMA PREPARA PRONUNCIAMENTO PARA DEPOIS DO SEU JULGAMENTO





A presidente afastada Dilma Rousseff já prepara um pronunciamento para fazer após o julgamento do processo de impeachment.

Sem esperança de vencer a batalha, Dilma ainda não redigiu o texto, mas planeja reiterar o argumento de que a democracia está sendo ferida de morte por um golpe de Estado.

O pronunciamento deverá ser feito no Palácio da Alvorada e divulgado nas redes sociais. O tom será emocional, na linha de que a história fará justiça à primeira mulher eleita presidente.

Dilma quer destacar que nunca desviou dinheiro público e está sendo vítima de uma “injustiça” política, pagando alto preço por contrariar interesses. Sua intenção é protestar contra a “ruptura institucional”, como fez na sessão de defesa do Senado, durante quase 14 horas, na segunda-feira.

Apelo. Apesar da expectativa desfavorável sobre sua sentença, a presidente afastada fez ontem vários telefonemas para senadores. A todos, apelava para que não a condenassem sem provas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneceu em Brasília e procurou os que se diziam indecisos, além de dirigentes de partidos.

Lula tinha expectativa de que a bancada do Maranhão – detentora de três votos – pudesse apoiar Dilma. Após a primeira conversa que teve com o senador Edison Lobão (PMDB-MA), porém, o presidente interino Michel Temer fez pressão sobre os três maranhenses.

Ex-ministro de Minas e Energia nos dois governos do PT, Lobão avisou Lula que não seria possível votar contra o impeachment. Um dirigente do PT disse aoEstado que o ex-presidente previa há tempos o desfecho desta crise, mas tentou até o último minuto virar votos para não ser acusado de abandonar Dilma. (AE)

PROCESSO NÃO É POLÍTICO, DIZ NOVO CORREGEDOR DA JUSTIÇA ELEITORAL

 
O novo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Herman Benjamin, disse na noite desta terça-feira, 30, que o processo que pode levar à cassação da chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) não será político. Depois de assumir o cargo de corregedor-geral, o ministro ficará responsável pela relatoria da ação que investiga suposto abuso de poder político e econômico pela chapa Dilma/Temer, vencedora da última eleição presidencial.

“Ao contrário de processos de impeachment em outros países, que são mais políticos do que baseados em provas – não sei se é o caso do Brasil, mas em outros países é assim -, o julgamento da Justiça Eleitoral brasileira não é político, é baseado em fatos e provas e evidentemente com respeito a todas as garantias constitucionais, não apenas para proteger os investigados, mas como forma de garantia do processo eleitoral brasileiro”, disse o ministro a jornalistas, depois de ser empossado em solenidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Não podemos impor uma velocidade que não seja compatível com a correta apuração da verdade”, comentou o novo corregedor-geral da Justiça Eleitoral.

Dentro do Palácio do Planalto, auxiliares do presidente da República em exercício, Michel Temer, apostam que o processo terá uma longa tramitação dentro do TSE, ao contrário do rito do impeachment, que possui calendário e prazos definidos depois da abertura do processo.

“Quem sabe não demore tanto tempo que o TSE só decida alguma coisa quando o Temer não for mais presidente”, comentou um assessor ao Broadcast Político, sob a condição de anonimato.

Um integrante da Corte Eleitoral disse à reportagem que o caso provavelmente só será resolvido a médio ou longo prazo.

“Nós precisamos entender que o processo judicial é, antes de mais nada, um instrumento sóbrio”, defendeu o novo corregedor-geral da Justiça Eleitoral. “Nós temos de examinar os fatos. Há provas que ainda estão sendo analisadas. Porque se os fatos e as provas não levarem a uma conclusão de contaminação do processo eleitoral, qualquer outro posicionamento é desnecessário”, completou o ministro Herman Benjamin.

Técnicos do TSE entregaram no último dia 22 a perícia realizada sobre documentos de empresas que prestaram serviços à campanha eleitoral que elegeu Dilma e Temer. Os peritos identificaram irregularidades nas contratações.

