Sem
alteração do PMPF em todos os estados, a redução que chega no diesel vendido
nos postos do país é de 0,41 centavos por litro
O
presidente da Plural, associação que reúne as principais distribuidoras de
combustível do país, Leonardo Gadotti, afirmou nesta terça-feira que o eventual
uso das Forças Armadas pelo governo para tentar obrigar os postos de gasolina a
praticar o desconto de 46 centavos no litro do diesel seria um grande erro.
Segundo ele, “a Venezuela começou assim”.
O
governo afirmou que os postos de combustíveis são obrigados a repassar o desconto
de 46 centavos referentes ao desconto da Petrobras, isenção da Cide e redução
do PIS-Cofins sobre o diesel. Os postos que não derem o desconto estão sujeitos
a multas de até 9 milhões de reais.
Gadotti
disse que as distribuidoras estão repassando exatamente o desconto recebido na
refinaria da Petrobras, de 30 centavos por litro de diesel. A esse valor são
somados os descontos de impostos do governo federal, totalizando 46 centavos.
No
posto de combustível, entretanto, o desconto cai para 41 centavos, devido à
mistura de 10% do biodiesel, que não recebe o desconto. Gadotti afirmou que nos
postos já está havendo questionamentos, que podem levar ao conflito, e que
também teme sobre a fiscalização que começa a ser feita nos postos para
garantir o desconto.
“Nós
ajudamos o governo durante a crise e agora eles têm que ajudar a gente também,
fazendo um discurso coerente”, disse, afirmando que considera o abastecimento
no momento “totalmente sob controle”.
Impostos estaduais
O
principal empecilho para chegar ao desconto de 46 centavos, segundo Gadotti, é
que a redução nas refinarias incide apenas sobre o diesel puro, enquanto o
diesel vendido nos postos de combustíveis recebe a adição de 10% de biodiesel,
mais caro que o combustível fóssil.
Atualmente,
segundo o executivo, apenas São Paulo e Espírito Santo criaram mecanismos
tributários que tornaram possível o corte integral do preço do produto com
biodiesel, acordado pelo governo federal com os caminhoneiros, como forma de
dar fim à paralisação feita contra os altos preços do combustível.
“Na
bomba, não chega em alguns estados porque é necessário a redução do imposto
estadual. O governo federal, quando lançou o corte, não contou a história
toda”, disse Gadotti.
O
imposto estadual ICMS incidente sobre o preço do diesel C (com 10% de
biodiesel) varia entre os estados e tem como base de cálculo o preço médio
ponderado final (PMPF), cujo valor é publicado a cada quinze dias.
De
acordo com Gadotti, a Plural e suas associadas já estão faturando desde 1º de
junho o litro do diesel puro com desconto concedido pela refinaria, por estado.
No entanto, para o desconto chegar aos 46 centavos, o governo espera que os
Estados baixem o PMPF.
Com
a redução do preço de referência do cálculo do ICMS que incide sobre o diesel
já misturado, é possível que o desconto completo chegue aos consumidores em
geral. Sem a alteração do PMPF de todos os estados, a redução que chega no
diesel vendido nos postos do país, atualmente, em média, é de 0,41 centavos por
litro.
Gadotti
afirmou que o governo está ciente dessa questão, mas que diversas afirmações
públicas têm evitado tratar o tema com clareza. Dessa forma, em sua avaliação,
o governo “está colocando a população contra um negócio enorme, de distribuição
e revenda, que está ajudando o governo” a lidar com o assunto.
(Com
Estadão Conteúdo e Reuters)
Terça-feira,
05 de junho, 2018 ás 18:00
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