Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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18 maio, 2020

SITUAÇÃO SE COMPLICA E O PLANALTO PRESSIONA PROCURADOR A PEDIR ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO



O inquérito contra o ex-ministro Sérgio foi aberto no Supremo Tribunal Federal a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, que atendeu determinação expressa do presidente Jair. Revoltado com o pronunciamento de Moro na televisão, dias 23 de abril, o chefe do governo exigiu urgência a Aras, que teve de criar uma força-tarefa na Procuradoria, para encaminhar a petição ao STF no mesmo dia.

Bolsonaro afirmou a Aras que o ainda ministro Sérgio Moro era um mentiroso vulgar e seria facilmente desmentido com provas materiais e testemunhas. O procurador-geral então caprichou na dose e pediu ao STF que Moro fosse enquadrado por denunciação caluniosa e mais seis crimes conexos.

 O ministro Celso de Mello foi escolhido relator e mandou a Polícia Federal iniciar o inquérito. Nos primeiros dias, Bolsonaro dava seguidas entrevistas ironizando as acusações de Moro, que eram baseadas em fatos acontecidos na reunião ministerial do dia 22 de abril, quando o presidente da República voltou a ameaçá-lo de demissão, caso não substituísse o diretor-geral da PF e o superintendente do Rio de Janeiro.

Bolsonaro fazia frases de impacto, dizia que em nenhum momento da reunião pronunciara as expressões Polícia Federal e Superintendência. Mas o relator solicitou o vídeo da reunião e as coisas começaram a mudar.

O Planalto ficou embromando e levou uma semana para entregar a gravação, que o relator Celso de Mello somente vai assistir nesta segunda-feira, quando poderá conferir as principais cenas com as transcrições que recebeu da Polícia Federal (completa) e da Advocacia-Geral da União (apenas trechos, selecionados de forma a não incriminar Bolsonaro).

 O jogo foi virando e o Planalto teve de alterar a estratégia. Ao invés de acusar Moro, passou a tumultuar a investigação, “interpretando” as falas de Bolsonaro na reunião, para dar a entender que ele não ameaçara demitir o ministro da Justiça.

E assim o inquérito mudou de figura. Ao invés de serem investigados os supostos sete crimes cometidos por Moro, o presidente Bolsonaro é que passou a ter de se defender. E não está conseguindo.

Na sexta-feira, dia 15, a situação se complicou com a extensa reportagem da TV Globo focalizando as mentiras de Bolsonaro. A cada falsa afirmação dele, o Jornal Nacional exibia uma prova de que não correspondia à verdade.

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P.S. 1 – Desde sábado o Planalto está “vazando” informações de que o presidente está sendo atingido politicamente, porém não há provas de que cometeu crimes, o que levaria o procurador-geral Aras a pedir arquivamento do inquérito. Mas isso é “menas” verdade, como diria Lula da Silva.

P.S. 2 – Em tradução simultânea, está acontecendo o seguinte: o Planalto está pressionando o procurador a pedir o arquivamento, para que o presidente não seja incurso numa série de crimes, que ficarão claramente tipificados quando o relator Celso de Mello assistir ao vídeo completo, sem cortes. Ou seja, o inquérito era contra Moro, mas agora é contra Bolsonaro. (C.N.)

*Tribuna da Internet online

Segunda-feira, 18 de maio, 2020 ás 7:00   

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