A
presidente Dilma Rousseff, numa inédita e surpreendente manifestação de
humildade (recomendada por seus marqueteiros, que sabem que brasileiro tem o
coração bom, sabe perdoar...) admite que errou na condução da economia em 2014
e que voltou a errar em 2015. Estagnamos no primeiro desses anos, mas em 2015 o
desastre foi imenso: quando for concluída a compilação dos dados do ano,
teremos uma queda no PIB em torno de 3%. Uma vergonha!
Mas,
na otimista visão presidencial nem tudo está perdido. Passado é passado, futuro
é futuro! buscarão nos tranquilizar os conselheiros Acácio do Palácio do
Planalto. Nossa mandatária jura que não vai voltar a errar em 2016, embora não
tenha sido explícita quanto aos elementos em que se baseia para manifestar
tanta confiança no seu taco.
Mas
seja como for, por enquanto, a expectativa dos agentes econômicos é a de este
ano teremos uma nova e expressiva queda de nosso Produto Interno Bruto.
Na
verdade, ao expressar suas expectativas para o futuro, omitiu a mandatária um
dado importante: que o grande erro de 2016 na área econômica já foi cometido no
apagar das luzes de 2015, e não há nada que alguém possa fazer para alterá-lo.
Trata-se do afastamento do ministro da Fazenda Joaquim Levy e sua substituição
por Nelson Barbosa. Levy veio com a missão de reordenar o desarranjo deixado
por Guido Mantega, que durante boa parte de sua gestão foi aconselhado por
Barbosa. Este, reconhecido camaleão
político, foi um dos arquitetos da chamada ‘nova matriz econômica’, rótulo de
marketing que em seu primeiro mandato Dilma usou para dar uma rasteira no tripé
macroeconômico.
A
reunião no início desta semana entre a presidente Dilma Rousseff; o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o presidente do PT e o ministro chefe
da Casa Civil, alegadamente para alinhavar as bases de um novo plano econômico
para o governo, não ajudou muito a incutir confiança na sociedade sobre o plano
que será anunciado até o final deste mês de janeiro.
Pode-se
suspeitar, com boas razões, que o que está em gestação tem muito menos a ver
com uma genuína vontade de se ter o restabelecimento do equilíbrio das contas
públicas no País, do que com o desempenho do Partido dos Trabalhadores nas
eleições municipais de outubro deste ano. Não apena o desempenho do PT foi muito fraco em 2012 (obtenção de 11,4%
das prefeituras do País), como recentemente tem sido intensa a fuga de
prefeitos do PT para outras agremiações.
Há
um cheiro de Plano Cruzado (1986) no ar. Foi feito com a melhor das intenções,
mas a proximidade das eleições impediu que as medidas necessárias para sua
efetiva implementação fossem tomadas. O governo se beneficiou dos efeitos
positivos de curto prazo do plano, e elegeu 22 governadores. Depois das
eleições foi um deus-nos-acuda, e as coisas (a inflação, principalmente) desandaram,
acabarando pior do que estavam antes.
(Pedro Luiz Rodrigues)
Sábado,
09 de Janeiro, 2016
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