O
Senado completou nesta quarta-feira a sua Mesa Diretora, com a eleição dos
demais cargos que ainda estavam pendentes após a eleições do presidente Davi
Alcolumbre. Num fato inédito na história recente da Casa, 11 partidos
diferentes ocuparão os 11 cargos, sem que nenhuma legenda ocupe mais de um
posto de direção.
A
primeira-vice-presidência permanece com o PSDB e será exercida pelo senador
Antonio Anastasia (MG). O segundo-vice-presidente será o senador Lasier Martins
(Pode-RS), que se transferiu para a legenda nos últimos dias e recebeu a
indicação.
Segunda
maior bancada da Casa, o PSD (9 senadores) se encarregará da
primeira-secretaria, com o senador Sérgio Petecão (AC). Já a maior bancada, o
MDB (13 senadores), ficará com a segunda-secretaria — o indicado foi o senador
Eduardo Gomes (TO). É a primeira vez que nenhuma das maiores bancadas ocupa
cargos de presidência ou vice-presidência.
A
terceira-secretaria terá como titular o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ e a
quarta, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS). Os quatro suplentes da Mesa serão
os senadores Marcos do Val (PPS-ES), Weverton (PDT-MA), Jaques Wagner (PT-BA) e
Leila Barros (PSB-DF).
Os
membros da Mesa foram eleitos em chapa única, que recebeu 72 votos favoráveis e
2 contrários. Houve ainda 3 abstenções.
Discordância
A
única restrição à chapa única foi levantada pelo senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP). Ele afirmou que a indicação de Flávio Bolsonaro para a
terceira-secretaria não seria “de bom tom”, porque o senador é filho do
presidente da República, Jair Bolsonaro. Randolfe requereu que o nome de Flávio
fosse votado separadamente pelo Plenário
—
Há uma vedação no que diz respeito ao bom senso e aos valores republicanos que,
na ordem hierárquica do Senado Federal, haja alguém que tenha relação
consanguínea direta com o chefe do Poder Executivo — disse Randolfe,
salientando que não se tratava de uma questão de cunho pessoal.
O
líder do PSL, senador Major Olimpio (SP), respondeu que os laços familiares do
colega não poderiam ser um impeditivo para a sua “participação plena” nas
atividades do Senado. Flávio Bolsonaro destacou que, como filho do presidente
da República, está impedido de concorrer a uma série de cargos eletivos no
Executivo, mas não de exercer funçõesno Legislativo.
Davi
Alcolumbre indeferiu o requerimento de Randolfe, argumentando que nenhuma outra
indicação ou candidatura para a terceira-secretaria havia sido apresentada.
Proporcionalidade
Na
tradição do Senado, a distribuição de cargos da Mesa do Senado segue a proporcionalidade
entre o tamanho das bancadas partidárias. No entanto, desta vez, dois partidos
ficaram com cargos de menor vulto em relação às suas representações: o MDB,
maior bancada, ficou com a segunda-secretaria; e o PT, que tem 6 senadores, mas
ficou atrás de PPS (3) e PDT (4) na fila da suplência.
O
líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), minimizou a derrota do partido na
eleição para a Presidência do Senado, que, segundo ele, já é passado. Braga
também disse que a bancada aceita a “construção política” como um elemento dos
trabalhos do Senado e que agora é importante pensar na montagem das comissões.
—
Conseguimos, no diálogo, construir esta pacificação que agora está demonstrada.
Disputamos nas regras e reconhecemos o resultado. Sentamos e construímos uma
forma de governança para que o Senado possa avançar.
O
senador Humberto Costa (PT-PE) observou que sua bancada, com maior número de
parlamentares, ficou preocupada com o abandono da proporcionalidade como
critério de preferência para a montagem da Mesa.
—
Não temos muitas alternativas, mas não é da nossa concordância que o processo
tenha se dado dessa maneira. Esperamos que voltemos à pratica do respeito à
proporcionalidade, que expressa o sentimento da população em relação à
composição do Senado — disse.
Outros
senadores destacaram que a composição da Mesa foi resultado de um esforço
coletivo e participativo de todos os partidos, e que isso é uma boa
sinalização. O senador Marcos Rogério (DEM-RO), por exemplo, elogiou tanto a
“capacidade de articulação” do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, quanto o
“esforço de compreensão” de todas as bancadas.
O
senador Luiz Carlos do Carmo (MDB-GO) celebrou o fato de ter sido possível
evitar uma nova discordância na sessão desta quarta-feira. Já o senador Eduardo
Girão (Pode-CE) afirmou que os parlamentares demonstraram “maturidade” na
definição dos demais cargos da Mesa.
Federação
A
Mesa para o biênio 2019-2020 terá a participação de senadores de todas as cinco
regiões do país, fato que volta a acontecer depois de quatro anos. O senador
Dário Berger (MDB-SC) lembrou que é autor de uma Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) que torna isso obrigatório.
—
O Senado é a Casa da Federação, responsável por trazer para o Congresso a
representação dos estados. O equilíbrio federativo, que é regra no Plenário,
muitas vezes não se mostra na composição da Mesa.
De
acordo com a PEC 44/2016, seria assegurada a representação de todas as regiões
do país na Mesa, e também seria vedada a participação de mais de um senador de
um mesmo estado. A proposta de Berger aguarda um relator na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). (Senado)
Quarta-feira,
06de fevereiro, 2019 ás 18:39
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