O procurador da República Deltan
Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, afirmou nesta
quinta-feira (15), que "é natural que pessoas investigadas reajam" -
numa referência aos ataques do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
denunciado quarta (14), por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex
do Guarujá, que o petista nega ser dono.
Além de Lula, a mulher dele, Marisa
Letícia, e outros seis investigados são alvo da acusação por suposto
envolvimento no esquema Petrobras de propinas.
"É natural que essas pessoas
investigadas reajam. E quando essas pessoas são poderosas econômica e
politicamente as reações tomam vulto. Não nos surpreendemos, encaramos com
naturalidade", disse Deltan, durante o evento 'Democracia' realizado na
tarde desta quinta-feira, em Curitiba, base da força-tarefa da Lava Jato.
O procurador falou sobre o projeto 10
Medidas contra a Corrupção, iniciativa do Ministério Público Federal que Deltan
defende vigorosamente.
Na quarta (14), o procurador
classificou Lula de "comandante máximo do esquema de corrupção"
instalado na Petrobras.
Ele e outros procuradores da
força-tarefa deram entrevista coletiva a dezenas de jornalistas, inclusive do
exterior, com uso de power point - expediente que rendeu críticas de aliados de
Lula nas redes.
Deltan relembrou que esse modo de
divulgação da acusação contra investigados já foi adotado em outros
"momentos decisivos e transformadores da Lava Jato", ao longo de seus
dois anos e meio de existência.
Sobre os questionamentos que tem
ouvido e lido de que não teria apontado provas contra o petista, o procurador
reportou-se à sétima fase, deflagrada em novembro de 2014, que levou para a
cadeia o primeiro grupo de empreiteiros acusados de liderar o cartel que
corrompia agentes públicos e políticos. E lembrou, ainda, da 14.ª etapa, Erga
Omnes, em junho de 2015, que alcançou a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, as
duas maiores construtoras do País.
"Na 14.ª fase chegamos a duas das
maiores empreiteiras. No mesmo dia uma dessas empresas fez uma (entrevista)
coletiva afirmando que não tínhamos mais do que indícios e presunções",
disse Deltan, numa alusão direta à estratégia de defesa de Lula que questiona o
rol probatório da Lava Jato na denúncia contra o ex-presidente.
"Falamos em presunções, embora
tivéssemos provas que consistiam nos depósitos pelas empreiteiras no exterior
nas contas de funcionários públicos corrompidos", destacou Deltan
Dallagnol.
"Os próprios agentes alvos de
corrupção vieram a confirmar que o dinheiro nas contas era oriundo de
propinas", disse o procurador.
Ele reafirmou que o diagnóstico da
Lava Jato é "perturbador".
Segundo o procurador, o esquema
"mostrou-se muito mais amplo, envolvendo outras estatais como a Eletrobrás
e o Ministério do Planejamento".
Ele rechaçou argumento reiterado de
aliados de Lula sobre uma suposta motivação político-partidária da acusação.
Disse que mais de trezentos investigadores estão mobilizados para as
investigações.
"Somos treze procuradores,
cinquenta técnicos do Ministério Público Federal, quarenta auditores da Receita
e equipes numerosas da Polícia Federal, todos concursados e sem qualquer
histórico de vida político-partidária. Todos fazem parte dessa
'conspiração'?"
"A corrupção é enraizada e histórica no Brasil."
"A corrupção não está vinculada a
um partido A ou partido B, a um governo A ou um governo B."
"As pessoas podem questionar por
que não denunciamos os crimes anteriores aos governos do PT. Porque os crimes
prescreveram, demoramos muito para descobrir isso (a corrupção sistêmica no
governo)."
No início de sua palestra, Deltan
arrancou aplausos e gargalhadas da plateia, ao ironizar a repercussão sobre o
uso de power point na coletiva da quarta-feira, quando foi anunciada a denúncia
formal contra Lula.
"Vou decepcionar vocês porque não
vou falar (sobre a denúncia), nem vou usar nenhum slide aqui."
