Os
senadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) e o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin, devem fechar uma estratégia comum com o objetivo de
levar o vice-presidente Michel Temer à Presidência, segundo apurou o jornal O
Estado de S. Paulo em reportagem publicada domingo(06). Em resposta às últimas
articulações que estão sendo feitas pelo vice, a presidente Dilma Rousseff
afirmou sábado, no Recife, que espera "integral confiança do Michel
Temer". "Tenho certeza de que ele a dará", completou a
presidente. Divididos desde o início da crise que ameaça o mandato da petista,
em março deste ano, os três presidenciáveis tucanos decidiram apoiar - e, em
alguns casos, encorajar - Temer a trabalhar pelo impeachment de Dilma.
Até
meses atrás, apenas Serra era um entusiasta da ideia de ver o peemedebista no
Planalto. Aécio jogava para tirar Temer e a presidente de uma só tacada e
disputar uma nova eleição. Alckmin queria manter Dilma no cargo até 2018,
quando também termina o mandato dele no Palácio dos Bandeirantes.
Por
causa das movimentações de seu vice, Dilma, entretanto, não esconde a
preocupação com o afastamento cada vez maior dele e pediu aos articuladores
políticos do governo que monitorem o PMDB com lupa. Nos bastidores, ministros
avaliam que Temer flerta com o PSDB para assegurar sua ascensão ao poder e vai
lavar as mãos em relação ao processo de impeachment.
O
vice tem conversado há tempos com os tucanos, movimento visto no Planalto como
"conspiração". Com o mote da "pacificação nacional", porém,
Temer circula na oposição e é assíduo interlocutor do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, fato que intriga até mesmo petistas.
A
possibilidade de debandada do PMDB começou a inquietar o governo na
sexta-feira, quando o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), aliado
de Temer, pediu demissão. Desde então, o Planalto redobrou o cuidado na
checagem do índice de fidelidade do principal partido da coligação, que ganhou
sete ministérios há dois meses. Adversário de Dilma, o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pressiona ministros como Henrique Eduardo Alves
(Turismo) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) a entregar os cargos, mas eles
resistem.
No
Palácio dos Bandeirantes, auxiliares do governador de São Paulo dizem que,
dependendo do pêndulo do PMDB e das vozes das ruas, o impeachment pode evoluir
rapidamente. Temer vai se encontrar publicamente com Alckmin nesta terça-feira,
na cerimônia de premiação do grupo de líderes empresariais Lide, presidido por
João Doria Júnior.
Encontro
reservado - Neste sábado, eles participaram juntos de um evento na capital
paulista e tiveram uma conversa em local reservado. A aproximação com
adversários do governo está se estreitando. Na quarta-feira, por exemplo, horas
antes de Cunha aceitar o pedido de impeachment, Temer, que é presidente do
PMDB, foi anfitrião de um almoço com sete senadores de oposição, no Palácio do
Jaburu.
À
mesa foi discutido o afastamento de Dilma. Um senador observou ali que a
presidente não poderia contar nem com Lula e muito menos com o presidente do
PT, Rui Falcão, que orientou os três deputados do partido no Conselho de Ética
a votar contra a anistia a Cunha. A decisão, com o aval de Lula, foi uma aposta
para salvar o PT, desgastado com os escândalos.
Na
prática, parte do PSDB aceita apoiar um eventual governo de transição comandado
por Temer, caso Dilma caia, desde que o vice garanta não disputar a eleição de
2018. Tucanos dizem, porém, que mesmo assim não ocupariam cargos porque isso
seria um "salto no escuro".
Para
garantir uma das oito vagas a que têm direito na comissão especial que decidirá
pela abertura ou não do impeachment da presidente Dilma, deputados do PMDB têm
evitado se posicionar sobre o apoio ou não ao impedimento da petista. A intenção
é transmitir uma imagem de neutralidade e evitar qualquer tipo de censura ou
resistência das alas divergentes do partido.
Diante
da pressão de parlamentares contra e a favor da continuidade do mandato de
Dilma, o líder da legenda, Leonardo Picciani (RJ), só fechará a lista de
indicados no limite para protocolar os nomes, às 14 horas desta segunda-feira.
(Com
Estadão Conteúdo)
Segunda-feira,
07 de dezembro, 2015
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