Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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22 maio, 2020

“NÃO ENTREI NO GOVERNO PARA SERVIR A UM MESTRE, MAS AO PAÍS”


O ex-ministro da Justiça Sergio Moro negou, em entrevista publicada na quinta-feira (21/05) pela revista Time, que tivesse a intenção de prejudicar o governo de Jair Bolsonaro quando deu a entrevista coletiva na qual justificou seu pedido de demissão.

“Não era minha intenção prejudicar o governo. Mas eu não me sentiria confortável com minha consciência se não explicasse por que eu estava saindo”, afirmou Moro à publicação norte-americana.

Ao sair, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal, abrindo uma grande crise no governo e tornando o presidente alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-juiz da Operação Lava-Jato disse ainda que não entrou no governo “para servir a um mestre”. “Entrei para servir ao país, à lei”, disse. A frase foi postada por Moro no Twitter ao compartilhar o link para a entrevista.

As acusações são alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), cuja relatoria está com o ministro Celso de Mello. Na entrevista, Moro é questionado sobre a gestão do governo federal diante da pandemia do novo coronavírus, que já é o terceiro país com mais casos da Covid-19, e afirmou que se sentia “desconfortável” em fazer parte de um governo que não leva o vírus à sério. “Mas meu foco está no estado de direito”, disse à publicação.

A revista relembra os anos de Moro à frente dos julgamentos da Operação Lava Jato como juiz federal da 13ª Vara de Curitiba, no Paraná, e a condenação proferida por ele ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2017.

Ao ser questionado sobre a noção de corrupção do atual governo, Moro responde que “é difícil avaliar” e que o desejo da população brasileira em manter a democracia “continua, apesar das circunstâncias do momento”.

“O Brasil é uma democracia firme. Suas instituições às vezes sofrem alguns ataques, mas estão funcionando. E há uma percepção crescente na opinião pública de que precisamos fortalecer os pilares da nossa democracia, incluindo o Estado de Direito. Esses desejos continuam, apesar das circunstâncias do momento”, disse.

Ao detalhar os motivos de sua saída, Moro afirmou que Bolsonaro queria nomear Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da PF sem motivos; a alegação levou o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, a suspender a nomeação de Ramagem.

O ministro Celso de Mello deve decidir pela publicidade total ou parcial do vídeo de uma reunião interministerial realizada no dia 22 de abril, que tem sido apontada pelo ex-ministro como uma das principais provas da tentativa de interferência na PF, até esta sexta-feira.
* Correio Brasiliense

Sexta-feira, 22 de maio, 2020 ás 10:30

16 maio, 2020

GOVERNO COMPLETA 500 DIAS DE GESTÃO SEM MOTIVO PARA CELEBRAÇÕES



No dia em que o governo de Cristionario perdeu seu segundo ministro da Saúde em meio à pandemia, com a demissão de Nelson Teich, uma coletiva com quatro ministros marcou os 500 dias da gestão. O presidente não participou e a saída do chefe da Saúde foi tratada como algo natural, justificada por “questões de foro íntimo” por Walter Braga Netto, da Casa Civil.

“O ministro Teich saiu por questões de foro íntimo. Teve conversa amigável com presidente, com ministros. O presidente não ignora a Ciência, segue protocolos. Ele tem uma visão diferente sobre protocolo a ser seguido”, disse Braga Netto.

Ministro da Economia, Paulo Guedes disse que anormal seria o presidente sair por discordâncias com ministro, não o contrário. “O ideal para nós é que houvesse uma completa harmonia, mas isso não é a vida real. Há disputas políticas, pandemia, todo tipo de coisa. Quem tem voto é o presidente. As vezes há diferenças de opinião muito fortes. Se o presidente tem uma orientação e o ministro tem outra, quem sai é o ministro. Anormal seria o presidente sair porque o ministro quer fazer alguma coisa. ”

Além dos dois, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) também falaram que a pandemia não permite comemorações, defenderam Bolsonaro e fizeram alertas de que o impacto econômico da pandemia pode piorar a situação do País.

O protocolo do uso da cloroquina no tratamento da covid-19, motivo apontado como decisivo para a saída de Teich, foi citado por Braga Netto. “A cloroquina já tem protocolo para casos graves e está sendo estudado pelo Ministério da Saúde o uso nas primeiras manifestações de doença. Aguardamos este protocolo do Ministério da Saúde”.

Apesar do que disse o ministro, o Estadão noticiou que o chefe interino do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello, deve assinar o novo protocolo da pasta que libera o uso da cloroquina até mesmo em pacientes com sintomas leves por determinação do presidente.

Damaris disse que Teich deixou o novo protocolo da cloroquina pronto no Ministério da Saúde. “Ele deixou pronto o protocolo. É sinal que ele não era contra”.

“Por decisão do presidente, não é momento para comemorar. É hora de refletir, prestar condolências às famílias enlutadas”, disse Ramos. Damaris afirmou que, antes da pandemia, a equipe sonhava com uma grande celebração dos 500 dias de governo.

“Seria uma grande festa no Planalto. Sonhamos com a celebração. Hoje estamos aqui em quatro ministros porque fomos surpreendidos pela pandemia. Podemos estar tristes, mas estamos aqui para dizer que estamos fazendo muito. Nosso povo está sendo cuidado. Não temos muito o que celebrar, mas teremos os mil dias e a celebração será maior. ”

Guedes pediu uma trégua às críticas ao governo e a Bolsonaro. “Pelo bem do País seria importante que o esforço de transformação que Bolsonaro representa seja respeitado. Faltam dois anos e poucos meses até a próxima eleição. A democracia é vibrante, surpreendeu o mundo. ”

Ele disse que, se do ponto de vista da saúde o isolamento social é necessário, na economia é preciso estar “de mãos dadas”. “O isolamento social protege vidas, mas o isolamento econômico ameaça vidas. No ponto de vista da saúde tem que estar afastados, no ponto de vista econômico, precisamos estar abraçados”, afirmou.

Sem citar nomes, o ministro da Economia ainda disse que, em sua avaliação, a população vai punir quem tenta se fortalecer politicamente com as mortes do coronavírus.

“A população vai punir quem usar cadáveres como palanques”. Ele também criticou a possibilidade de aumento salarial do funcionalismo público em meio à pandemia. “Enquanto o Brasil está de joelhos, tentando se defender, não assaltem o Brasil. Estou pedindo uma contribuição. ”

Na quinta-feira, depois de o Congresso aprovar projeto do governo que autoriza reajustes às polícias do Distrito Federal, o presidente disse que “não tem cabimento” o funcionalismo querer aumento salarial no momento em que o “Brasil está quebrando” e há risco até mesmo de faltar dinheiro para os pagamentos em decorrência da crise econômica causada pela pandemia. 

Ele disse que pretende discutir com governadores e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), o veto ao trecho do projeto que congela o reajuste de servidores públicos até 2021.

*Estadão

Sábado, 16 de maio, 2020 ás 10:00