(Claudio Umberto)
Sábado, 17 de setembro, 2016
MORO DEVE
DECIDIR SE ACEITA A DENÚNCIA CONTRA LULA NA SEGUNDA
A denúncia apresentada pelo Ministério
Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está
com o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal, em Curitiba. Moro tem até
cinco dias para decidir se acata a denúncia dos procuradores que integram a
força-tarefa do MPF na Operação Lava Jato. A assessoria de imprensa da Justiça
Federal do Paraná informou que o despacho com a decisão deverá ser publicado na
próxima segunda-feira (19).
Caso a denúncia seja acolhida por
Moro, Lula se tornará réu no processo, bem como os outros denunciados: a mulher
do ex-presidente, Marisa Letícia da Silva; o presidente do Instituto Lula,
Paulo Okamoto; o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro; e quatro pessoas ligadas à
empreiteira, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Paulo Roberto Valente
Gordilho, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira.
Denúncia
Apesar de o MPF acusar o ex-presidente
de chefiar o esquema de corrupção identificado na Lava Jato, Lula não está
sendo denunciado por formação de quadrilha. Os 13 procuradores da República que
assinam o texto afirmam que a denúncia é por corrupção e lavagem de dinheiro.
O capítulo que trata disso ocupa mais
de 40 das 149 páginas do documento. Nesse trecho, os procuradores dizem que o
governo de Lula foi viável apenas por meio de “um esquema criminoso” envolvendo
a compra de parlamentares com propina e distribuição de cargos públicos. De
acordo com o texto, as irregularidades apontadas no mensalão e pela Lava Jato
são “faces da mesma moeda” e têm como vértice o ex-presidente.
Em outras 40 páginas, os procuradores
detalham as acusações direcionadas a Lula, Léo Pinheiro e Agenor Medeiros pelo
crime de corrupção. Eles afirmam que o ex-presidente agiu de modo a facilitar
contratos entre a Petrobras e os consórcios Conpar e Conest, dos quais a OAS
fazia parte, para a realização de obras nas refinarias Repar e Rnest entre 2006
e 2012. Segundo a denúncia, o consórcio
garantiu o contrato com o pagamento de propina a diversos beneficiários,
inclusive o ex-presidente.
O segundo crime denunciado pelo MPF,
lavagem de dinheiro, ocupa quase 50 páginas do documento e está dividido em
dois momentos. O primeiro trata do triplex no Condomínio Solaris, em Guarujá,
no litoral paulista. Os procuradores afirmam que o imóvel foi adquirido,
reformado e decorado pela OAS em benefício de Lula e de Marisa, como
compensação pela atuação do ex-presidente no esquema da Petrobras. Além de Lula
e da esposa, foram denunciados nessa etapa Léo Pinheiro, Paulo Gordilho e Fábio
Yonamine.
Na denúncia por lavagem de dinheiro,
os procuradores afirmam também que Lula recebia vantagens indevidas da OAS por
meio de um contrato para armazenagem de bens pessoais do petista. Conforme o
texto, a empreiteira fez pagamentos mensais por cinco anos à empresa Granero
Transportes para que esta guardasse objetos pessoais do ex-presidente, depois
que ele se mudou do Palácio da Alvorada. Essa parte da denúncia também inclui
Paulo Okamotto e Léo Pinheiro.
Requerimentos
Os 13 procuradores que assinam o
documento não pedem a prisão de Lula ou de qualquer outro denunciado. Deltan
Dallagnol, líder da força-tarefa que produziu a denúncia, disse ontem que essa
prática é um “padrão” para “não antecipar juízos ou avaliações”.
Os autores da denúncia pedem, no
entanto, que o juiz Sérgio Moro ordene o ressarcimento de danos à Petrobras por
parte do ex-presidente, na ordem de R$ 87,6 milhões. O texto também solicita
que se implique aos denunciados a “perda, em favor da União, de todos os bens,
direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos
crimes”.
Os procuradores indicaram, ainda, uma
lista com 27 testemunhas para serem ouvidas, caso a denúncia seja acatada na
Justiça Federal.
Sábado, 17 de setembro, 2016
PF FAZ OPERAÇÃO CONTRA
FRAUDE BANCÁRIA NA CAIXA NO DF, GO E SP
A
Polícia Federal deflagrou na manhã de sexta-feira (16) a Operação Patroncínio,
que tem como objetivo identificar uma organização criminosa que movimentou mais
de R$ 500 mil da Caixa Econômica Federal. Segundo a PF, a quadrilha agiu entre
outubro de 2012 e abril de 2013. A ação é comandada pela Delegacia de Repressão
a Crimes Cibernéticos (DRCC).
