Desculpe, caro leitor, pela
alusão do título da pueril matéria à obra-prima de García Márquez, mas até o
mais inocente cidadão sabe que a Operação Lava Jato, apesar dos bons resultados
no combate à corrupção na Petrobras, tem como principal objetivo prender o
ex-presidente Lula.
Alguma coisa pessoal? Que pesaria
sobre quem sempre foi com todos, na prática, um autêntico 'camarada', isto é,
um parceiro, amigo, pessoa de confiança?
Infelizmente Lula tem o que é
imperdoável para os grandes interesses: é um líder popular que almeja um Brasil
soberano. É o único capaz de levar o país à frente, com autonomia e
independência de ingerências externas. Por esse nacionalismo, sua volta à
presidência em 2018 tornou-se inadmissível.
E o cerco está se fechando. A
nova prisão de José Dirceu seria uma espécie de preparativo para a grande
cartada final do messianismo de uma força-tarefa que nenhuma autoridade ousa
enfrentar, apesar do caráter arbitrário e seletivo em muitas ações.
Os novos salvadores da pátria
perceberam que o caminho está livre. A cada nova declaração do governo e da
cúpula do PT fica mais evidente a fragilidade de ambos, como no patético
mea-culpa do Ministro Mercadante. A perspicácia do governo é impressionante.
Nesse momento, nossos
despolitizados e imparciais procuradores já devem ter em mente o nome para a
última fase da Lava Jato que se avizinha. A prisão de Lula é o epílogo.
Quando o procurador Santos Lima
afirma que parte das apurações segue em sigilo, fico a imaginar o que estaria
ainda por vir que estrategicamente não foi vazado. Só pode ser o tiro de
misericórdia.
Todos parecem antever, mas
continuamos inertes, soltos ao destino, alguns talvez na esperança que o povo
defenderá seu líder. Será?
Estaríamos sendo omissos tal qual
no livro de García Márquez, em que todos sabem o que acontecerá à vítima mas
ninguém a protege ou impede os algozes?
Como se livrar do pente fino do
juiz Moro? Pelo seu crivo, até Madre Teresa de Calcutá seria suspeita se assim
desejasse. E sua obsessão é o Lula.
Moro e sua turma estampam a
convicção de estarem passando o país a limpo. Mas a faxina se restringe a um
lado da casa.
E a sociedade brasileira teima em
ignorar sua própria história e novamente é levada a rompantes moralistas que a
mídia tão bem administra. O "mar de lama" volta sempre quando
necessário.
Quem agradece é o establishment.
O sistema dominante que prega a globalização, desde que os principais
competidores continuem sendo as antigas potências, não quer um líder nacionalista
comandando o Brasil.
Rubens José da Silva
Sábado, 08 de agosto, 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário