Estou
preocupado com a silhueta de Dilma Rousseff. Vai voltar a engordar já, já. No
dia 3, ela ofereceu um churrasco a presidentes e lideranças dos partidos
aliados no Palácio da Alvorada. Na segunda, recebeu 43 senadores da base e 21
ministros. Nesta terça, foi a vez de juntar num convescote, atenção!, cinco
titulares do Supremo — Ricardo Lewandowski (presidente), Dias Toffoli (que preside
o TSE), Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin —, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot (olhem ele aí…); os presidentes
dos demais tribunais superiores; o vice presidente Michel Temer; os ministros
José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Luís Inácio
Adams (Advocacia-Geral da União) e o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado
Coêlho.
O
pretexto do convescote? Comemorar o Dia do Advogado e a criação dos primeiros
cursos jurídicos no país. Alguém acreditou nisso? Nem os gramados de Brasília.
Essa gente brinca com fogo.
Aliás,
a iniciativa não escapou à observação ferina do ministro Marco Aurélio, um dos
seis ausentes do Supremo. Indagado se achava submissão ministro do STF em
eventos assim, ele respondeu: “[Submissão] é a leitura que o leigo faz. Nós não
ficamos submissos por aceitarmos o convite da presidente da República, mas
aquele a quem devemos contas, que são os cidadãos, veem de outra forma, veem
como se fosse algo em termos de cooptação. E isso não é bom, principalmente
nesta época de crise”.
Em
quatro dias, Dilma se encontrou com Janot duas vezes: no sábado, na conversa
que mantiveram, ela anunciou que iria indicá-lo para mais dois anos à frente do
Ministério Público — o que depende agora do Senado do neoestadista Renan
Calheiros. A petista fez a indicação oficial nesta terça, quando tiverem novo
teretetê. Acabam ficando íntimos. Ainda será o início de uma bela amizade, como
o policial Louis e Rick, em Casablanca.
No
jantar, ora vejam, Dilma falou sobre a importância de manter a harmonia entre
os Poderes. Não citou Montesquieu, mas tenho a certeza de que a tentação lhe
ficou na ponta da língua. Na sua vez de discursar, Ricardo Lewandowski, o
presidente do Supremo, falou sobre a necessidade de se investir na estabilidade
e de se ter compromisso com a legitimidade do mandato. Dilma fez um aceno com a
cabeça, deixando claro que endossava a palavra do notável magistrado.
A
presidente teve inúmeras outras oportunidades de fazer uma reunião assim. E
nada! Agora, decide juntar à mesa o presidente de um tribunal que pode cassar a
sua eleição; o presidente de outro, que pode cassar o seu mandato; o
procurador-geral, que pode, se quiser, denunciá-la — sei que ele não fará isso,
é claro! Nunca apostei que faria, como vocês sabem…
E,
para coroar estes tempos viciosos, lá estava o presidente da OAB… Que coisa,
né? Em 1992, o então presidente da Ordem, Marcello Lavenère, fez história
assinando, em companhia de Barbosa Lima Sobrinho, a denúncia que resultou no
afastamento de Collor. Em 2015, o presidente da Ordem se dedica a rapapés.
Convenham:
as lambanças do governo Collor, em confronto com o que se tem aí, são coisas de amadores prepotentes. Mas vocês
sabem… Naqueles dias, os esquerdistas não davam muita bola para esse papo de,
como é mesmo, Lewandowski?, “legitimidade do voto”. Foram descobrir isso bem
mais tarde.
Essa
gente não sabe que há hoje um Brasil que não dá a menor bola para os
convescotes de Brasília. Ao contrário: esse tipo de arranjo só ajuda a botar
ainda mais gente na rua.
Por
Reinaldo Azevedo
Quarta-feira,
12 de agosto, 2015
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