Estão
sendo cumpridos 13 mandados de busca apreensão no Distrito Federal, São Paulo e
Goiás, sendo 10 no DF, 2 em Goiás e 1 em São Paulo. Ao todo participaram da
operação cerca de 60 policiais federais. Não há pedidos de prisão nesta fase.
Até
o momento foram apreendidos notebooks, smartphones, pen drives, tablets, HDs
externos, cartões de memória entre outros equipamentos e documentos que apontam
a relação entre os envolvidos na fraude. Todo o material recolhido passará por
exame pericial nas unidades da PF responsáveis pela execução das buscas
domiciliares.
De
acordo com a PF, os suspeitos terão que prestar esclarecimentos sobre as
transferências ilegais que receberam nas contas, assim como sobre a invasão de
uma conta bancária realizada por meio de acessos ilícitos ao Internet Banking
da Caixa Econômica Federal.
Os
responsáveis pelos crimes deverão responder por furto qualificado pela fraude,
pela participação em organização criminosa e, eventualmente, pela quebra do
sigilo bancário, ocorrido quando da invasão da conta da CAIXA. As penas somadas
por esses crimes podem chegar a 20 anos de prisão e multa, além da obrigação de
devolver todo o dinheiro recebido indevidamente.
(Elijonas
Maia)
Sábado, 17 de setembro, 2016
APESAR DAS
TENTATIVAS DO GOVERNO, FITCH VÊ RISCO DE PIORA DA NOTA DO BRASIL
A agenda de política econômica do
governo de Michel Temer, a trajetória de crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) e, principalmente, a eficácia das medidas de ajuste fiscal no País para
corrigir o crescimento da dívida pública estão entre os fatores que a agência
de classificação de risco Fitch Ratings vai avaliar nos próximos meses no
Brasil para determinar sua nota de crédito, disse a diretora para América
Latina, Shelly Shetty.
A crise política e a crise econômica
levaram o Brasil a ter três rebaixamentos da nota soberana em cerca de um ano,
disse a diretora na conferência anual de ratings soberanos da Fitch na
quinta-feira, 15, em Nova York. “Olhando para frente, ainda vemos riscos de
piora dos ratings da América Latina”, disse ela, citando além do Brasil
problemas em outros países da região, como Equador, Argentina e Bolívia. Ela
destacou como uma questão comum em várias economias da região a piora fiscal,
com a dívida dos governos em alta, além de piora do ambiente político em vários
mercados.
A América Latina está entrando em seu
segundo ano de contração econômica e deve ter retração na casa de 1% este ano.
Ao todo, seis países da região estão em recessão e a expectativa é que o Brasil
volte a crescer em 2017, mas ainda em ritmo abaixo da tendência. “No Brasil,
houve intensa contração do investimento por conta das incertezas políticas e
econômicas”, afirmou Shelly.
“A capacidade de resposta da política
econômica e a credibilidade das ferramentas macroeconômicas serão críticas para
determinar a trajetória do rating”, disse Shelly, destacando que a análise vale
não só para o Brasil, mas para outros países com situação mais complicada na
América Latina. “Perspectivas de crescimento do PIB e trajetória da dívida são
outros fatores.”
“Vamos olhar a agenda de política
econômica de novos governos na região”, ressaltou a diretora da Fitch, citando
Brasil, Argentina, Peru e República Dominicana. No caso brasileiro, Shelly
destacou que um ponto que será especialmente monitorado é a eficácia do ajuste
fiscal. “Vamos olhar como os desafios na política têm impacto na implementação
e execução de políticas econômicas.” (AE)
Sábado, 17 de setembro, 2016
DEPOIMENTOS
COLOCAM LULA NO CENTRO DO ESQUEMA DE CORRUPÇÃO
Desafiados a “provar” atos de
corrupção do ex-presidente Lula, como se já não tivessem feito isso, os
procuradores da República da força-tarefa da Operação Lava Jato anexaram à
denúncia contra ele, por corrupção e lavagem de dinheiro, o depoimento do
ex-deputado Pedro Corrêa (ex-PP-PE), que
revelou bastidores da organização criminosa que tomou o controle da
Petrobrás. em delação premiada. Lula é citado 136 vezes em depoimentos de
investigados na Lava Jato.
