Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

Seja nosso seguidor

Seguidores

28 janeiro, 2016

LULA, O ESCAPISTA




Nos idos de 1950, no governo de Getúlio Vargas, foram construídas milhares de residências para funcionários dos institutos de previdência da União: IAPC, IAPTEC, IAPB, e tantos outros.

Meu pai era funcionário do IAPC e recebeu, para morar com a família, um apartamento no conjunto do Irajá, subúrbio carioca, naqueles tempos, lá nos cafundós do Judas. Os conjuntos eram separados pela então Avenida das Bandeiras que é, hoje, a Avenida Brasil.

A periferia das residências, por distante de tudo, acabou se transformando em reduto de marginais que buscavam refúgio em bairros pouco policiados. A polícia, como acontece até hoje, raramente está presente nas áreas que mais precisam dela.

Foi lá que conheci um dos príncipes da malandragem e da astúcia em provocar confusões e escapar sem ser detido. Era o “Chico Quiabo”; mulato esguio, cheio de trejeitos no andar, ágil nas brigas de rua e sempre armado com uma navalha. Quiabo, escorregadio, livrava-se dos inimigos com a ameaça da navalha, que só empunhava quando precisava encarar mais de dois homens até a entrada de mais gente contra ele; o malandro usava a capoeira para atingir e derrubar os que chegavam muito perto dele.

A confusão, quase sempre provocada por “Chico Quiabo” para não pagar a despesa do bar, só acabava com a chegada da radiopatrulha que, com seus “chapéus-vermelhos” descia enfiando porretadas em qualquer um que ficasse no caminho. O personagem, ao perceber a chegada dos policiais, corria para a viatura e se sentava calmamente até o final da contenda. Os meganhas, que já sabiam da habilidade do espontâneo detido, riam da atitude, o levavam e liberavam nas proximidades do cemitério. Naqueles tempos, raramente a polícia prendia alguém envolvido em brigas de rua, só o faziam quando havia mortos ou feridos com gravidade.

Outro personagem interessante foi o ilusionista Harry Houdini que fez muito sucesso na década de 1920. Houdini, que começou a vida como trapezista em circo, se dedicou à arte da dissimulação criando equipamentos para oferecer à plateia a sensação de realidade em suas apresentações deixando o público extasiado com o resultado. Houdini ao longo da vida enganou imperadores, reis, presidentes entre outras pessoas de notável conhecimento, inclusive Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes e especialista em espiritismo. Doyle se aproximou de Houdini tentando convertê-lo, sem sucesso. Depois de famoso, Houdini, que também se exibia recebendo socos no abdômen, decidiu se especializar em se desvencilhar de amarras e passou a ser conhecido como “escapista”.

Estes relatos servem apenas para chegar ao ex-presidente Lula que, nos últimos tempos, quando percebe a aproximação da Lei e da Justiça faz como “Chico Quiabo” e corre para prestar depoimentos espontâneos nos órgãos de investigação das muitas operações do Ministério Público e da Polícia Federal, e sai declarando não haver viva alma mais honesta do que ele; o homem deve ter confundido as almas, pois, segundo a mídia ele possui uma adega recheada de vinhos especiais, dentre eles, talvez, o “Alma Viva”

Lula, não sendo pessoa investigada em nenhum dos inquéritos em apuração, segundo os investigadores, é, com certeza, um dos inocentes que mais depoimentos prestou; sem, no entanto, se livrar da desconfiança que as autoridades e o povo têm em relação ao seu envolvimento nos muitos malfeitos desvendados nos últimos 13 anos.

A cada semana surge uma nova denúncia e lá vai o escapista e ilusionista depor informalmente para dizer que não sabe de nada, que nunca conviveu com nenhum dos acusados, que não tem imóveis presenteados por empreiteiros, que a sua fortuna tem origem em palestras proferidas ao redor do mundo, que o seu filho é empresário de sucesso por seus próprios méritos, que nunca neste país existiu alguém mais honesto do que ele, que as insinuações contra ele são promovidas pela imprensa desonesta, que o “mensalão” não existiu, que o Zé agiu por conta própria e, por isto, merece estar em cana, e, como nos depoimentos que se presta às autoridades policiais, nada mais lhe foi perguntado, e aos costumes disse nada!

Sobre “Chico Quiabo”, dizem que morreu dentro de um caldeirão de galinhada; Houdini, não escapou de uns socos, desprevenido, foi espancado por um universitário e morreu de peritonite, e, Lula, continua escorregando e escapando das malhas da Justiça; até quando, não se sabe. Parece até alma do outro mundo!

(Paulo Castelo Branco)

Quinta-feira, 28 de janeiro, 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário