Em
meio à guerra fratricida no PSDB pelo comando do partido, as correntes internas
convergem na defesa do governador Geraldo Alckmin como candidato à Presidência
da República em 2018. O nome do chefe do Executivo paulista também passou a ser
cotado como alternativa para chefiar a sigla no próximo ano, o que evitaria um
racha na convenção tucana marcada para o dia 9 de dezembro.
Alckmin
foi sondado recentemente por deputados sobre a possibilidade de presidir a
sigla, mas desconversou. Embora não descarte a ideia, ele quer preservar a boa
relação que mantém com os dois nomes que pleiteiam o cargo: o governador de
Goiás, Marconi Perillo, e o senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino
do partido.
Ambos
apoiam a pré-candidatura presidencial de Alckmin, bem como a maioria da bancada
do PSDB na Câmara. Aliados de Perillo dizem que ele aceitaria abrir mão da
disputa caso houvesse uma convergência em torno da tese de eleger o governador
paulista para liderar o PSDB. Já Tasso ainda não oficializou sua intenção de
tentar a reeleição, o que deve acontecer na semana que vem.
A
avaliação no entorno de Alckmin é a mesma de setores antagônicos do PSDB: a
presidência nacional do partido é o melhor caminho institucional para um
pré-candidato ao Palácio do Planalto viajar o Brasil antes do início de fato da
campanha, em meados do ano que vem.
“Aécio
foi eleito presidente do PSDB antes de disputar a Presidência, assim como (o
ex-governador) Eduardo Campos, que era presidente do PSB. O Geraldo Alckmin
teria uma boa condição para promover a convergência no partido”, disse o
ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço teórico
do PSDB.
Disputa.
O deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB na Câmara, avalia que o nome de
Alckmin é atualmente consensual no partido para disputar à Presidência. “A
candidatura do Geraldo em 2018 é consenso no partido. O prefeito João Doria é
um bom nome, mas precisa de mais tempo”, afirmou.
Sobre
a disputa interna, ele defende, porém, o nome de Tasso. “Ele tem o apoio da
maioria da bancada federal e dos senadores, além da simpatia do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso”, disse Tripoli, destacando que Perillo é governador
e deve disputar o Senado, enquanto Tasso estará livre em 2018.
Tasso
recebeu Perillo nesta quarta-feira, 1.º, em Brasília e ouviu dele a confirmação
oficial de sua pré-candidatura a presidente do PSDB.
No
encontro, o governador de Goiás indicou apoio ao movimento pró-desembarque do
governo Michel Temer. “O PSDB deu a sua contribuição, ajudou no impeachment (da
presidente cassada Dilma Rousseff), mas agora chega a hora em que vamos focar
na eleição”, afirmou.
Segundo
Perillo, “seria natural” o desembarque no final deste ano, quando considera que
os ministros tucanos devem deixar o governo para focar na eleição de 2018.
O
PSDB tem quatro ministros no governo do presidente Michel Temer: Bruno Araújo
(Cidades), Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Antonio Imbassahy (Secretaria
de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos). Destes, os três primeiros
são parlamentares licenciados e devem disputar a reeleição no próximo ano.
Oficialmente, o prazo de desincompatibilização vai até abril de 2018.
Visto
como integrante do grupo mais governista do partido, Perillo disse que sempre
transitou em todas as alas da sigla. “Não me interessa ser integrante da ala A
B ou C, e sim da unidade”, declarou. Segundo ele, o partido vai fazer “um
desembarque educado e normal”.
Candidatura
única. Tasso não descartou a sua candidatura, pois disse que tem uma “identificação
forte” com uma corrente que existe dentro da legenda e que está sendo
pressionado a disputar. Ele ponderou, no entanto, que poderia aceitar um acordo
por uma candidatura única. “Mais importante do que uma conversa sobre o nome de
um ou de outro são as ideias. Se as ideias forem as mesmas, nada impede que o
nome do candidato seja um só.”
O
senador cearense garantiu que ficará no cargo interinamente até a Convenção
Nacional do PSDB, em dezembro, quando deve ocorrer a eleição. Já Aécio Neves
continua como presidente licenciado até lá.
A
visita do governador de Goiás ao Congresso ocorreu um dia após deputados
tucanos discutirem com Tasso, que classificou o episódio como “uma reação
delirante de Minas e Goiás”.
Durante
o encontro desta quarta-feira com Tasso, Perillo tentou desfazer o
mal-entendido e creditou o ocorrido ao temperamento do deputado Giuseppe Vecci
(GO), um dos principais envolvidos. Em conversas reservadas, o governador de
Goiás disse que Vecci tem “sangue de italiano” e costuma se envolver em discussões.
(AE)
Quinta-feira,
2 de novembro, 2017 ás 12hs15
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