O
capitão cloroquina comemorou sábado (23/05), na porta do Palácio da Alvorada,
os testemunhos de pessoas que afirmam ter sido curadas da Covid-19 após uso de
cloroquina. Apoiadores pagos estavam no cercadinho carregando um cartaz fazendo
propaganda do medicamento.
Ele
se negou a responder perguntas da imprensa, um dia após o vídeo de reunião do
governo ser divulgado onde Bolsonaro fala sobre interferência nos ministérios.
Em rápida conversa com a imprensa, o presidente disse que “toma quem quer” a
droga, mas que hoje ela é a única possibilidade de cura, embora não haja
comprovação científica. Sem apresentar números e a origem da informação,
Bolsonaro disse que “muitas pessoas foram curadas” pelo medicamento.
Ao
se negar a responder aos questionamentos de repórteres, disse que falaria
apenas com os cinegrafistas presentes na porta da residência oficial. Diante da
reclamação dos profissionais de imagem sobre agressões de apoiadores do
governo, Bolsonaro respondeu: “Faço um apelo para ninguém agredir a imprensa”.
O
presidente também ouviu agradecimentos de apoiadores que consideram que ele
“defendeu a família dele” durante a reunião ministerial do dia 22 de abril,
cuja gravação foi divulgada ontem após decisão do Supremo Tribunal Federal.
Também
sábado, Bolsonaro foi recebido com gritos de apoio e manifestações de protesto,
na parte da tarde, em uma quadra residencial da Asa Sul, região central de
Brasília. Ele foi visitar o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo
Ramos. Os dois foram a padaria comprar pães e fizeram um lanche no apartamento
de Ramos, onde Bolsonaro permaneceu durante uma hora e meia aproximadamente.
A
aliados, o presidente repetiu, neste sábado, que ministros “escapam”, ao tratar
da repercussão do vídeo da reunião ministerial. Ele recebeu as deputadas Carla
Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) e mais cinco youtubers pela manhã no
Alvorada.
Ao
descer do prédio, Bolsonaro cumprimentou e tirou fotos com alguns apoiadores,
mas abreviou o contato após ouvir batidas de panela e gritos de protesto.
Alguns dos manifestantes se aproximaram do presidente, obrigando a equipe de
segurança a reforçar barreira em seu entorno. Ele usava máscara, obrigatória no
Distrito Federal.
Após
a visita ao ministro, Bolsonaro se deslocou para o setor Sudoeste, uma área de
Brasília, para visitar o filho Jair Renan, a quem chama de “04”. Bolsonaro
parou para comer um cachorro-quente, já de noite, em um trailer, na Asa Norte,
também região central de Brasília. De novo, ouviu gritos de apoio e de
protesto. Fez o lanche do lado de fora do trailer, após questionar se podia
comer no local.
Em
poucos minutos, a presença do presidente gerou aglomeração em torno do trailer.
Apoiadores se aproximaram com gritos de “mito” e “tá reeleito”. Das janelas de
prédios, outras pessoas batiam panelas e o chamavam de “genocida”.
*O Globo
Domingo, 24 de maio,
2020 ás 11:00
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