Pré-candidato
do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, confirmou
nesta terça (28) que os tucanos vão desembarcar do governo quando ele assumir o
comando do partido, o que deve ocorrer na convenção do próximo dia 9. O tom das
declarações de Alckmin incomodou o Palácio do Planalto e levou o presidente do
PMDB, senador Romero Jucá (RR), a cobrar respaldo na transição até 2018. O
presidente Michel Temer vai conversar com o governador, no próximo sábado, em
Limeira (SP), para acertar quando será a saída do PSDB.
O
desconforto no Planalto foi provocado principalmente pelo fato de Alckmin dizer
que, se dependesse dele, a sigla nem teria se aliado a Temer. “Eu sempre fui
contra participar do governo. Acho que não tinha razão para o PSDB participar,
indicar ministro”, afirmou o governador, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Alckmin
lembrou que o tucano Bruno Araújo já deixou o Ministério das Cidades, disse que
“outros terão de sair pelo prazo de desincompatibilização” e pregou uma
“política diferente” de agora em diante. “Mas votaremos medidas de interesse do
país, independentemente de termos cargos, ministérios ou participar do governo”,
insistiu.
Questionado
se o PSDB abandonaria Temer, Alckmin foi evasivo. “Abandonar no sentido de não
ter compromisso, não. Porque temos compromisso, responsabilidade e temos de dar
sustentação na Câmara e votar projetos de interesse do País”, argumentou ele.
Na
avaliação de auxiliares de Temer, o governador começou a dar “sinais dúbios” em
sua campanha. O Planalto e a cúpula do PMDB têm interesse em montar uma frente
de centro-direita com partidos como PSDB, DEM, PP, PR, PSD e PRB para disputar
a eleição presidencial de 2018, mas ainda há um clima de mágoa e desconfiança
em relação aos tucanos.
“Prefiro
acreditar que o PSDB vai ter juízo e somar forças para ajudar a gente a
concluir essa transição. Alckmin tem de conversar com os outros partidos e dizer
a que veio”, afirmou Jucá. “Existe chance para fazermos uma coligação com os
tucanos, mas isso depende das ações. Queremos saber, por exemplo, como o PSDB
vai votar na reforma da Previdência. Na política, os atos valem mais do que as
palavras.”
Embora
Alckmin tenha falado novamente em desembarque, na prática não se sabe como será
essa saída. O ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, deve ser
substituído pelo deputado Carlos Marun (PMDB), mas pode ser deslocado para
outro posto na equipe. Luislinda Valois (Direitos Humanos) vai deixar o cargo
em breve e Aloysio Nunes Ferreira permanecerá no Itamaraty.
“Essa
questão do desembarque já está superada. É um falso dilema. Falta só marcar a
data”, amenizou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), principal fiador da
participação dos tucanos na gestão Temer. “Levar esse tema à convenção é um
desrespeito ao próprio PSDB. O que temos de discutir é o leque de alianças que
o PSDB deve buscar.”
‘Jim Jones’
Para
Jucá, o governador de São Paulo terá o desafio de enfrentar a pressão dos
chamados “cabeças-pretas”, que defendem o afastamento do governo, se quiser ter
mais adiante o apoio do PMDB. “Os cabeças-pretas querem que Alckmin tome o
ponche do Jim Jones”, ironizou o senador, em uma referência ao pastor que
convenceu mais de 900 pessoas a se matar na Guiana, em 1979.
Na
avaliação do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), pré-candidato ao governo da
Bahia, o fato de o PSDB “se arrumar” internamente é o primeiro passo para a
construção de uma aliança em 2018. “Mas isso não significa que as coisas serão
automáticas. Se quiser parceria, em algum momento o PSDB terá de nos procurar”,
disse ele. (AE)
Quarta-feira,
29 de novembro, 2017 ás 11hs00
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