O
Brasil só crescerá mais que três países sul-americanos em 2017 e 2018: a
devastada Venezuela, o Suriname e o Equador, segundo as projeções do Fundo
Monetário Internacional (FMI). O crescimento brasileiro foi estimado em 0,7%
para este ano e 1,5% para o próximo, e o País deve ficar atrás dos demais,
excetuados aqueles três. A economia venezuelana, arrasada pelo bolivarianismo, deve
encolher 12% e 6% em cada um dos dois anos, continuando a trajetória já seguida
nos três anteriores.
Os
latino-americanos saíram da recessão, como a maior parte do mundo, mas têm
baixo potencial de expansão e precisam de mais investimentos e de reformas para
ganhar vigor, segundo os economistas do fundo. A eficiência produtiva diminuiu
ou ficou estagnada na maior parte da região desde os anos 1980, embora tenha
havido avanços importantes em outros aspectos, especialmente nas condições de
estabilidade.
O
relatório destaca as incertezas quanto ao prosseguimento das políticas de
ajuste, por causa das eleições previstas para os próximos 12 a 18 meses em
vários países da região. O populismo é apontado como um risco importante para
as economias latino-americanas. No caso do Brasil, incertezas políticas e
quanto à orientação da política econômica motivaram uma revisão do crescimento
projetado para 2018, com redução de 0,2 ponto em relação à estimativa de abril.
Quanto à projeção para este ano, é 0,5 ponto maior que a divulgada há seis
meses. A mudança foi justificada pelo desempenho no primeiro semestre.
Inflação
Como
a inflação recuou e permanece contida na maior parte da América Latina,
incluído o Brasil, pode-se usar a redução de juros e a melhora das condições de
crédito para facilitar a expansão dos negócios. Mas estímulos fiscais, por meio
de redução de impostos ou aumento de gastos públicos, é desaconselhável na
maior parte da região, por causa dos desarranjos nas contas públicas.
Relatório
do FMI distribuído ontem atribui esse desajuste, na maior parte dos casos, à
perda de arrecadação resultante da baixa de preços internacionais de produtos
básicos. Isso vale para as economias mais dependentes do setor primário.
A
lista de sugestões para fortalecer as economias inclui investimentos em
infraestrutura, maior empenho na formação de capital humano, redução da
informalidade no mercado de trabalho, melhora do gasto público, aprofundamento
a integração internacional e maior participação da mulher na força de trabalho.
A
busca de maior eficiência no gasto público deve ir além de um esforço técnico.
O documento menciona o combate à corrupção, o fortalecimento das instituições e
o aumento da transparência nas informações sobre administração. O conjunto de
recomendações é dirigido a toda a América Latina.
A
rigidez das finanças públicas é apontada como um problema de grande importância
no caso brasileiro. A recomendação é diminuir o peso dos gastos obrigatórios.
Em relação a isso a reforma da Previdência é classificada como de
"primeiríssima importância" pelos economistas do FMI. (AE)
Sábado,
14 de outubro, 2017 ás 15hs00
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