Nesse depoimento, sob acordo de
delação premiada, Corrêa atribuiu a Lula diálogos que colocam o petista no
centro do esquema de loteamento dos cargos graduados da estatal petrolífera. O
relato do ex-deputado é uma das peças que a Procuradoria usa na denúncia que
acusa o ex-presidente de “comandante máximo do esquema de corrupção”.
A Procuradoria também juntou à
denúncia os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo
Roberto Costa, do ex-diretor de Internacional da estatal, Nestor Cerveró, e do
ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS).
“O controle de todo esquema criminoso
por Lula ficou muito claro quando, em 2006, antes das eleições, Pedro Corrêa e
José Janene (então presidente do PP e idealizador do esquema de propinas na
Petrobrás) foram apresentar para Lula reivindicações de novos cargos e valores
que seriam usados em benefício de campanhas políticas”, afirma o Ministério
Público Federal.
Na ocasião, Lula teria negado os
pleitos, segundo a delação de Pedro Corrêa. “Vocês têm uma diretoria muito
importante, estão muito bem atendidos financeiramente. Paulinho tem me dito”.
Paulinho, segundo a denúncia, é Paulo Roberto Costa, ex-diretor de
Abastecimento da Petrobrás, que inaugurou a rede de propinas da estatal. Sua
diretoria era controlada pelo PP de Janene.
Preso em março de 2014, Costa fechou
acordo de delação premiada cinco meses depois. Segundo Pedro Corrêa, naquela
reunião em 2006 Lula disse ainda que ‘Paulinho tinha deixado o partido muito
bem abastecido, com dinheiro para fazer a eleição de todos os deputados’.
“Dessa forma, Lula revelou de forma
explícita para Pedro Corrêa que tinha o comando da dinâmica criminosa instalada
na Petrobrás e dela beneficiava diretamente”, sustentam os treze procuradores
da força-tarefa.
Em um trecho de seu depoimento, Pedro
Corrêa destacou. “O Governo Lula aparelhou cargos nas esferas estaduais
pertencentes à União (delegacias de ministérios, etc) para a ‘companheirada do
PT’. Aí foi necessário a negociação com cargos mais altos em empresas públicas
para as agremiações da base aliada.”
Segundo o ex-deputado ocorreu ‘uma
reunião no gabinete de José Genuíno (ex-presidente do PT), com a presença de
Pedro Corrêa, Pedro Henry, Silvio Pereira e José Janene (…); José Dirceu
definia; na hipótese de dissenso, o que ocorria na maioria das indicações, as
definições eram feitas por Lula’.
Ao abordar a participação de Lula no
preenchimento dos cargos diretivos da Petrobrás, Pedro Corrêa informou. “Antes
da reeleição de 2006, o colaborador Pedro Corrêa foi procurar Lula, juntamente
com Janene. Ambos entraram pela garagem do Planalto, para pedir dinheiro para a
campanha do PP. Lula se esquivou, dizendo que não tinha obrigação de ajudar,
pois ‘Paulinho tinha deixado o partido muito bem abastecido, com dinheiro para
fazer a eleição de todos os deputados’.
“Em reunião com a bancada do PP no
Palácio do Planalto, o presidente Lula também disse que o PP estava bem
atendido com os cargos que tinham.”
Sábado, 17 de setembro, 2016
PROCURADORES
REPUDIAM DETURPAÇÃO DE FALAS DA FORÇA TAREFA DA LAVA JATO
A Associação Nacional dos Procuradores
da República (ANPR) divulgou uma nota de repúdio sobre a deturpação de alguns
dos esclarecimentos prestados pelos procuradores da República na Operação Lava
Jato em entrevista coletiva concedida na quarta-feira (14). Frases como
"não temos provas, mas temos convicção" foram disseminadas na
internet, mas não foram ditas pelos investigadores.
"Cumprindo legitimamente o dever
e o direito de informar a população, a força tarefa Lava Jato tão somente
apresentou a acusação contra o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva, dentre outros, como o fez em já numerosas outras ocasiões, sempre nos
momentos nodais dos processos, nos quais impõe-se o esclarecimento à opinião
pública", disse a nota, assinada pelo procurador regional José Robalinho
Cavalcanti, presidente da ANPR.
