Depois
de uma semana de articulações dos líderes dos partidos políticos com o
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foram eleitos por aclamação, em
chapas únicas e sem disputas entre as bancadas, os comandos das comissões
permanentes. A partir desta semana começam as atividades legislativas.
No
Senado, há 15 comissões permanentes. As consideradas mais importantes são a
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
e Comissão de Relações Exteriores de Defesa Nacional.
Pela
primeira vez na história do Senado, uma mulher, a senadora Simone Tebet
(MDB-MS), vai comandar a CCJ, uma das mais cobiçadas da Casa.
Ao
ser eleita, a senadora garantiu que não vai impedir a tramitação de projetos,
mesmo os polêmicos. No entanto, de acordo com ela, a palavra final sobre a
pauta será do colegiado. A senadora diz que dará prioridade a propostas
apresentadas nesta legislatura.
Simone
Tebet disse que matérias que estavam sob a relatoria de senadores que não se
reelegeram serão redistribuídas para novos relatores, de acordo com os perfis
de cada integrante. Para ela, a CCJ vai ser requisitada para discutir e votar propostas
relacionadas às medidas de combate à violência: “Isso está muito claro nos
projetos que já chegaram”.
De
acordo com a senadora, a CCJ deverá se dedicar às matérias que propõem o
endurecimento de penas e tipificação de crimes.
Eficiência
Simone
Tebet disse que outro tema relevante que estará na pauta são as propostas
oriundas do governo federal e de parlamentares sobre eficiência da máquina
pública, como a diminuição do tamanho do Estado, desburocratização de
procedimentos e otimização de gastos públicos.
A
senadora lembrou que a CCJ terá papel de destaque na análise de propostas como
a reforma da Previdência e da Lei Anticrime, ambas encaminhadas pelo governo.
Inicialmente, as propostas serão discutidas e votadas pela Câmara e depois pelo
Senado.
Para
Simone Tebet, a sociedade deve ser ouvida tanto nas questões relacionadas à
Previdência, como também nos temas referentes ao combate à criminalidade.
Perfil
No
que depender de Simone Tebet, ela diz que a CCJ terá como meta a imparcialidade
e o respeito aos princípios democráticos sem distinção entre parlamentares e
partidos políticos. “Oposição e situação vão ter os seus espaços de forma
equilibrada”, ressaltou.
A
senadora destacou ainda que o regimento interno do Senado será cumprido,
inclusive com o rigor para o tempo para cada parlamentar se manifestar e o
direito às intervenções. Segundo ela, a severidade neste caso é importante para
otimizar o trabalho.
Na
quarta-feira (20), às 10 h, está marcada a próxima reunião da comissão e será
apresentado um balanço, englobando cerca de 950 propostas que estão na fila
para apreciação.
Polêmicas
Temas
polêmicos são frequentes na CCJ. O senador Márcio Bittar (MDB-AC), por exemplo,
apresentou uma proposta de emenda à Constituição para reduzir a maioridade
penal para os 16 anos, sem exceção. “Eu proponho isso para todos os que têm 16
anos de idade porque não há como diferenciar só os crimes hediondos”, defendeu
Bittar.
O
senador se refere à PEC 33/2012, do ex-senador Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP), que criava o chamado “incidente de desconsideração da
inimputabilidade penal” para flexibilizar a lei nos casos em que menores
cometem crimes considerados graves. Isso abria a possibilidade para que esses
jovens de 16 anos fossem processados e julgados como adultos.
Apesar
de ter sido muito debatida na CCJ, com a realização de duas audiências
públicas, a apresentação de relatório do ex-senador Ricardo Ferraço (MDB-ES) e
de voto contrário do ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a proposta não chegou
a ser votada na comissão e foi arquivada no final do ano passado.
Relatoria
Simone
Tebet disse à Agência Brasil que vai designar o senador Marcelo Castro (MDB-PI)
como relator para iniciar o debate. Segundo ela, o esforço será para que a
tramitação de propostas na CCJ não “atrapalhe” a discussão em torno do pacote
de Moro.
Márcio
Bittar apresentou também uma outra proposta que divide opiniões, sugerindo o
fim do pagamento do auxílio-reclusão para as famílias de segurados pela
Previdência Social. O benefício é destinado às famílias de presos de baixa
renda.
A
PEC 3/2019 foi apresentada por Bittar em um pacote de medidas relacionadas à
segurança pública. Segundo ele, a medida em vigor traz gastos excessivos à
Previdência, o equivalente a R$ 840 milhões ao ano, conforme dados do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS).
Para
o senador, é uma injustiça “sustentar pessoas que cometeram delitos, que
tiraram vidas” e, por outro lado, não dar assistência aos que perdem o
integrante da família. (Abr)
Domingo,
17 de fevereiro, 2019 ás 8:30
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