Em setembro pelo menos dez testemunhas deverão ser ouvidas pela Justiça Eleitoral. (AE)


LÁGRIMAS DE JANAÍNA E CARDOZO: O PT REIVINDICA ATÉ O MONOPÓLIO DO CHORO

 
Eu acho que a frase, cujo conteúdo, não as palavras exatas, reproduzo a seguir saíram da boca do meu querido amigo Gerald Thomas quando um crítico, se não me engano, cobrou “mais emoção” em uma de suas montagens teatrais. Na minha memória, mas não consigo confirmar (e Gerald vai me dizer), o artista respondeu o seguinte: “As pessoas se emocionam pelos mais diversos motivos; há quem fique emocionado quando uma linha reta faz uma curva”. Se não é do meu amigo e se eu não achar a autoria, então fica sendo minha. Pronto.

Em embates de natureza pública, este chorão aqui não gosta muito de emoção, não. Nas questões pessoais, na fruição estética — um filme, um poema, uma música, um quadro — e diante do sofrimento de gente ou de bicho, em especial de quem não sabe nem mesmo dizer o nome de sua dor, eu sou um usuário caudaloso das lágrimas. Eu as dispenso no embate público. Se tentam arrancar a minha emoção, costumo devolver doses até exageradas de razão.

A advogada Janaína Paschoal chorou no fim de sua fala a favor do afastamento definitivo de Dilma Rousseff. Usou o tempo que lhe cabia para rebater pontos da defesa da petista, mas se emocionou e pediu desculpas a Dilma.

Disse ela: “Finalizo pedindo desculpas à senhora presidente. Não por ter feito o que fiz, mas por eu ter lhe causado sofrimento. Sei que a situação que está vivendo não é fácil. Muito embora não fosse meu objetivo, causei sofrimento. E eu peço que ela, um dia, entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela”.

Durante seu discurso, Janaína também rebateu as acusações, vocalizadas pela própria Afastada, segundo as quais parte das motivações do impeachment derivava de misoginia — vale dizer: Dilma estaria sendo perseguida porque mulher. A advogada afirmou que atuaria da mesma forma se o cargo fosse ocupado por um homem e que “ninguém pode ser protegido por ser mulher”.

Janaína estava sendo sincera ou estava sendo tática? Eis aí: eu acho que estava sendo sincera. Quem a conhece sabe que está realmente sofrendo. Embora eu não ignore que estava lá, também, na condição de profissional da acusação.

Cardozo
Indignado mesmo eu fiquei com José Eduardo Cardozo. Que também chorou. E lhe reconheço motivos para tanto. Gostaria de estar aqui a elogiá-lo. E por que não o faço?

Durante uma entrevista, com olhos marejados e, depois, às lágrimas soltas, ele criticou o que chamou de “estratégia” de Janaína, em especial o trecho da fala em que a advogada disse que atuou pensando também nos netos de Dilma.

Afirmou o advogado: “Aquele que perde a emoção diante da injustiça é alguém que se desumanizou. As palavras da acusação foram muito injustas. Para quem conhece Dilma Rousseff, pedir a condenação para defender os seus netos é algo que me atingiu muito fortemente. É errado. Não é justo. Do ponto de vista humano, aquele que perde a capacidade de se indignar diante da injustiça perdeu sua humanidade. Me emocionei para não perder a minha”.

Aí não!
Acho que está claro que, para meu gosto, dispensaria lágrimas de um lado ou de outro. Mais: mesmo assim, eu as compreendo.

Observem que Cardozo está a dizer que a sua emoção é sincera, é verdadeira, é pura, é destituída de interesses. Já as da sua colega de acusação não teriam o mesmo status, a mesma dignidade. As dela, ele assegura, eram uma estratégia. Caberia, então, a pergunta: e as suas próprias eram o quê?

O PT é de tal sorte autoritário que pretende ter o monopólio até do choro.

Ademais, convenham, o julgamento já teve embates mais duros, e não vimos o advogado de Dilma liberar seu rio de lágrimas…

Fiquei com a desagradável sensação de que também essa performance foi feita para as câmeras, para os cineastas hoje dedicados a levar adiante a farsa do golpe.

Zé Eduardo não chega a me fazer chorar. Mas me entedia muito. Eu o acho previsível e meio falastrão. (Reinaldo Azevedo)

Quarta-feira, 31 de agosto, 2016



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