Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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06 maio, 2020

TRIBUNAL DA LAVA JATO NEGA RECURSO DE LULA E MANTÉM PENA DE 17 ANOS DE PRISÃO NO CASO SÍTIO DE ATIBAIA




Os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o Tribunal da Lava Jato, negou os recursos apresentados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mantiveram a sentença proferida pela corte em novembro do ano passado, de 17 anos e um mês de prisão, em regime fechado. É a pena mais pesada imposta pela Lava Jato ao petista.

Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do sítio de Atibaia. O recurso buscava reverter aspectos da sentença. Os desembargadores também negaram pedido preliminar da defesa de Lula, que buscava remarcar o julgamento para uma data futura, de forma a garantir que ele fosse feito presencialmente.

O julgamento desta quarta, 6, foi concluído no plenário virtual do TRF-4. A análise do caso começou na semana passada.

É a segunda sentença em segundo grau de Lula nos processos da Lava Jato, em Curitiba. Em janeiro de 2018, o mesmo TRF-4 condenou o ex-presidente a 12 anos de prisão no processo do tríplex do Guarujá (SP) e determinou a prisão do petista para início do cumprimento provisório da pena, assim que esgotado os recursos no tribunal. A pena foi depois reduzida para 9 anos, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em julgamento no ano passado.

Lula foi preso em abril de 2018, após a condenação em segunda instância do caso tríplex, e solto em novembro do ano passado após o Supremo Tribunal Federal rever entendimento sobre execução de pena antes do transito em julgado (quando o caso já não cabe recursos). Por conta da mudança jurídica, o petista segue respondendo aos dois processos em liberdade.

Em primeira instância, Lula foi sentenciado no caso do sítio de Atibaia em fevereiro de 2019 pela 13.ª Vara Federal em Curitiba por supostamente receber R$ 1 milhão em propinas via reformas do sítio de Atibaia, que está em nome de Fernando Bittar, filho do amigo de Lula e ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar.

A Lava Jato apontou que o sítio passou por três reformas: uma sob comando do pecuarista José Carlos Bumlai, no valor de R$ 150 mil, outra da Odebrecht, de R$ 700 mil, e uma terceira reforma na cozinha, pela OAS, de R$ 170 mil. Total de R$ 1,02 milhão gastos pelos acusados. Os pagamentos tiveram relação com negócios na Petrobrás e os caixas de propinas acertados entre as empreiteiras e o PT.

*Estadão

Quarta-feira, 06 de maio, 2020 ás 18:00   


05 maio, 2020

CUSTOS DO IMPEACHMENT E RESPONSABILIDADE POLÍTICA


Qual será, para o campo progressista, o custo político de assumir o protagonismo de um eventual processo de impedimento de Jair Bolsonaro?

Não foram poucas as vezes na história recente do capitalismo que o fascismo apareceu como resposta para suas piores crises. Se relembramos Naffah Neto, psicanalista brasileiro, crueldade, fascismo e capitalismo se interlaçam constantemente, gerando as sociedades dos excluídos. No Brasil contemporâneo, o “bolsonarismo” é apenas o efeito da crise atual e não sua causa. Ou, de outra maneira, Bolsonaro é a retificação de duas crueldades: o neoliberalismo e o racismo.

Na verdade, qual será, para o campo progressista, o custo político de assumir o protagonismo de um eventual processo de impedimento de Jair Bolsonaro? E se as esquerdas estabelecerem uma aliança com o Centrão, não serão descartadas em seguida? Uma outra pergunta ainda mais fundamental precisa ser feita: até que ponto o remédio do impeachment contribuirá para a cura do sintoma, mas em nada alterará a doença que lhe deu causa? Vamos trocar um fascismo “molambo” por um fascismo “personnalité”?

