O dono da Focal Comunicação, segunda maior fornecedora da campanha de
Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014, Carlos Roberto Cortegoso, tinha um
motorista como laranja. O empresário é alvo das diligências autorizadas pelo
Tribunal Superior Eleitoral e cumpridas pela Polícia Federal nesta terça-feira,
27.
A Focal recebeu R$ 25 milhões na última corrida presidencial.
O motorista de Cortegoso, Jonathan Gomes Bastos, que trabalhou 10 anos
trabalhando como motorista pessoal do empresário, chegou a entrar na Justiça
contra o ex-patrão, mas acabaram negociando um “cala-boca”. O acordo prevê uma
indenização mensal de R$ 6 mil por 12 anos - em troca do silêncio. Essa tramoia
já é investigada na Operação Lava Jato.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o acordo foi proposto no fim do
ano passado, ao mesmo tempo em que ele acionou a Justiça contra seu antigo
patrão pedindo uma indenização de ao menos R$ 4 milhões por não ter recebido
dinheiro movimentado em uma das empresas de Cortegoso na qual aparecia como
sócio até 2011: a CRLS Consultoria e Eventos, que está na mira da Procuradoria
da República por suspeita de caixa 2 do PT.
O valor é referente ao lucro que a empresa teria obtido ao adquirir e
depois revender em 2010 sete terrenos do pecuarista José Carlos Bumlai, em São
Bernardo do Campo.
Cortegoso teria ainda que pagar todas as dívidas que Jonathan tivesse
herdado por conta da empresa. Uma das cláusulas previa que cada um dos
envolvidos devia manter o sigilo das informações “quer pessoais, profissionais,
não podendo um falar do outro, para com terceiros, funcionários e, afins”, diz
o documento, que foi encaminhado ao juiz da 4ª Vara Cível de São Bernardo do
Campo, onde está a ação contra Cortegoso.
Relatório da Receita Federal repassado à Polícia Federal e ao Ministério
Público Federal revela que, entre 2010 e 2014 a CRLS Consultoria e Eventos,
movimentou quase R$ 50 milhões, de créditos e débitos, mas declarou apenas R$
10 milhões no período.
Terça-feira,
27 de dezembro de 2016
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