O
Congresso Nacional começa a se debruçar nesta semana sobre as três primeiras
medidas provisórias (MPs) assinadas pelo presidente Michel Temer para atender
demandas dos caminhoneiros, que há duas semanas iniciaram uma greve cujos
efeitos ainda não foram completamente estimados.
Fruto
da segunda tentativa de acordo do governo federal com os manifestantes, as
propostas começaram a ter efeito na semana passada, quando a Agência Nacional
de Transportes Terrestres (ANTT) publicou uma tabela com os preços mínimos dos
fretes.
As
MPs 831, 832 e 833 foram assinadas por Temer no último dia 27. O prazo para os
parlamentares apresentarem emendas aos textos acabou nessa segunda-feira (4).
Já
a instalação e a eleição dos presidentes das comissões que vão discutir o tema,
formadas por 13 deputados e 13 senadores, estão marcadas para o início da tarde
de amanhã (6).
Como
se tratam de medidas provisórias, as matérias já têm força de lei, mas precisam
ser referendadas pela Câmara e Senado nos próximos 60 dias, prorrogáveis uma
vez por igual período.
Entenda as MPs
A
primeira medida provisória obriga a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
a reservar até 30% de sua demanda para a contratação de transportadores
autônomos.
Para
isso, a Conab ficará dispensada de promover licitação e deverá contratar
autônomos para transportarem cerca de um terço de sua demanda anual de frete,
desde que o valor cobrado pelos motoristas não exceda o preço praticado nas
tabelas referenciais da companhia.
A
meta é priorizar cooperativas, associações e sindicatos de transportadores
autônomos. Mas caso não haja oferta de serviços suficiente à demanda por
transportes da Conab, a instituição fica livre da regra. De acordo com nota
técnica da consultoria legislativa do Congresso, o texto da MP não causa, a
princípio, efeitos às receitas, nem às despesas da Conab.
A
MP 832 institui a Política de Preços Mínimos para o Transporte Rodoviário de
Cargas. A criação de um preço mínimo que os caminhoneiros poderão cobrar sobre
cada quilômetro de frete realizado foi uma das principais demandas da greve.
Na
última quarta-feira (30), atendendo ao disposto nesta medida provisória, a ANTT
divulgou a tabela com os valores obrigatórios, separando o preço por eixo e de
acordo com a especificidade de cada carga: geral, a granel, frigorificada,
perigosa e neogranel.
Após
a divulgação da primeira tabela, a MP determina que os preços serão reajustados
semestralmente: nos dias 20 de janeiro e de julho de cada ano. Se os
contratantes não cumprirem o preço mínimo, estarão sujeitos a uma multa
equivalente ao dobro do valor estipulado.
Para
definir os preços, a ANTT deverá observar os custos do óleo diesel e dos
pedágios. O processo de escolha dos valores precisa contar com a participação
de representantes das cooperativas de transportes de cargas, das empresas de
transportes e transportadoras autônomas, mas há sugestões de alterações no
texto para que mais entidades sejam ouvidas.
A
MP 833 amplia as normas previstas na chamada Lei dos Caminhoneiros, sancionada
em 2015 no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, justamente em meio a outra
paralisação de caminhoneiros.
A
isenção do pagamento de pedágio para os caminhões e carretas que transitarem
com eixos suspensos já vale há três anos, mas a medida provisória dá maior
abrangência à lei, ampliando-a para estradas estaduais que foram concedidas à
iniciativa privada.
Pedágio gratuito
De
acordo com a MP, o pedágio gratuito sobre veículos de carga que circularem
descarregados deve ser observado em todo território nacional, em vias
terrestres federais, estaduais, distritais e municipais, “inclusive as
concedidas”.
De
acordo com a ANTT, no caso das rodovias federais, as empresas que ganharam
licitação para fazer a manutenção de estradas pelas próximas décadas já
promoveram o reequilíbrio financeiro de seus contratos.
Caso
os caminhoneiros suspendam de modo indevido os eixos dos veículos, estarão
sujeitos a uma multa por infração grave, conforme prevê o Código de Trânsito
Brasileiro.
Tramitação
Além
dessas, outras três medidas provisórias foram encaminhadas pelo governo ao
Congresso para pôr fim à greve, que causou filas em postos de combustíveis e
desabastecimento em algumas cidades brasileiras.
O
acordo para reduzir o preço do óleo diesel em R$ 0,46 nas bombas foi fechado na
segunda rodada de negociações, após os representantes dos caminhoneiros saírem
descontentes das primeiras reuniões feitas com o governo. (ABr)
Terça-feira,
05 de junho, 2018 ás 10:01
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