Em
2016, mais e mais brasileiros experimentaram a condição de desempregado. O
número de pessoas sem trabalho nunca foi tão alto – eram 12,1 milhões até
novembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). E a busca por uma vaga tornou-se uma verdadeira maratona. Milhões de
pessoas passaram o ano inteiro, em vão, atrás de um emprego.
Apesar
de os índices de desemprego terem crescido, os problemas no mercado de trabalho
não são novidade. Caso se confirme a previsão do mercado financeiro, expressa
no Relatório Focus, divulgado na segunda-feira, de queda de 3,5% do Produto
Interno Bruto de 2016, serão dois anos de resultados negativos consecutivos e
um acúmulo de 7,29% de perdas.
Segundo
o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, os dados da
última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) são apenas um reflexo
do movimento da retração econômica. “Em um ano, a população ocupada caiu 1,9
milhão, em torno de 2,1%. Mas essa é uma comparação com 2015, que já tinha um
nível de ocupação baixo”.
A
crise foi tão agressiva que desconfigurou até mesmo o movimento sazonal, ou
seja, nem vagas temporárias, típicas do fim de ano, apareceram. “Em outubro de
2013, período anterior à crise econômica, o total de desocupados era de 5,6
milhões a menos do que agora”, observa Azeredo.
Com
esse cenário, muitos currículos acabaram enterrados nas caixas de e-mail dos
departamentos de Recursos Humanos. Por isso, a aceleração de crescimento da
força de trabalho, aquele grupo que está em busca de um emprego, passou a
diminuir conforme os meses foram passando. As pessoas estão desistindo de
procurar.
No
trimestre encerrado em outubro, 600 mil perderam empregos, mas somente 195 mil
estavam em busca de uma vaga. Isso também se explica pela queda da qualidade
dos poucos postos, com salários baixos e instabilidade. Segundo Azeredo, cerca
de 6 milhões de trabalhadores não estão procurando nada, mas têm potencial para
integrar a força de trabalho.
Empreendedorismo
A
percepção de todos parece ser mais ou menos a mesma: 2016 foi diferente da
“marolinha” de 2008 e de outras crises. Assim, o empreendedorismo foi ganhando
espaço e tornou-se um dos responsáveis por estabilizar o índice de desocupação.
Ainda que tenha começado a reduzir nos dois últimos trimestres móveis, segundo
levantamento mais recente do Serasa Experian, o setor ganhou mais adeptos entre
2015 e 2016.
No
ramo de Microempreendedores Individuais (MEI), surgiram 1,22 milhão de novos
MEIs no País até setembro, o que representa um aumento de 5,3% em comparação ao
mesmo período do ano passado. O crescimento pode parecer tímido, mas é
representativo quando comparado a empresas individuais (capital mínimo de 100
vezes o maior salário-mínimo), por exemplo, cuja queda no mesmo período foi de
22%.
“O
crescimento ficou mais forte em maio de 2015, quando o desemprego começou a
subir. É um sinal claríssimo de que as pessoas querem tornar-se MEI para gerar
renda”, explica o economista do Serasa Experian, Luiz Rabi. Até setembro, MEIs
eram 79% dos novos empreendimentos no País, que totalizam 1,54 milhões de novas
empresas até setembro. (AE)
Sexta-feira,
30 de dezembro de 2016
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