Segundo os procuradores, "é sob o
olhar de seu povo que se constrói um país realmente democrático. E para isso a
liberdade de imprensa, o amplo acesso às informações e o livre debate público
são essenciais. Entretanto, nesse contexto, não se configura legítima qualquer
manipulação ou deturpação de frases ditas no exercício do dever de
esclarecimento à população. Os procuradores da República foram didáticos e
extensivos em sua exposição precisamente para que o entendimento da população
sobre a denúncia fosse completo, podendo a partir daí terem o conhecimento para
exercerem a cidadania e o senso crítico. Configura-se em discurso político e/ou
em estratégia de defesa, sem compromisso com a verdade, deturpar falas dos
Procuradores da República nesta ocasião".
De acordo com Cavalcanti, nenhuma
verdade pode ser construída pela edição de frases e repetição de uma mentira.
"A convicção da força tarefa fundamenta-se em provas robustas reunidas em
investigações sérias. Em mais de dois anos, atuaram na operação – sob as vistas
e aplausos de todo o país – mais de 300 agentes públicos de diversos órgãos,
especialmente do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Receita
Federal, todos idôneos e sem qualquer vinculação partidária."
O texto ainda diz que MPF, por seus 13
procuradores da República que assinam a acusação, apenas cumpriu sua obrigação
constitucional. Em especial no que se refere ao crime de organização criminosa,
é juridicamente correta – e necessária – a contextualização realizada na
acusação, pois teve como objetivo ressaltar todas as provas levantadas,
historicamente organizadas, de que Lula seria responsável pelos sete crimes de
corrupção passiva e 64 crimes de lavagem de dinheiro descritos na denúncia.
"A força tarefa apresentou as
provas de autoria dos crimes que apontam, neste caso, para o pagamento de
propina de mais de R$ 87 milhões pela empreiteira OAS a diversas pessoas e
partidos. A corrupção política, com o poder econômico dela decorrente, deturpa
a democracia pela subversão da necessária igualdade de oportunidade entre todos
os atores políticos".
A nota de repúdio encerra afirmando
que "o trabalho desenvolvido pelos procuradores na Operação Lava Jato é
profissional e republicano, além de submetido à contínua observância do devido processo
legal e sob supervisão do Poder Judiciário".
Sábado, 17 de setembro, 2016
LULA AUMENTOU
SEU PATRIMÔNIO EM 360% APÓS SEGUNDO MANDATO
O patrimônio do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva aumentou 360%, em valores nominais, depois do fim de seu
segundo mandato como presidente da República, em 2010, com a renda obtida com
sua empresa de palestras, a L.I.L.S. As informações, segundo a edição de
sexta-feira(16) do jornal Folha de S. Paulo, foram prestadas pelo petista nas
declarações de Imposto de Renda que integram a denúncia apresentada contra ele
na última quarta-feira, no âmbito da Operação Lava Jato.
De acordo com o documento, Lula tinha
patrimônio de 1,9 milhão de reais até 31 de dezembro de 2010. Em 2015, o valor
total de seus bens era de aproximadamente 8,8 milhões de reais – aumento de 6,9
milhões de reais. A evolução patrimonial teve lastro em renda obtida com a
L.I.L.S., empresa de palestras de Lula, criada depois que ele encerrou seus
dois mandatos na Presidência.
O ex-presidente disse aos
investigadores que cobrava “exatamente 200.000 dólares, nem mais e nem menos”
por todas as palestras. O preço era o mesmo do ex-presidente dos Estados Unidos
Bill Clinton.
Entre 2011 e 2015, a L.I.L.S.
distribuiu lucros e dividendos de 8,5 milhões de reais para Lula. Nesse mesmo
período, o ex-presidente deu cerca de setenta palestras no Brasil e no
exterior, conforme ele mesmo disse as autoridades da Policia Federal. A maior
transferência de valor para Lula ocorreu em 2014, no total de 5,6 milhões de
reais. Naquele mesmo ano, em novembro, foi deflagrada a fase mais ostensiva da
Operação Lava Jato.
