Jucá
levou R$2 milhões, Gurgacz R$1,5 milhão, Lucio Vieira Lima R$1,5 milhão...
Mesmo
réus no Supremo Tribunal Federal (STF), candidatos de diversos partidos receberam
verbas do fundo eleitoral, composto por dinheiro público, para financiarem as
campanhas para as eleições deste ano. Ao todo, são 17 candidatos nesta
situação. A soma de repasses chega a R$ 23,5 milhões.
Somente
a “candidatura” do ex-presidente Lula recebeu R$20 milhões do fundo eleitoral
público, apesar de condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e, desde
abril, cumprindo sentença de 12 anos e 1 mês de prisão, no caso do tríplex no
Guarujá, no litoral de São Paulo.
O
senador do PDT de Rondônia Acir Gurgacz é um deles. Condenado à prisão por
crimes contra o sistema financeiro em fevereiro e sujeito à Lei da Ficha Limpa,
Gurgacz recebeu R$ 1 milhão da sua sigla para a campanha ao governo do estado.
Na última quinta (25/9), o Supremo determinou que ele começasse a cumprir a
pena de quatro anos e meio de prisão.
Até
então, Gurgacz aparecia em segundo lugar na corrida ao governo em pesquisas de
intenção de voto. A Pesquisa Ibope divulgada no dia 17 de setembro encomendada
pela Rede Amazônica mostrava o candidato pedetista tinha 14% das intenções de
voto, atrás apenas de Expedito Júnior (PSDB), que tinha 32%. O registro da
pesquisa no Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia é RO-00295/2018; e no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-05366/2018.
O
deputado federal João Rodrigues (PSD-SC) foi condenado a cinco anos e três
meses de prisão por dispensa irregular e fraude a licitação e já cumpre a pena
em regime semiaberto, de acordo com decisão do STF. Mesmo assim, o PSD destinou
R$ 200 mil do fundo eleitoral para a campanha de Rodrigues.
Condenado
em 2016 a dois anos e oito meses de prisão por irregularidades quando prefeito
de Macapá, o deputado federal Roberto Góes se candidatou à reeleição este ano e
recebeu R$ 500 mil em recursos do fundo eleitoral da direção nacional
pedetista.
Lúcio
Vieira Lima (MDB), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima e réu na ação sobre
os R$ 51 milhões achados em um apartamento de Salvador ligado a Geddel, recebeu
R$ 1,5 milhão da direção nacional do seu partido. Na campanha, Lúcio Vieira
Lima adota apenas “Lúcio”, omitindo o sobrenome ligado a casos de corrupção.
Um
dos maiores repasses foi para o líder do governo Michel Temer no Congresso,
André Moura (SE), que recebeu R$ 2,5 milhões do seu partido, o PSC. Outros
beneficiários réus no Supremo são Aníbal Gomes (DEM-CE), que recebeu R$ 890
mil; Romero Jucá (MDB-RR), com R$ 2 milhões; e Vander Loubet (PT-MS), com R$
730 mil.
Outros
réus financiados
Alberto
Fraga (DEM)
Cargo
Candidato
a governador no DF
Quanto
recebeu de verba pública
R$
2,45 milhões do DEM e R$ 1,4 milhão do Partido da República
Ação
no STF
Suspeita
de pagar empregada doméstica com dinheiro público
Defesa
Nega
que tenha cometido irregularidade
André
Moura (PSC)
Cargo
Candidato
a senador em Sergipe
Quanto
recebeu de verba pública”R$ 2,5 milhões da direção do partido
Ação
no STF
Suspeitas
de apropriação e desvio de bens públicos em Sergipe
Nega
e diz que não há provas que cometeu crime
Valdir
Raupp (MDB)
Cargo
Candidato
a senador em Rondônia
Quanto
recebeu de verba pública
R$
2,3 milhões da direção do partido
Ação
no STF
Acusado
de corrupção e lavagem em caso da Lava Jato
Defesa
Nega
crime e diz que o caso trata de doação legal de campanha
Romero
Jucá (MDB)
Cargo
Candidato
a senador em Roraima
Quanto
recebeu de verba pública
R$
2 milhões
Ação
no STF
Suspeita
de propina para beneficiar a Odebrecht
Defesa
Nega
e afirma que o senador agiu dentro da lei em sua atuação no Senado
Alfredo
Kaefer (PP)
Cargo
Candidato
a deputado federal no Paraná
Quanto
recebeu de verba pública
R$
1,52 milhão da direção do partido
Ação
no STF
Caso
sob segredo de Justiça
‘Direito
de defesa’
O
presidente nacional do PDT, Carlos Tupi, disse que o partido não prejulga
ninguém e que o financiamento de deputados que tentam a reeleição ou a
candidatos a governador foi definido pela cúpula do partido, em repasses de
volumes equivalentes.
Sobre
Acir Gurgacz, diz que o caso não envolvia recursos públicos e que o candidato
tem o direito de se defender.
“Não
muda nada na relação com ele, não. Até porque, senão, a gente vira tribunal de inquisição.
”
O
PSD, partido do deputado João Rodrigues, disse que “os repasses aos candidatos
são realizados pelas instâncias partidárias, que têm autonomia decisória, e
seguem a legislação vigente”.
A
direção do MDB disse que a distribuição do fundo para congressistas que tentam
reeleição foi aprovada pela executiva do partido e detalhada em resolução.
O
comando do partido diz que só deixaria de repassar o fundo para candidatos
barrados na Justiça Eleitoral, como o caso do deputado federal Celso Jacob
(MDB-RJ), que ficou conhecido por exercer o mandato enquanto cumpria prisão no
regime semiaberto.
Procurado,
o PT afirmou apenas que “aplica os recursos do fundo dentro da lei”. (DP)
Segunda-feira,
01 de outubro, 2018 ás 10:00
Nenhum comentário:
Postar um comentário