A
presidente determinou ontem que seus novos ministros da economia deem um jeito
de fazer com que os investimentos aumentem. Ou seja, que as empresas invistam
em novos negócios, construções, equipamentos, máquinas.
Ontem
também saiu o balanço das contas do governo federal até novembro. O
investimento "em obras" caiu 40% em relação a 2014, de R$ 61 bilhões
para R$ 36,3 bilhões. São os investimentos do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). Dilma Rousseff é a "mãe do PAC".
O
investimento das empresas caiu e jogou o país na recessão porque, entre tantos
motivos, o governo cortou gastos "em obras", pois está na pindaíba,
graças à ruína de Dilma 1.
O
deficit nominal até novembro chegou ao equivalente a 1% do PIB, o mesmo valor
que até meados do ano o governo prometia poupar. Caso tivesse gasto "em
obras" o mesmo dinheiro de 2014, o deficit do governo seria 76% maior.
Do
rombo de R$ 34,9 bilhões (em termos reais), R$ 20 bilhões se deveram às
"desonerações" (redução da contribuição previdenciária das empresas,
medida de estímulo econômico de Dilma 1, um desastre).
Outros
R$ 7,5 bilhões se deveram ao dinheiro que o governo doou a empresas. Isto é, do
dinheiro que o governo gasta porque obriga o BNDES a emprestar a empresas a
taxas muito abaixo das cobradas pelo mercado (e por isso é compensado pelo
governo. É o subsídio do chamado "Programa de Sustentação do
Investimento").
Há
mais rolos, mas, no resumo da ópera, Dilma 1 sufoca Dilma 2.
A
arrecadação líquida do governo neste ano caiu R$ 70,6 bilhões (para R$ 1,16
trilhão). Caso não tivesse caído nada, haveria um superavit primário
equivalente a só uns 0,5% do PIB. É pouco para compensar o aumento
escalafobético da dívida pública, um dos grandes motivos da nossa Grande
Recessão.
A
presidente, dizem assessores, pediu ontem a seus economistas que façam algum
superavit primário e ponham a economia para crescer um tico, com algum estímulo
a crédito, como diz o rumor faz um mês. Os governadores, metade quebrados,
pedem dinheiro. Como tirar a meia sem tirar o sapato?
O
presidente do PT, Rui Falcão, sugere logo que se tire a roupa. Ontem, escreveu
assim no site do partido: "Chega de altas de juros e de cortes em
investimentos". O partido diz ter um plano econômico alternativo, com um
impostaço, que será ignorado pela nova equipe econômica.
O
PT quer lavar as mãos do sangue do arrocho que continuará, de um modo ou outro
-é inevitável. Assim, Dilma pode perder as "ruas da esquerda", que
ajudaram a dar-lhe sobrevida.
Dadas
as condições atuais, a economia ainda encolhe pelo menos 2% em 2016. Será graça
dos céus se a receita de impostos não cair de novo. A despesa com juros será
novamente horrenda (o BC deve elevar a taxa básica de juros agora em janeiro).
O governo prevê superavit de pelo menos 0,5% do PIB, mas as previsões gerais
são de deficit, que será tanto menor quanto mais o governo corte seus
investimentos.
Enfim,
note-se que houve deficit brutal mesmo com corte no gasto "social",
aquele que Dilma 2014 jurou jamais fazer: educação, saúde e desenvolvimento
social perderam R$ 13,7 bilhões (o gasto caiu a R$ 145 bilhões).
(Vinicius Torres Freire)
Terça-feira,
29 de dezembro, 2015
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