A
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) inicia segunda-feira (18/03) a
primeira etapa do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani). O
estudo é voltado para crianças de até cinco anos de idade e tem o apoio do
Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
A
coleta de dados vai até dezembro próximo, com a divulgação dos resultados a
partir de fevereiro de 2020. A primeira fase do estudo, inédito no Brasil com a
abrangência e o detalhamento propostos em âmbito nacional, vai percorrer 123
municípios de todas as regiões do país.
O
objetivo é coletar informações de cerca de 15 mil domicílios, o que pode
significar obter informações de até 17 mil crianças menores de cinco anos de
idade. Os resultados do “censo de nutrição infantil” permitirão ao Ministério
da Saúde, por meio da Coordenação Nacional de Alimentação e Nutrição, formular
políticas públicas baseadas em evidências voltadas para as crianças brasileiras
na faixa etária abaixo de cinco anos.
Metas
Os
primeiros estados a serem visitados são Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e
Rio Grande do Sul, totalizando 23 municípios.
São
eles: Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, no
Rio de Janeiro; Serra e Vitória, no Espírito Santo; Camaçari, Feira de Santana,
Juazeiro, Lauro de Freitas, Salvador e Simões Filho, na Bahia; Alvorada,
Canoas, Caxias do Sul, Gravataí, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Rio Grande, São
Leopoldo, Sapucaia do Sul e Viamão, no Rio Grande do Sul.
O
coordenador nacional do Enani, Gilberto Kac, do Instituto de Nutrição José de
Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que o estudo tem
três metas. A primeira é mapear deficiências de micronutrientes (vitaminas e
minerais) entre as crianças com menos de cinco anos, em termos de alimentação e
nutrição.
“Esse
é o primeiro aspecto inédito do estudo. A gente vai medir sangue de crianças
entre seis e 59 meses e vamos dosar uma série de marcadores que jamais foram
estudados no Brasil com essa magnitude”, disse.
Alimentação
As
crianças menores de seis meses serão estudadas também, mas não terão o sangue
coletado. O estudo conseguirá mapear o estado nutricional bioquímico de
crianças entre seis meses e 59 meses. “Esse é o grande objetivo, talvez o
principal”, afirmou Kac.
O
trabalho vai medir também a alimentação das crianças abaixo de 5 anos de idade.
Para isso, será usada uma técnica chamada “recordatório de 24 horas”, que
verifica o que a criança comeu nas últimas 24 horas.
Foi
desenvolvido um aplicativo específico para esse estudo. A pesquisa toda é feita
em um tablet. Há um questionário geral sobre uma série de assuntos, que
englobam desde questões socioeconômicas até a história reprodutiva e
desenvolvimento infantil.
Aleitamento
Juntamente
com a dieta das últimas 24 horas, será mapeado o perfil sobre o aleitamento
materno no Brasil. Kac disse que os dados existentes até agora no país serão
atualizados.
As
equipes vão recolher dados nacionais sobre aleitamento materno exclusivo e
complementar, consumo de ultraprocessados, doação de leite materno e bancos de
leite, amamentação cruzada (quando uma mãe amamenta o filho de outra mulher).
“Esse é o segundo grande objetivo”, afirmou.
O
terceiro objetivo é o mapeamento do estado nutricional antropométrico (conjunto
de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas partes) que, no caso,
inclui medir o peso e a altura das crianças e das mães.
Isso
permite avaliar o estado nutricional infantil, de modo a confirmar se a
desnutrição continua diminuindo no Brasil e informar como está o sobrepeso e a
obesidade nas crianças menores de 5 anos. “Tem crescido muito esse excesso de
peso e a obesidade, que é um grau mais elevado”, disse o coordenador.
Encaminhamento
Serão
investigados ainda a insegurança alimentar, habilidade culinária doméstica e
alimentação saudável. “É um estudo bastante complexo e completo, que a gente
está planejando há um ano e meio”, disse Kac.
A
coleta de dados para o Enani será feita por 342 equipes no país, sob a
coordenação da Sociedade para o Desenvolvimento da Pesquisa Científica
(Science), integrada por coordenadores aposentados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
A
coleta de sangue será coordenada pelo laboratório Diagnósticos Brasil, com
capilaridade nacional. São parceiros da UFRJ no censo a Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Fundação
Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Os
resultados serão divulgados no próximo ano, mas, segundo Kac, as famílias
poderão ter acesso às conclusões do estudo referentes ao exame de sangue e ao
estado nutricional de antropometria pelo correio ou pela internet. De acordo
com o coordenador do estudo, se houver algum problema relevante, a criança será
encaminhada a uma unidade básica de saúde. (ABr)
Segunda-feira,
18 de março, 2019 ás 06:30
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