Iniciada
em março de 2014, a Lava Jato já impacta no cenário eleitoral de 2018 em pelo
menos 14 das 27 unidades da Federação, aponta levantamento. O efeito mais comum
tem sido a revisão dos planos eleitorais de líderes políticos. Citados em
delações, alvo de inquéritos ou ações, nomes antes cotados para cargos
majoritários no Executivo agora traçam planos mais modestos nas disputas do ano
que vem. O mandato garante a prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal.
Os
políticos envolvidos na Lava Jato negam qualquer irregularidade. A mudança de
planos acontece principalmente entre os atuais senadores que desejam renovar
seus mandatos em outubro do próximo ano. Um deles é o próprio presidente do
Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
O
peemedebista se movimenta para ser candidato à reeleição em 2018 e não ao
governo do Estado, como queria até então. Em 2014, quando ainda tinha mais
quatro anos de mandato, ele se candidatou a governador. Acabou em segundo
lugar, derrotado pelo petista Camilo Santana. Agora, Eunício não só quer
disputar o Senado novamente, como negocia com Santana, seu antigo adversário e
atual governador, para estar na mesma chapa que o grupo dele no pleito do
próximo ano.
No
Amazonas, os dois senadores, Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Graziottin (PC do
B), também estão revendo os planos para 2018. “O natural é o Senado”, disse o
peemedebista, que inicialmente queria se candidatar a governador. Vanessa, por
sua vez, disse a aliados que deve tentar uma vaga na Câmara dos Deputados – o
mesmo plano dos senadores Gleisi Hoffmann (PR) e Humberto Costa (PE), ambos do
PT.
Ré
na Lava Jato, a presidente nacional da legenda petista desejava inicialmente se
eleger governadora do Paraná.
A
operação também dificultou o projeto presidencial de alguns políticos. O caso
mais emblemático é o de Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB. O
tucano queria disputar o Palácio do Planalto em 2018, como em 2014. Após ser
alvo da delação da J&F, que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a
afastá-lo do mandato e determinar recolhimento domiciliar noturno, Aécio deve
disputar a reeleição. Seus aliados não descartam nem mesmo que ele tente uma
cadeira de deputado.
As
mudanças de planos e cenários nos Estados contribuem agora para a união de
antigos adversários. Além do Ceará, essa aproximação vem acontecendo em Estados
como Tocantins e Mato Grosso do Sul. No Tocantins, o atual governador, Marcelo
Miranda (PMDB), negocia com o senador Ataídes Oliveira (PSDB), seu adversário
político histórico no Estado. O acordo desenhado entre os dois prevê que
Miranda dispute o Senado e o tucano, o governo do Estado.
Presos
A
Lava Jato também colocou em dúvida ou até inviabilizou candidaturas, como a dos
ex-ministros Henrique Eduardo Alves (RN) e Geddel Vieira Lima (BA), ambos do PMDB
e presos preventivamente – por tempo indeterminado.
Em
Roraima, a Lava Jato tornou incerta a candidatura da prefeita de Boa Vista,
Teresa Surita (PMDB), ao governo do Estado. Ela é ex-mulher do líder do governo
no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que é investigado na operação.
Alvo
de 12 inquéritos no Supremo, sendo oito na Lava Jato, o senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), por exemplo, mudou de lado e foi para oposição ao governo Michel
Temer. Em Alagoas, pesquisas internas mostram que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva lidera a corrida presidencial em 2018, quando Renan tentará
renovar o mandato. Todos os citados já negaram envolvimento em crimes. (AE)
Domingo,
15 de outubro, 2017 ás 11hs30
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