Plataformas
livres garantem mais segurança aos usuários de internet. Segundo especialistas
que participaram quinta-feira (20/06) de debates na edição de Brasília da
Campus Party, um dos maiores eventos de tecnologia do país, a ideia é que,
liberando o acesso a detalhes dos programas e até mesmo do design de
eletrônicos, mais pessoas poderão identificar mais rapidamente falhas na
segurança e corrigi-las.
Plataformas
livres são aquelas que concedem liberdade aos usuários para acessar e modificar
os códigos que as definem. Além disso, podem redistribuir cópias com ou sem
modificações.
“Software
livre é importante. Primeiro, porque, com o código aberto, a gente sabe o que
tem lá dentro. Segundo, porque pode desenvolver o que a gente precisa com
aquele código”, afirmou o desenvolvedor do sistema operacional Debian João
Eriberto Mota. O Debian é um sistema operacional composto inteiramente de
software livre.
A
fragilidade na segurança nos meios digitais ficou em evidência com a divulgação
de notícias publicadas pelo site The Intercept, que revelaram supostas trocas
de mensagens entre o então juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio
Moro, e membros da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. As mensagens teriam
sido trocadas no aplicativo Telegram.
De
acordo com Mota, que é especialista em segurança em rede de computadores,
acessar qualquer celular é algo simples. “Em segundos, com o equipamento
adequado, consegue-se entrar no celular. Para isso, é preciso apenas do número
de telefone. ”
Mota
disse que isso se deve principalmente ao fato de os sistemas operacionais dos
celulares serem raramente atualizados. Com isso, leva-se mais tempo para
corrigir falhas na segurança. “E elas vão existir”, afirmou. Para se ter ideia,
enquanto uma celular demora, às vezes, meses para oferecer ao usuário uma
atualização de sistema, o Linux, que é um software livre equivalente a, por
exemplo, a Microsoft, oferece atualizações diárias.
Aparelhos
livres
Para
garantir a segurança ou ao menos minimizar os riscos de invasões, não apenas os
programas, mas também o hardware, ou seja, os equipamentos físicos, devem ser
livres. É o que defende o diretor de operações do portal Embarcados, Fábio Souza.
“Um
hardware aberto pode ser auditado pela comunidade, não é uma caixa-preta que
pode estar captando informações. Além disso, quando se tem um hardware fechado,
a gente depende do que a empresa faz. Quando é algo aberto, mais pessoas podem
estar engajadas, reportando falhas de segurança e trabalhando em melhorias”,
afirmou.
Os
celulares, no entanto, ainda são desafios. “Essa é uma questão que está
atrasada. A minha esperança é que venha uma empresa ou um consórcio que faça
smartphones mais abertos. Hoje a gente depende muito de empresas, está muito
fechado”, disse Souza.
Para
ele, ter tanto códigos para a criação de programas quanto designs abertos é
algo que pode beneficiar o desenvolvimento de países como o Brasil. “A gente
não precisaria ficar toda hora reinventando a roda. Poderíamos partir de
patamares mais altos e criar projetos mais avançados. ”
Uso
de celulares
De
acordo com o suplemento Tecnologias da Informação e Comunicação da Pnad
Contínua, divulgado hoje (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), atualmente, no Brasil, a maior parte das pessoas que
acessam a internet, 97%, faz isso pelo celular.
Os
brasileiros também usam bastante o aparelho – passaram mais de três horas por
dia acessando o celular. Essa média colocou o país em quinto lugar no ranking
global de tempo gasto com celulares. Os dados são do relatório Estado de
Serviços Móveis, elaborado pela consultoria especializada em dados sobre
aplicativos para dispositivos móveis App Annie, considerando um dos mais
completos do mundo. (ABr)
Quinta-feira,
20 de junho, 2019 ás 18:00
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