O
inquérito contra o ex-ministro Sérgio foi aberto no Supremo Tribunal Federal a
pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, que atendeu determinação
expressa do presidente Jair. Revoltado com o pronunciamento de Moro na televisão,
dias 23 de abril, o chefe do governo exigiu urgência a Aras, que teve de criar
uma força-tarefa na Procuradoria, para encaminhar a petição ao STF no mesmo
dia.
Bolsonaro
afirmou a Aras que o ainda ministro Sérgio Moro era um mentiroso vulgar e seria
facilmente desmentido com provas materiais e testemunhas. O procurador-geral
então caprichou na dose e pediu ao STF que Moro fosse enquadrado por
denunciação caluniosa e mais seis crimes conexos.
O ministro Celso de Mello foi escolhido
relator e mandou a Polícia Federal iniciar o inquérito. Nos primeiros dias,
Bolsonaro dava seguidas entrevistas ironizando as acusações de Moro, que eram
baseadas em fatos acontecidos na reunião ministerial do dia 22 de abril, quando
o presidente da República voltou a ameaçá-lo de demissão, caso não substituísse
o diretor-geral da PF e o superintendente do Rio de Janeiro.
Bolsonaro
fazia frases de impacto, dizia que em nenhum momento da reunião pronunciara as
expressões Polícia Federal e Superintendência. Mas o relator solicitou o vídeo
da reunião e as coisas começaram a mudar.
O
Planalto ficou embromando e levou uma semana para entregar a gravação, que o
relator Celso de Mello somente vai assistir nesta segunda-feira, quando poderá
conferir as principais cenas com as transcrições que recebeu da Polícia Federal
(completa) e da Advocacia-Geral da União (apenas trechos, selecionados de forma
a não incriminar Bolsonaro).
O jogo foi virando e o Planalto teve de
alterar a estratégia. Ao invés de acusar Moro, passou a tumultuar a
investigação, “interpretando” as falas de Bolsonaro na reunião, para dar a
entender que ele não ameaçara demitir o ministro da Justiça.
E
assim o inquérito mudou de figura. Ao invés de serem investigados os supostos
sete crimes cometidos por Moro, o presidente Bolsonaro é que passou a ter de se
defender. E não está conseguindo.
Na
sexta-feira, dia 15, a situação se complicou com a extensa reportagem da TV
Globo focalizando as mentiras de Bolsonaro. A cada falsa afirmação dele, o
Jornal Nacional exibia uma prova de que não correspondia à verdade.
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P.S.
1 – Desde sábado o Planalto está “vazando” informações de que o presidente está
sendo atingido politicamente, porém não há provas de que cometeu crimes, o que
levaria o procurador-geral Aras a pedir arquivamento do inquérito. Mas isso é
“menas” verdade, como diria Lula da Silva.
P.S.
2 – Em tradução simultânea, está acontecendo o seguinte: o Planalto está
pressionando o procurador a pedir o arquivamento, para que o presidente não
seja incurso numa série de crimes, que ficarão claramente tipificados quando o
relator Celso de Mello assistir ao vídeo completo, sem cortes. Ou seja, o
inquérito era contra Moro, mas agora é contra Bolsonaro. (C.N.)
*Tribuna
da Internet online
Segunda-feira,
18 de maio, 2020 ás 7:00
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