O 'crime' da mídia brasileira é
publicar as maiores barbaridades perpetradas contra o nosso país
O desprezo pela liberdade de
imprensa e de expressão cresce nos políticos radicais brasileiros; e, no
Facebook, valendo-se da liberdade da internet, militantes engrossam a voz
contra a mídia. O sonho totalitário é tornar a grande imprensa brasileira de
timbre estatal, buscando a "harmonia" ditatorial. Assim, jamais
teríamos reportagens estarrecedoras sobre a progressiva e interminável cultura
da corrupção, do furto aberto ao dinheiro público e a desavergonhada sucessão
de crimes, em uma escalada reconhecida por especialistas como talvez a maior da
história da humanidade.
Contudo, nada parece abalar a
convicção que a preservação e a expansão política e demográfica do homo
corruptus depende da destruição da liberdade. Em latim, corrumpere significa
destruir. Assim, corromper a liberdade é a garantia quase constitucional de
expandir a corrupção do dinheiro público. O mantra liberticida faz alusão ao
"controle social da mídia" ou "regulação da mídia",
eufemismos para a repressão. Controle social da mídia faz o consumidor, que
escolhe livremente seus veículos de comunicação. Os trabalhadores dos meios de
comunicação de massa são oriundos dos mais diversos estados da federação, das
mais diferentes origens sociais, econômicas, ideológicas, culturais e
políticas.
A guerra de posição gramsciana
contra a liberdade de imprensa já começou por meios econômicos, políticos,
psicossociais e culturais. Quanto mais são divulgados os malfeitos criminosos,
maior o movimento contra a imprensa livre. O "crime" da mídia
brasileira é publicar as maiores barbaridades perpetradas contra o Brasil. A
chamada revolução bolivariana na América Latina tem especial objetivo de calar
a liberdade para implantar uma imprensa subserviente, obediente, corrupta,
chapa- branca e autoritária. A liberdade de expressão é a pedra no sapato dos
totalitarismos. Por isso, todos os países do eixo bolivariano formam um bloco
unido contra a crítica da imprensa.
A guerra contra a mídia atinge
diretamente a liberdade da arte, da cultura, da ciência, da religião, da
economia, da política, do esporte e demais atividades humanas. O fanatismo ideológico
associado ao furor da paixão pelo crime financeiro, o materialismo mais
hediondo da adoração ao bezerro de ouro e uma vontade patológica de poder se
associam para condenar os mais elevados valores e princípios do Estado
Democrático de Direito. É nosso dever, pois, defender a liberdade de imprensa e
de expressão de toda tentativa de repressão autoritária, e de todas as
agressões explícitas ou dissimuladas. Mais vale corrigir alguns excessos
inerentes à democracia que aprovar a exceção do fim da liberdade no Brasil.
Democracia é contradição.
(João Ricardo Moderno O GLOBO - 25/02)
Quarta-feira, 25 de fevereiro,
2015
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