O
advogado britânico Geoffrey Robertson, contratado para representar o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Comitê de Direitos Humanos da ONU,
deu como certa a manutenção da condenação do petista nas instâncias superiores.
A declaração foi feita durante um jantar organizado por juristas em sua
homenagem na quarta (30) em São Paulo.
"Moro
e os colegas estão dizendo que ainda há recursos para Lula na Justiça. Nós
estamos alegando que não há mais recursos aqui porque a Justiça do Brasil é
totalmente parcial. Portanto, temos de ir às instâncias internacionais, onde há
uma Justiça verdadeira", disse Robertson.
O
advogado se referia à defesa feita pelo governo brasileiro perante o Comitê de
Direitos Humanos da ONU. A defesa, assinada pelo juiz Sérgio Moro, responsável
pela condenação de Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, alega que o petista não pode
recorrer a cortes internacionais enquanto ainda houver a possibilidade de
recursos para reverter a sentença na Justiça brasileira.
Ao
afirmar que Lula não tem mais chances de sucesso nos tribunais brasileiros,
Robertson admite que o ex-presidente pode estar fora da disputa eleitoral do
ano que vem. Se for condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral da 4.ª Região
(TRF-4), o petista pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficar
inelegível.
O
advogado britânico citou a entrevista do presidente do TRF-4, Carlos Eduardo
Thompson Flores, ao jornal O Estado de S. Paulo para embasar sua argumentação.
Na entrevista, o desembargador classificou como "irrepreensível" e
"irretocável" a sentença que condena Lula.
"O
mais ridículo é que o presidente do tribunal já basicamente prejulgou o Lula
dizendo que a sentença do Moro é impecável. Fica nítido que o julgamento não é
imparcial. É um aberração", disse Robertson.
O
britânico é o primeiro no entorno de Lula a dizer publicamente que o petista
não tem chances de reverter a condenação aplicada por Moro. Nas últimas duas
semanas, o Estado ouviu mais de 20 advogados que atuam na Lava Jato ou
acompanham com proximidade o caso de Lula. Quase todos afirmam, sob a condição
de anonimato, que as chances de a Segunda Turma do TRF-4 reverter a sentença de
Moro são mínimas.
O
advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, responsável pela vinda de Robertson
ao Brasil, confirmou que os recursos em defesa do petista nos tribunais
superiores têm sido ineficazes, mas evitou fazer críticas generalizadas à
Justiça brasileira e disse que não jogou a toalha. "Esta sentença não tem
como prevalecer. Para mim só tem uma hipótese de a decisão não ser derrubada: é
se o TRF-4 decidir julgar Lula de uma forma diferente", afirmou. (AE)
Sexta-feira
1º de setembro, 2017 ás 10hs20
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