O
ex-presidente do BNDES nos Governos Lula e Dilma, Luciano Coutinho, afirmou que
"não se lembra" de nenhum pleito da JBS que tenha sido rejeitado pelo
BNDES durante o tempo em que comandou a empresa. De acordo com ele, apenas
alguns projetos que teriam sido "aperfeiçoados" pelo banco.
A
declaração foi dada durante a CPMI do JBS, durante a sessão nesta terça-feira
(03/10), em resposta à pergunta do senador Ronaldo Caiado (Democratas-GO).
Coutinho é o presidente mais longevo do banco, ficando no comando de maio de
2007 a maio de 2016. Durante esse período, ele recebeu a visita dos sócios da
empresa 23 vezes.
"Vossa
senhoria diz que não se lembra de a JBS ter nenhum projeto rejeitado, mas que
provavelmente todos foram 'aperfeiçoados' No entanto, o que assistimos no
Brasil são milhares de projetos rejeitados pelo BNDES e que sequer tiveram esse
gesto nobre por parte do banco de fazer um trabalho de 'aperfeiçoamento'.
Queremos deixar essa evidência do tratamento diferenciado que foi dado. Dados
do TCU mostram que o tempo de tramitação dos processos da JBS duraram 20 dias.
O tempo médio no BNDES é de 202 dias", ressaltou Caiado.
Coutinho
também precisou responder se houve alguma pressão por parte do ex-ministro da
Fazenda, Guido Mantega, preso sob acusação de facilitar interesses do grupo no
governo federal. Caiado lembrou que todas as afirmações feitas na comissão
serão comparadas à futura delação premiada de Mantega. O ex-ministro deve
apontar como funcionava o tráfico de influência envolvendo a Fazenda e os
bancos públicos.
"Por
que faço essa pergunta? porque fomos informados hoje pela imprensa que Mantega
está negociando uma delação premiada. As declarações têm que estar de acordo
com o que Mantega disse. Se não, será chamado novamente e vamos confrontar o
que não está de acordo entre os dois senhores, "explicou.
HISTÓRICO
Ronaldo
Caiado também chamou a atenção para o primeiro escândalo que envolveu a JBS e o
BNDES ainda em 2005, quando gravações que envolviam Júnior Friboi e um
empresário revelaram que o grupo mantinha um cartel e fixava preço em todo o
país. Na época, Caiado era presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos
Deputados e chegou a acionar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
"Hoje,
12 anos depois, o Estadão publica que agora o Cade mandou abrir novamente e
recomendou ao tribunal que condene o Júnior Friboi pelas gravações e pelo
cartel montado.E na gravação ainda há a informação de que haveria um contrato
de gaveta com o BNDES", lembrou.
Coutinho
evitou responder diretamente o tema e negou que houvesse qualquer tipo de
pressão entre o grupo e o ex-ministro Mantega com o banco.
Quarta-feira,
04de outubro, 2017 ás 00hs05
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