A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse quarta-feira (17/07) que vê
com preocupação a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Dias Toffoli, que suspendeu investigações com dados do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Receita Federal, sem autorização
judicial.
Em
nota divulgada à imprensa, Dodge disse que determinou a análise do impacto da
decisão para evitar qualquer ameaça às investigações em curso no país. Segundo
a procuradora, está sendo analisada uma decisão do STF, tomada em 2016, quando
a Corte considerou constitucional o envio de dados do Coaf ao Ministério
Público. Para a PGR, o julgamento tratou da questão do repasse de dados ao MP.
No entanto, no dia 24 de fevereiro daquele ano, por 9 votos a 2, os ministros
validaram o repasse dados de contribuintes que estão em poder dos bancos para a
Receita Federal, sem passar pelo Judiciário. O repasse da Receita ou do Coaf ao
MP não constou na decisão.
Mais
cedo, a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, São Paulo e Rio de
Janeiro disseram que a decisão de Toffoli terá impacto em "muitos
casos" que apuram corrupção e lavagem de dinheiro.
Em
nota conjunta divulgada à imprensa, os procuradores do MPF afirmam que, ao
longo de cinco anos, as forças-tarefas receberam diversas informações de
indícios de crimes. Segundo os procuradores, o compartilhamento de informações
sobre supostas atividades criminosas é dever dos órgãos que utilizam dados
bancários e fiscais dos contribuintes.
Com
a decisão de Toffoli, as investigações que estão em andamento em todo o país só
poderão ser retomadas após o plenário da Corte decidir sobre a
constitucionalidade do compartilhamento, com o Ministério Público, de dados
sigilosos de pessoas investigadas. O julgamento da questão deve ocorrer em
novembro.
A
liminar do ministro atinge todos os inquéritos e procedimentos de investigação
criminal (PIC), apuração interna do MP, que tramitam no Ministério Público
Federal (MPF), além dos estaduais, em que não houve prévia decisão judicial
para repasse dos dados pela Receita, Coaf e Banco Central. (ABr)
Quarta-feira,
17 de julho, 2019 ás 20:00
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