O
ex-ministro da Justiça Sergio Moro negou, em entrevista publicada na
quinta-feira (21/05) pela revista Time, que tivesse a intenção de prejudicar o
governo de Jair Bolsonaro quando deu a entrevista coletiva na qual justificou
seu pedido de demissão.
“Não
era minha intenção prejudicar o governo. Mas eu não me sentiria confortável com
minha consciência se não explicasse por que eu estava saindo”, afirmou Moro à
publicação norte-americana.
Ao
sair, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia
Federal, abrindo uma grande crise no governo e tornando o presidente alvo de um
inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
O
ex-juiz da Operação Lava-Jato disse ainda que não entrou no governo “para
servir a um mestre”. “Entrei para servir ao país, à lei”, disse. A frase foi
postada por Moro no Twitter ao compartilhar o link para a entrevista.
As
acusações são alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), cuja
relatoria está com o ministro Celso de Mello. Na entrevista, Moro é questionado
sobre a gestão do governo federal diante da pandemia do novo coronavírus, que
já é o terceiro país com mais casos da Covid-19, e afirmou que se sentia
“desconfortável” em fazer parte de um governo que não leva o vírus à sério.
“Mas meu foco está no estado de direito”, disse à publicação.
A
revista relembra os anos de Moro à frente dos julgamentos da Operação Lava Jato
como juiz federal da 13ª Vara de Curitiba, no Paraná, e a condenação proferida
por ele ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2017.
Ao
ser questionado sobre a noção de corrupção do atual governo, Moro responde que
“é difícil avaliar” e que o desejo da população brasileira em manter a
democracia “continua, apesar das circunstâncias do momento”.
“O
Brasil é uma democracia firme. Suas instituições às vezes sofrem alguns
ataques, mas estão funcionando. E há uma percepção crescente na opinião pública
de que precisamos fortalecer os pilares da nossa democracia, incluindo o Estado
de Direito. Esses desejos continuam, apesar das circunstâncias do momento”,
disse.
Ao
detalhar os motivos de sua saída, Moro afirmou que Bolsonaro queria nomear
Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da PF sem motivos; a alegação levou o
ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, a suspender a nomeação de Ramagem.
O
ministro Celso de Mello deve decidir pela publicidade total ou parcial do vídeo
de uma reunião interministerial realizada no dia 22 de abril, que tem sido
apontada pelo ex-ministro como uma das principais provas da tentativa de
interferência na PF, até esta sexta-feira.
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Correio Brasiliense
Sexta-feira,
22 de maio, 2020 ás 10:30
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