A
Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu novas diligências contra aliados do
presidente Jair Bolsonaro no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que
investiga manifestações antidemocráticas ocorridas em abril. Parte desses atos,
em Brasília, contou com a participação do próprio Bolsonaro.
Caberá
ao ministro Alexandre de Moraes autorizar ou não as medidas — que tem, entre os
alvos, youtubers e influenciadores digitais. Eventual nova ofensiva pode
acirrar ainda mais a relação entre o Palácio do Planalto e o Supremo.
Diferentemente
da ação da Polícia Federal, em cumprimento à ordem do Supremo, na última
quarta-feira, que atingiu aliados de Bolsonaro, essas novas diligências da PGR
foram pedidas no inquérito aberto no mês passado sobre os atos
antidemocráticos.
Anteontem,
os mandados de busca e apreensão e as quebras de sigilo bancário e fiscal de
blogueiros e empresários que apoiam o presidente ocorreram nas investigações
sobre fake news e ataques contra ministros do Supremo, instauradas há mais de
um ano.
Na
PGR, o entendimento é que medidas contra apoiadores radicais do presidente
devem ser tomadas no inquérito mais recente, porque o inquérito das fake news
corre sem a participação do Ministério Público. A investigação sobre os atos de
abril, em contrapartida, foi aberta a pedido do procurador-geral da República,
Augusto Aras.
A
equipe de Aras foca agora em diligências virtuais, que podem pegar usuários de
internet que propagam mensagens ofensivas e antidemocráticas. Há vários pontos
em comum entre o inquérito das fake news e os mais recentes.
Por
exemplo, dois dos investigados se repetem em ambos os casos: os deputados
Daniel Silveira (PSL-RJ) e Junio Amaral (PSL-MG). Os dois inquéritos estão
protegidos pelo sigilo. Portanto, a divulgação de eventual nova operação
dependerá da defesa dos investigados, ou do próprio STF.
As
investigações ocorrem em meio às críticas crescentes de Bolsonaro e aliados
contra o Supremo. Elas têm unido os ministros na defesa de si mesmos e do
tribunal. Se antes da pandemia havia desentendimentos frequentes na Corte, o
clima hoje é de harmonia, com defesas públicas de decisões monocráticas de
colegas.
Nesta
quinta-feira, Bolsonaro fez duro ataque à ação que atingiu seus aliados. “Mais
um dia triste na nossa história. Mas o povo tenha certeza, foi o último dia
triste”, disse o presidente, acrescentando depois: ” repito, não teremos outro
dia igual ontem. Chega. Chegamos no limite. Estou com as armas da democracia na
mão. Eu honro o juramento que fiz quando assumi a presidência da República”.
Anteontem,
a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão no inquérito do
Supremo sobre fake news. Entre os alvos, estavam o ex-deputado federal Roberto
Jefferson (PTB-RJ), o blogueiro Alllan dos Santos (do site Terça Livre), o
empresário Luciano Hang, a ativista Sara Winter e apoiadores do presidente Jair
Bolsonaro.
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O Globo
Sexta-feira,
29 de maio, 2020 ás 17:10