Optar pelo General Mourão, dando-lhe legitimidade, é a primeira consequência política de um pedido de impeachment. Fortalecer a figura deletéria de Sergio Moro seria a consequência seguinte, pois o ex-juiz retirou-se do governo porque rompeu politicamente com o presidente da república. Mas o fundamental é que com isso vamos tratar uma crise estrutural como se conjuntural fosse. Ou, por acaso, alguém imagina que o racismo e o neoliberalismo serão enfrentados se conseguirmos derrubar Jair Bolsonaro?

O Brasil tem uma longa e conhecida história de conciliações. Se olharmos apenas para as últimas décadas, vamos encontrar os militares integrando a aliança que deu origem ao movimento da “nova república”, cujo ápice é a promulgação da Constituição de 1988. Saímos da ditadura militar por intermédio de uma transição por transação, e foram poucos os que queriam cobrar a conta pela miséria e pela violência do autoritarismo imposto pelas forças militares ao país.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de três tentativas fracassadas de chegar à presidência da república, igualmente apontou para a conciliação quando escreveu a “carta aos brasileiros”, anunciando não apenas uma “vasta coalizão suprapartidária”, como também uma “ampla negociação nacional”. A conciliação está tão impregnada em nossa cultura política que qualquer movimento contrário – em todos os níveis de nossas relações sociais – parece deflagrar um pânico que a todos paralisa.

Uma eventual conciliação entre as forças progressistas, especialmente o Partido dos Trabalhadores, com os atores que ilegalmente apearam a presidenta Dilma Rousseff do poder talvez não seja a melhor alternativa política para a contenção do bolsonarismo. O argumento contrário aponta na direção de que agora há efetivamente crimes de responsabilidade a justificar o impedimento. Mas, lembrando Luiz Gama, o direito “jamais será a salvação, mas apenas um instrumento estratégico na luta pela libertação”. De resto, entregar a condução do país ao General Mourão seria gastar energia política em uma luta cuja vitória teria apenas um efeito lampedusa, mudando tudo para que tudo permaneça como está.

De outra parte, as forças progressistas não têm responsabilidade política em relação ao surgimento do bolsonarismo. O Poder Judiciário, a grande mídia corporativa e as elites econômicas alheias à soberania nacional foram os grandes responsáveis pela criminalização da política no Brasil, pelo lavajatismo e pelo antipetismo, caldos de cultura que deram origem ao bolsonarismo. Se essas forças políticas não tiveram competência para construir uma candidatura viável no campo da direita, e optaram por aceitar Jair Bolsonaro e sua turma perversa, por que razão as forças progressistas estão obrigadas a ajudá-los no combate ao mal? Ou vamos nos esquecer de que “quem pariu Mateus que o embale”?

Não se trata de abandonar o direito, mas sim ter em mente que problemas estruturais demandam soluções estruturais. Ao invés de tentar construir diques para conter ondas neoliberais que não param de crescer, talvez tenha chegado a hora de mergulhar no mar para entender os mecanismos que geram estas ondas aqui no Brasil: a exclusão e o racismo. Precisamos voltar nossa energia política para as bases e com elas discutir quais os processos de produção que determinam a democracia em nosso país, porque ater-se a isso significa pensar na base material a partir da qual as grandes disputas são feitas e onde o direito ganha o seu sentido mais concreto.

É preciso compreender o que está na origem da decisão democrática de uma maioria eleitoral que opta livremente por um presidente racista e demofóbico. Se, para além disso, esse presidente inculto, perverso e autoritário não entrega o que prometeu para as forças que viabilizaram sua chegada ao poder, a cobrança de tal inadimplência não pode ser tarefa senão das elites políticas por ele responsáveis.

Agregue-se a isso que o ambiente político atual é de reforço do lavajatismo, o que se observa, por exemplo, na decisão ilegal do Ministro Alexandre Moraes que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a chefia da Polícia Federal, bem como pela reedição da parceria antirrepublicana entre a Globo e Sérgio Moro.

A pandemia, com seus milhares de mortos, e a crise econômica dela decorrente darão cabo de Jair Bolsonaro. Portanto, não precisamos – e nem devemos – nos unir ao Centrão. Unamo-nos à classe trabalhadora e voltemos às bases!

