O
adiamento das eleições municipais para o primeiro fim de semana de dezembro
começa a tomar forma. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
ministro Luís Roberto Barroso, deverá se reunir com especialistas e com os
presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), na próxima semana, para discutir o tema. Esse foi o pedido dos
comandantes das casas legislativas, após um primeiro encontro com o magistrado
no qual conversaram sobre o assunto. A palavra final sobre o adiamento é do
Congresso, pois a data de 1º de outubro para o pleito é uma previsão
constitucional e só pode ser alterada por emenda. Ainda assim, o ministro se mostrou
convencido da necessidade de alterar a data.
Barroso
se reuniu com Maia, Alcolumbre e o vice-presidente do TSE, Luiz Edson Fachin,
na tarde de ontem. O encontro foi a portas fechadas. O presidente da Corte
afirmou aos parlamentares que conversou com epidemiologistas, infectologistas,
sanitaristas, um biólogo e um físico especializado em estatística de pandemia e
que há um consenso sobre a necessidade de postergar a data das eleições. “Todos
os especialistas têm posição de consenso de que vale a pena adiar por algumas
semanas”, enfatizou. Ele destacou, no entanto, que a intenção não é deixar o
pleito para 2021, “porque não muda muito do ponto de vista sanitário”. “Eles
acham que agosto, setembro, a curva pode ser descendente. Endossaríamos,
portanto, a ideia de adiar por algumas semanas”, afirmou.
O
assunto já vinha sendo discutido na Câmara. Em maio, o líder do Podemos na
Casa, deputado Léo Moraes (RO), protocolou um pedido para criar uma comissão
com o objetivo de debater o adiamento das eleições municipais de outubro. O
parlamentar também é autor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) com
essa finalidade. “Estamos a 150 dias das eleições, e o Congresso reluta em
aceitar esse debate”, disse Moraes à época. Em mais de uma ocasião, Maia demonstrou
desconforto com o tema. Chegou a dizer que, na última vez que ocorreram
adiamentos eleitorais, foi durante a ditadura militar, que começou em 1964 e
terminou em 1988.
O
próprio Barroso já tinha recomendado à Câmara que iniciasse um debate sobre a
data das eleições municipais. Assim como o líder do Podemos, o ministro do STF
sugeriu o primeiro fim de semana de dezembro como data-limite. Além do pleito
em si, o debate inclui uma série de outros reagendamentos, como a convenção
partidária e a campanha eleitoral. Outro tema relacionado será a extensão do
horário de votação. Barroso sugeriu que seja ampliado para 12 horas, com
campanhas educativas para que os colégios eleitorais recebam eleitores de
faixas etárias diferentes em horários específicos.
O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que quer decidir com os
líderes do Congresso, ainda neste mês, sobre adiar ou não as eleições
municipais. “Que a gente decida até o final de junho e, a partir daí, possa
aprovar uma emenda constitucional”, afirmou à CNN. Ele voltou a dizer que há
consenso sobre adiar a data das eleições e não se prorrogar mandatos.
“Precisamos respeitar o resultado das urnas que garantiu o mandato de quatro
anos aos prefeitos e vereadores. Isso é um consenso, pelo menos do que ouço dos
líderes da Câmara. ”
O
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa a julgar, hoje, ações que pedem a
cassação da chapa que elegeu o presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton
Mourão, em 2018. As duas primeiras a entrar na pauta tratam sobre ataques
cibernéticos a um grupo de Facebook que teria favorecido Bolsonaro. A avaliação
na Corte eleitoral, porém, é a de que esses questionamentos têm pouca chance de
ir adiante, mas ainda há outras ações na lista para serem julgadas que
preocupam mais o Planalto, como as que tratam de disparos de mensagens em massa
pelo WhatsApp. Nas duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral previstas para
ir a julgamento hoje, os então candidatos Marina Silva (Rede) e Guilherme
Boulos (PSol) alegam que, durante a campanha, em setembro de 2018, o grupo virtual
“Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, que reunia mais de 2,7 milhões de pessoas,
sofreu ataque virtual que alterou o conteúdo da página. As interferências
atingiram o visual e o nome do grupo, que passou ser chamado de “Mulheres com
Bolsonaro #17”. O então candidato do PSL compartilhou a imagem alterada,
agradecendo o apoio. O relator do caso no TSE, ministro Og Fernandes, já votou
contra os pedidos, em novembro do ano passado, mas o ministro Edson Fachin
pediu vista.
*Correio
Brasiliense
Terça-feira,
09 de junho, 2020 ás 9:00
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