De acordo com a PF, a empresa de
palestras de Lula recebeu 21 milhões de reais entre 2011 e 2015. Desse total,
9,9 milhões de reais foram pagos por empreiteiras investigadas na Lava Jato.
À Folha, o advogado de Lula, o
Cristiano Zanin Martins, afirmou que as atividades da L.I.L.S. são
“absolutamente lícitas, lastreadas em palestras devidamente documentadas e de
conhecimento geral”.
Sábado, 17 de setembro, 2016
'OU ABRAÇO O
PMDB OU MORRO', DISSE LULA PARA EVITAR IMPEACHMENT NO MENSALÃO
Em depoimento gravado na investigação
da Operação Lava Jato sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
delator e ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-sem partido-MS) contou como se deu
o início da parceria PT-PMDB no governo federal. Segundo Delcídio, durante o
Mensalão, Lula ‘abraçou’ o PMDB para evitar o risco de sofrer seu próprio
impeachment.
O ex-senador declarou que no início da
gestão Lula, o governo era ‘muito hermético’ e ligado aos partidos que tinham
levado o petista à Presidência.
“Quando sobreveio o Mensalão, ele
(Lula) percebe que ele se arruma ou ele poderia ser impichado, inclusive. Uma
tese que era defendida desde o início do governo pelo ex-ministro José Dirceu
(era) que o PMDB deveria participar ativamente da base do governo. O próprio
José Dirceu trabalhou nisso. Quando o José Dirceu foi levar essa aliança para o
Lula já combinado com o PMDB, o Lula não topou. Aí veio o Mensalão”, contou
Delcídio.
À Procuradoria da República, o
ex-senador relatou. “Quando veio o Mensalão, o Lula fez uma revisão das
posições que ele vinha assumindo. Dizendo assim: ou eu abraço o PMDB ou eu vou
morrer. Quando aí o PMDB veio fortemente para o governo. Estabeleceu tentáculos
em toda a estrutura de governo. Não foi só na Petrobrás, não. Assumiu
Ministério de Minas e Energia, Eletrobrás, o setor elétrico, que nos governos
anteriores era feudo do PFL, passou a ser feudo do PMDB.”
O Ministério Público Federal questionou
Delcídio Amaral se ‘houve um acordo para poupar o presidente Lula do
impeachment?’ e se ‘havia essa possibilidade?’
“Havia essa possibilidade”, Delcídio
responde. “Ali havia um risco muito grande de ele ser impichado.”
Delcídio relatou ainda a retirada dos
nomes do ex-presidente Lula, e de seu filho Lulinha, do relatório final da CPI
dos Correios.
“Na reta final, existia o relatório
que estava sendo preparado propunha, entre outras coisas, o indiciamento do
presidente Lula e de um dos filhos dele. Acho que é o filho mais velho, o
Lulinha por causa da questão da Gamecorp com a antiga Telemar se eu não estou
enganado. Dentro de uma composição que foi feita, na véspera da votação do
relatório, esse indiciamento… Esse tira e põe faz parte do dia a dia do
Congresso. Não é uma coisa específica só da CPI dos Correios”, declarou.
“Isso acontece no dia a dia em outras
CPIS. Em sessões das Comissões de Fiscalização e Controle e que acompanha conta
de governo. Não é uma coisa excepcional. Independentemente do acordo que foi
feito para qu8e a gente concluísse a CPI e com resultado, porque havia um risco
muito grande de a gente perder o controle do processo e perder um trabalho de
onze meses, um trabalho forte, foi feito um acordo. Os indícios e a documentação
que a CPI levantou, um eventual impeachment do presidente Lula não terminaria
ali. Ele poderia continuar, porque nós fizemos um trabalho forte, nós
rastreamos dinheiro desde que saiu do Banco do Brasil, quando foi para as
empresas do Marcos Valério. Depois quando sai das empresas do Marcos Valério e
vai irrigar as contas do partido. Tudo isso estava rastreado. Existia uma
operação forte comandada pelo próprio Marcos Valério, que era uma espécie de
braço armado do próprio Delúbio (Soares) para alimentar as estruturas
partidárias. Mesmo tendo havido um acordo que passou por todo mundo, pelo menos
pelos principais líderes na CPI, existiam argumentos suficientes para dar
continuidade a um processo de afastamento.” (AE)
Sábado, 17 de setembro, 2016
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