A
farra da ex-presidente da República com dinheiro público não conhece limites.
Somente no ano passado, superou todos os antecessores ao torrar mais de meio
milhão com assessores, diárias e passagens. Não basta quebrar o Brasil estando
no cargo. Ela nos causa prejuízo também fora dele
Durante
umas das sessões da CPI da Petrobras, em 2015, que apurou o esquema de desvios
de recursos da estatal, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi
enfático ao ser confrontado com o ex-engenheiro Renato Duque, ex-diretor de
Serviços da companhia. “Fico impressionado com a ‘cara de pau’ do PT”. Na
época, Paulinho criticava a desfaçatez do PT no assalto aos cofres da Petrobrás
por meio de esquemas de desvios de recursos que até hoje desafiam os
investigadores da Operação Lava Jato.
Cara
de pau parece ser mesmo um requisito que de fato sobra no perfil petista. Mesmo
depois de ter sido deposta em um processo de impeachment, a ex-presidente Dilma
Rousseff conseguiu a proeza de ser a campeã entre os ex-presidentes brasileiros
de despesas de seus assessores com viagens, passagens aéreas e diárias. Dados
obtidos com base na Lei de Acesso à Informação revelam que Dilma gastou,
somente no ano passado, mais de meio milhão de reais com o pagamento de diárias
e passagens, combustível e demais despesas acessórias dos servidores que a
acompanham.
Conforme
os dados obtidos, as despesas somaram nada menos que R$ 632 mil. Isso sem
contar os salários dos aspones. Em comparação com os demais ex-presidentes, a
petista gastou mais que a soma de todo os demais ex-presidentes – José Sarney,
Fernando Collor, FHC e Lula – no mesmo período. Todos eles têm direito ao
benefício, mas extrapolar do uso de uma verba cujo princípio é conferir o
mínimo de estrutura a um ex-presidente da República é deveras imoral.
Não
basta levar o Brasil à bancarrota estando no cargo de presidente. Dilma nos
lesa também fora dele. De acordo com o jornal, destes mais de R$ 600 mil gastos
pelo contribuinte brasileiro, R$ 586,8 mil foram utilizados no custeio de
passagens e diárias; além disso, houve também o pagamento de R$ 45,4 mil com
manutenção, seguro e combustível de veículos utilizados. Até quando o País
sustentará mordomias injustificáveis dessa natureza? É preciso dar um basta.
Cara de pau
Um
dado que impressiona nas informações obtidas é que a maior parte dos gastos
aconteceu em Minas Gerais, onde Dilma tentou sem sucesso uma vaga de senadora.
Ou seja, na prática, Dilma valeu-se de recurso público para tentar se eleger.
Ela tinha um corpo de colaboradores viajando e se deslocando com ela pelo
Estado – todos pagos pela União. Mesmo com esse aporte, ela ficou apenas em
quatro lugar na disputa. Os gastos ainda aumentaram no ano passado em
comparação com o ano anterior. Em 2017, Dilma, sem mandado e sem campanha, havia
torrado aproximadamente R$ 520 mil com servidores. Em 2018, os gastos pularam
para R$ 632 mil.
Ainda
que seja bastante questionável a manutenção desse privilégio aos
ex-presidentes, a liderança de Dilma na utilização desmedida de dinheiro
público salta aos olhos. O senador Fernando Collor (PROS-AL) apresentou no ano
passado uma despesa de R$ 306 mil (R$ 267 mil com diárias e passagens e R$ 39
mil com combustível). José Sarney (MDB-AP), por sua vez, gastou R$ 158 mil (R$
135 mil com diárias e passagens e R$ 23 mil com combustível). Lula, mesmo
preso, registrou despesas de R$ 119 mil (R$ 100 mil com diárias e R$ 19 mil com
despesas automotivas), e Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) R$ 41,3 mil. Do
total, R$ 20 mil com diárias e passagens e R$ 21 mil com combustíveis, seguro e
manutenção de veículos.
É
uma lei sancionada José Sarney em 1986 que possibilita esses privilégios. Por
ela, a União disponibiliza 40 funcionários para os cinco ex-presidentes, oito
para cada um deles. Além disso, também fazem parte da estrutura dez veículos
oficiais. No total, essa estrutura custa por ano R$ 5,5 milhões aos cofres
públicos. Em tempos de desequilíbrio das contas públicas, e tentativas de
ajustes para a retomada econômica, o valor é mesmo uma fábula. Em princípio, o
benefício não deveria ser concedido a presidentes depostos por impeachment.
Collor chegou a ter a benesse suspensa em 1993. Em 2006, entrou na Justiça e
conseguiu reverter a decisão. É a decisão que favoreceu Collor que agora
beneficia Dilma. O ex-presidente Lula, por meio do decreto 6.381, aumentou o
número de servidores à disposição de ex-presidentes. De cinco para oito. Pela
norma, os presidentes têm direito a quatro servidores para atividades de
segurança e apoio pessoal, dois motoristas e dois assessores em cargos de
comissão.
No
caso de Lula, especificamente, o Ministério Público utilizou o relatório de
viagens de assessores ao Sítio de Atibaia como um dos principais elementos que
corroboraram a tese de que o imóvel era de fato do ex-presidente. O contribuinte
brasileiro pagou 1089 diárias aos servidores para acompanhá-lo e à ex-esposa
Marisa Letícia entre os anos de 2011 e 2016. Agora, descobre-se que Dilma
valeu-se do mesmo artifício. Só que para fazer campanha em Minas Gerais e nem
sequer se eleger – neste caso, menos mal. Ou seja, sobra mesmo cara de pau…
(IstoÉ)
Sexta-feira,
22 de março, 2019 ás 09:30
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