Quem quer matar, mata; não
ameaça. Então: quem quer dar golpe, ou melhor, deseja dar golpe – já que querer
nem sempre é poder – não fica enchendo o raio do saco a todo instante. Do que
diabos estou falando? Dos milicos ‘meia-bomba’, torrando a paciência do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) dia sim, outro também.
Na semana passada, o ministro
da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ficou todo estressadinho
por causa de uma declaração (acertada!!) do ministro Luís Roberto Barroso, do
STF, que disse, durante um evento na Alemanha, que as Forças Armadas estão
sendo orientadas a atacar o sistema eleitoral brasileiro.
O general disse se tratar de
‘grave ofensa’, de ‘ilação ou insinuação sem provas’. Ora, não é o que
demonstra o presidente Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, que repete, dia e
noite, que é o ‘comandante em chefe’ das FFAA, e que investe, também
diuturnamente, contra o sistema eleitoral, inclusive, insinuando – aí, sim, sem
provas! – fraude.
Além disso, estou enganado ou
foi o Exército o protagonista daquele desfile infame, vexaminoso ocorrido em
Brasília, em agosto do ano passado, quando meia dúzia de ‘cacarecos blindados’,
soltando mais fumaça que caminhão da dengue no Rio de Janeiro, desfilou
defronte o Palácio do Planalto, em franco ‘recado’ às Instituições?
Gentilmente convidada a
participar de uma espécie de teste para as eleições, as Forças Armadas enviaram
ao TSE um papelucho com quase 90 dúvidas – ou questionamentos – sobre as urnas
eletrônicas, sistema de apuração, etc. Pergunto: desde quando os militares são
auditores das nossas eleições? Onde prevê-se isso na Constituição?
Agora me vem mais um deputado
bolsonarista aloprado (e existe espécie diferente?), um tal Coronel Tadeu, e
diz que ‘as Forças Armadas estão praticamente de prontidão’ e que ‘uma
interferência mais contundente’ será necessária no TSE, caso não se corrijam as
falhas apontadas pelos milicos. Falhas? Que falhas, cara pálida?
Na boa, sabem o que está
faltando, além de TSE, STF e Congresso Nacional, em conjunto, de forma clara e
– como é mesmo, Coronel? – contundente, colocar o golpista da cloroquina,
travestido de presidente da República, e a milicada nos devidos lugares, quais
sejam, meros observadores e partícipe (no caso do amigão do Queiroz) das eleições?
Oficialmente pedirem
esclarecimentos sobre as compras milionárias e superfaturadas de Viagra,
próteses penianas de última geração, picanha, cerveja premium, chiclete, leite
condensado, lagosta e outras ‘cositas más’ aos senhores generais. Quem sabe,
assim, essa turma não esquece o quintal alheio e vai arrumar a bagunça do
próprio quarto?
IstoÉ
Sexta-feira, 06 de maio 2022 às
12:30