Por fim, ressaltamos que não é o momento de colocar o direito na frente da política, sem uma estratégia, sob pena de correr o risco de reforçar o lavajatismo e transformar Sérgio Moro no pivô do impeachment. A grande mídia corporativa já transformou o ex-Ministro da Justiça em herói nacional no passado recente. Não fará bem à democracia brasileira se esse filme for reeditado. (Carta Capital)

Terça-feira, 05 de maio, 2020 ás 17:30   

04 maio, 2020

MUDANÇA NA DATA DE ELEIÇÕES MUNICIPAIS SÓ PODERÁ ACONTECER ATÉ JUNHO



Devido às mudanças causadas no país por causa do novo coronavírus, muita gente tem dúvidas se as eleições municipais em outubro estão garantidas. Em uma conversa virtual com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), o próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, admitiu que a data do pleito, cujo primeiro turno está marcado para 4 de outubro, pode mudar.

Segundo Barroso, a decisão deve ser pautada por parâmetros sanitários e não políticos. “Por minha vontade, nada seria modificado porque as eleições são um rito vital para a democracia. Portanto, o ideal seria nós podermos realizar as eleições. Porém, há um risco real, e, a esta altura, indisfarçável, de que se possa vir a ter que adiá-las”, adiantou Barroso que assumirá a presidência da Corte eleitoral, atualmente comandado por Rosa Weber, no final de maio.

Como a data do pleito – primeiro final de semana de outubro – está prevista na Constituição Federal, qualquer alteração nesse sentido terá que ser feita pelo Congresso Nacional. Barroso pretende ter uma definição sobre o assunto em junho. É que nesse mês precisam ser feitos os testes nas urnas eletrônicas. Caso isso não seja possível, ele pretende se reunir com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) para que uma emenda constitucional estabeleça um novo calendário.

Convenções

Além da parte logística da Justiça Eleitoral para a organização das eleições, há ainda uma grande preocupação com o calendário político. Os partidos devem realizar convenções – instrumentos que oficializam as candidaturas – entre o final de julho e o dia 5 de agosto. É esse ato que dá o sinal verde para o início da campanha, em 15 de agosto. Se a proibição de aglomerações ainda estiver em vigor no país até lá, a viabilidade do pleito fica comprometida.

Na conversa com os magistrados, Barroso defendeu que, se for o caso, o adiamento seja o mais curto possível. A ideia reprogramar o primeiro turno para 15 de novembro ou no máximo dezembro. O futuro presidente eleito do TSE também rechaçou a hipótese de se fazer a eleição municipal junto com a eleição nacional, em 2022, o que exigiria a prorrogação por dois anos dos mandatos dos atuais prefeitos e vereadores. “Sou totalmente contra essa possibilidade. A democracia é feita de eleições periódicas e alternância no poder”, afirmou. “Os prefeitos e vereadores que estão em exercício neste momento foram eleitos para quatro anos”, lembrou acrescentando que o mandato atual termina no dia 31 de dezembro.

A despeito das perspectivas do adiamento das eleições, segundo o grupo de trabalho (GT) criado no Tribunal Superior Eleitoral para projetar os impactos da Covid-19 nas atividades ligadas às Eleições Municipais de 2020, até o momento, a realização do pleito é possível. O GT, criado no início de abril, elabora relatórios semanais sobre a situação. No último, entregue na semana passada, o grupo fez um levantamento de ações realizadas, no âmbito do TSE, para gestão de riscos e equipamentos, para a realização de testes dos sistemas eleitorais e para o acompanhamento da evolução de sistemas de apoio. Também foram avaliados serviços prestados pelo TSE e pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) aos cidadãos, a exemplo do alistamento e da regularização da situação eleitoral, e do cadastramento de empresas interessadas em prestar serviços. (ABr)

Segunda-feira, 04 de maio, 2020 ás 17:00