Enquanto
nacionalmente a eleição consolidou a polarização entre petistas e antipetistas,
no âmbito dos estados, a disputa eleitoral deve ser marcada por uma forte
fragmentação e pela tendência de renovação dos grupos que atualmente comandam
governos estaduais.
Em
16 estados e no DF, os grupos liderados ou que têm o apoio dos atuais
governadores tendem a ser derrotados no primeiro ou no segundo turno, segundo
pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas neste sábado (6).
Ao
todo, são 12 governadores que tentam a reeleição na berlinda, além cinco
candidatos apoiados pelos atuais governadores.
Entre
os que tentam a reeleição, Suely Campos (PP-RR) e Robinson Faria (PSD-RN) são
os que enfrentam o pior cenário –aparecem em terceiro lugar nas pesquisas e
devem ser derrotados já no primeiro turno.
Outros
sete governadores podem ter o mesmo caminho: Márcio França (PSB-SP), Rodrigo
Rollemberg (PSB-DF), Pedro Taques (PSDB-MT), Waldez Góes (PDT-AP) e até mesmo
Fernando Pimentel (PT-MG) ainda lutam por uma vaga para disputar o segundo
turno.
Cida
Borghetti (PP-PR) e José Eliton (PSDB-GO) – ambos governadores que assumiram a
gestão em abril, com a renúncia dos titulares – caminham para a derrota já no
primeiro turno, segundo as pesquisas.
Em
estados como Rio Grande do Sul, Sergipe e Amazonas, a tendência que os
governadores José Ivo Sartori (MDB-RS), Belivaldo Chagas (PSD-SE) e Amazonino
Mendes (PDT-AM) disputem o segundo turno em cenário adverso.
Mudanças sem rupturas
Na
maioria dos estados, a mudança dos grupos políticos não necessariamente
significará uma ruptura em relação ao governo anterior.
É
o caso, por exemplo, do Paraná, onde Ratinho Júnior (PSD) deve vencer no
primeiro turno. Até o ano passado ele era aliado do governador Beto Richa e da
vice Cida Borgetthi, que hoje é sua principal adversária na disputa pelo
governo.
Cenários
semelhantes se desenham no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde candidatos
que até o ano passado eram aliados devem disputar entre si o segundo turno.
Em
estados como Goiás e Pará, a troca de guarda deve acontecer entre candidatos
que são adversários locais, mas que tem histórico de alianças nacionalmente.
Em
Goiás, o senador Ronaldo Caiado (DEM) deve dar fim a um período de 20 anos de
governos ligados ao grupo do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). No Pará, o
MDB deve voltar ao governo depois de 24 anos com a provável vitória de Helder
Barbalho.
Para
o cientista político Paulo Fábio Dantas Neto, professor da UFBA (Universidade
Federal da Bahia), a eleição nos estados será marcada pela fragmentação
partidária e pela menor influência da máquina do governo federal.
Ele
também cita o fato de a aliança formada em torno do presidente Michel Temer
(MDB) após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) não ter
conseguido transformar-se em um eixo estruturado da política nacional.
“Tradicionalmente,
esse eixo de poder que se forma em torno do governo federal tem uma força
enorme nas eleições estaduais. Mas este ano faltou sustentação política, o presidente
não conseguiu ser essa figura aglutinadora enquanto liderança pessoal” diz.
Minoria tende a manter
grupos
Na
contramão da maioria das unidades da federação, em dez estados a tendência é de
continuidade dos atuais grupos políticos. Sete deles estão na região Nordeste,
que deve se firmar como o principal enclave da centro-esquerda no país a partir
de 2019.
Amparados
pela popularidade do PT na região, os governadores petistas Camilo Santana
(CE), Rui Costa (BA) e Wellington Dias (PI) devem ser reeleitos com relativa
facilidade.
Também
devem garantir um novo mandato já no primeiro turno Renan Filho (MDB-AL),
Flávio Dino (PCdoB-MA) e Paulo Câmara (PSB-PE), todos apoiados pelo PT.
Na
Paraíba, o candidato João Azevedo (PSB), apoiado pelo governador Ricardo
Coutinho (PSB), lidera em intenção de votos e é favorito, mas ainda deve
enfrentar um segundo turno.
Para
Paulo Fábio Dantas Neto, além do prestígio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, a manutenção das alianças foi um fator crucial para a tendência de
reeleição dos governadores no Nordeste.
Governadores
como Rui Costa, Camilo Santana, Flávio Dino e Wellington Dias entraram na
campanha ancorados por grandes alianças e apoio de partidos que apoiaram o
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Dos
nove estados nordestinos, os governadores Robinson Faria (PSD-RN) e Belivaldo
Chagas (PSD-SE) são os únicos que enfrentam maior dificuldade.
Ambos
têm em comum o fato de seus respectivos estados terem sido fortemente
impactados pela crise financeira, resultando em problemas na prestação de
serviços públicos e atraso temporário do pagamento de salários a servidores.
Fora
do Nordeste, Mato Grosso do Sul e Tocantins estão entre os estados que devem
reeleger seus governadores. No Rio, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que tem o
apoio do MDB do governador Luiz Fernando Pezão, também é favorito, mas deve
enfrentar o senador Romário (Pode) no segundo turno.
(Folhapress)
Sábado,
06 de outubro, 2018 ás 18:00
Nenhum comentário:
Postar um comentário