A
divulgação da cartilha pedagógica de oposição ao governador Rodrigo Rollemberg
(PSB) foi suspensa pela Justiça do Distrito Federal, nessa sexta-feira (23). A
decisão confirma a ilegalidade da distribuição do material de campanha política
aos estudantes nas escolas públicas, por iniciativa do Sindicato dos Professores
(Sinpro) do DF, controlado pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
O
sindicato representante da categoria que recebe o triplo da média salarial
nacional, R$9 mil mensais, queria usar o panfleto eleitoral como “material
didático” em salas de aula. Mas a Justiça considerou o material de campanha
como manifestamente abusivo e ilícito, portanto, proibido de ser utilizado nos
locais de ensino.
A
decisão não proibiu a campanha política fora das escolas. Ainda assim, o
sindicato vai recorrer da sentença para seguir transformando aulas em ações de
doutrinação eleitoral de crianças de 4 a 8 anos de idade, com a cartilha
intitulada “E agora, Rodrigo?” que foi retirada do site da instituição, por
determinação do juiz, para evitar o descumprimento da decisão.
Uma
das atividades estimulava os estudantes a fazer paralelismo entre os poemas
"José", de Carlos Drummond de Andrade, e "E agora,
Rodrigo?", do sindicato.
PAPEL DESVIRTUADO
Para
o juiz Luis Carlos de Miranda, a intenção de divulgar a cartilha nas escolas representa
um total desvirtuamento da função dos professores em sala de aula. E afirma que
é direito assegurado pela Constituição Federal a “liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” e o “pluralismo
de ideias e de concepções pedagógicas”.
"O
papel do professor é mostrar [aos alunos] as possibilidades, caminhos ou visões
diferentes, e não agir como pretendido pelo Sindicato réu. O ambiente escolar
sadio deve ser promotor de debate, de incentivo à pesquisa e à busca do
conhecimento, da autonomia e da independência, com o objetivo de formar
cidadãos conscientes", diz o juiz, na sentença.
O
magistrado garantiu que a campanha de cunho político não será afetada, porque,
em princípio, os materiais de divulgação da campanha – à exceção da referida
cartilha – não afrontam aos direitos de personalidade do governador Rollemberg.
A
cartilha foi lançada em novembro do ano passado, com a divulgação apócrifa da
mensagem “E agora, Rodrigo?”, por diversos pontos de Brasília. Somente no fim
de janeiro o sindicato apresentou-se como autor do projeto e sugeriu levar o
tema para aplicar a campanha eleitoral junto ao currículo escolar.
Domingo,
25 de fevereiro, 2018 ás 00hs05
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