A
ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi amplamente beneficiada com recursos de
propina inseridos em planilhas que somam R$ 170,4 milhões, acusou o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao apresentar a denúncia contra
Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outras seis pessoas por
organização criminosa.
De
acordo Janot, esses valores também serviram para os interesses do grupo
político beneficiado com a permanência da petista no poder. O processo tramita
no Supremo Tribunal Federal (STF) porque uma das investigadas é a presidente
nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), que possui foro privilegiado.
A
denúncia contra a cúpula do PT é embasada nas delações premiadas da Odebrecht,
da JBS, do casal Mônica Moura e João Santana, do ex-diretor de abastecimento da
Petrobrás Paulo Roberto Costa, do ex-diretor da área internacional da Petrobrás
Nestor Cerveró e do ex-gerente da estatal Pedro Barusco.
Ao
analisar a planilha “Italiano”, referente a recursos de uma conta corrente
mantida pela Odebrecht, Janot diz “é possível afirmar que Dilma recebeu no
mínimo uma parte ou a totalidade das vantagens ilícitas de R$ 26 milhões pagas
pela Odebrecht a João Santana (marqueteiro responsável pelas duas campanhas
presidenciais da petista) em 2011, referentes a dívidas por serviços de
marketing prestados à sua campanha de 2010 à Presidência da República, e de R$
30 milhões repassadas a Palocci (ex-ministro da Casa Civil da petista),
coordenador da referida campanha, em julho, agosto e setembro de 2010, meses
coincidentes com o período eleitoral daquele ano”.
No
que diz respeito à planilha “Pós-Itália”, o procurador-geral da República
infere terem sido transferidos em benefício de Dilma parte ou a totalidade “das
vantagens ilícitas de R$ 21 milhões repassadas pela Odebrecht em 2014 a João
Santana, de R$ 69,4 milhões repassadas pela Odebrecht entre setembro e outubro
de 2014” mediante autorização do então ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Janot
também citou o suposto pagamento de R$ 24 milhões para a compra de apoio de
partidos políticos à candidatura de Dilma à Presidência da República em 2014,
visando à ampliação do tempo no horário político gratuito.
“Somados
os referidos valores, verifica-se que Dilma foi favorecida, em 2010, com a
quantia de R$ 56 milhões, com débitos da Planilha ‘Italiano’, e, em 2014, de R$
114,4 milhões, com descontos da Planilha ‘Pós-Itália’”, concluiu Janot.
Organização criminosa
Segundo
Janot, Dilma integrou a organização criminosa em questão desde 2003, quando
assumiu o Ministério de Minas e Energia a convite de Lula.
“Desde
ali contribuiu decisivamente para que os interesses privados negociados em
troca de propina pudessem ser atendidos, especialmente no âmbito da Petrobrás,
da qual foi Presidente do Conselho de Administração entre 2003 e 2010”, disse
Janot.
“Durante
sua gestão junto à Presidência da República deu seguimento a todas as
tratativas ilícitas iniciadas no governo Lula, com destaque para a atuação
direta que teve nas negociações junto ao grupo Odebrecht”, acusou o
procurador-geral da República.
Dilma nega
Procurada
pela reportagem, a assessoria de imprensa de Dilma informou que Janot ofereceu
uma denúncia “sem qualquer fundamento”.
“Caberá
ao STF garantir o amplo direito de defesa e reparar a verdade, rejeitando-a. A
Justiça será feita e não prevalecerá o Estado de Exceção. Não há mais espaço
para a Justiça do Inimigo”, diz a nota da assessoria.
Odebrecht diz que
'colabora com a Justiça'
Em
nota, a Odebrecht informou que continua colaborando com a Justiça no Brasil e
nos países em que atua e está empenhada em ajudar a esclarecer qualquer dúvida
sobre os relatos apresentados por seus executivos e ex-executivos.
“O
acordo de colaboração da Odebrecht já se provou eficaz, inclusive com
desdobramento em novas investigações e processos judiciais no Brasil e no
exterior. A Odebrecht reitera que reconheceu os seus erros, pediu desculpas
públicas, assinou Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados
Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a
combater e não tolerar a corrupção, qualquer que seja a sua forma”, diz a
empresa. (AE)
Quarta-feira
06 de setembro, 2017 ás 10hs30
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