No
dia em que o governo de Cristionario perdeu seu segundo ministro da Saúde em
meio à pandemia, com a demissão de Nelson Teich, uma coletiva com quatro
ministros marcou os 500 dias da gestão. O presidente não participou e a saída
do chefe da Saúde foi tratada como algo natural, justificada por “questões de
foro íntimo” por Walter Braga Netto, da Casa Civil.
“O
ministro Teich saiu por questões de foro íntimo. Teve conversa amigável com
presidente, com ministros. O presidente não ignora a Ciência, segue protocolos.
Ele tem uma visão diferente sobre protocolo a ser seguido”, disse Braga Netto.
Ministro
da Economia, Paulo Guedes disse que anormal seria o presidente sair por
discordâncias com ministro, não o contrário. “O ideal para nós é que houvesse
uma completa harmonia, mas isso não é a vida real. Há disputas políticas,
pandemia, todo tipo de coisa. Quem tem voto é o presidente. As vezes há
diferenças de opinião muito fortes. Se o presidente tem uma orientação e o
ministro tem outra, quem sai é o ministro. Anormal seria o presidente sair
porque o ministro quer fazer alguma coisa. ”
Além
dos dois, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Damares Alves (Mulher,
Família e Direitos Humanos) também falaram que a pandemia não permite
comemorações, defenderam Bolsonaro e fizeram alertas de que o impacto econômico
da pandemia pode piorar a situação do País.
O
protocolo do uso da cloroquina no tratamento da covid-19, motivo apontado como
decisivo para a saída de Teich, foi citado por Braga Netto. “A cloroquina já
tem protocolo para casos graves e está sendo estudado pelo Ministério da Saúde
o uso nas primeiras manifestações de doença. Aguardamos este protocolo do
Ministério da Saúde”.
Apesar
do que disse o ministro, o Estadão noticiou que o chefe interino do Ministério
da Saúde, o general Eduardo Pazuello, deve assinar o novo protocolo da pasta
que libera o uso da cloroquina até mesmo em pacientes com sintomas leves por
determinação do presidente.
Damaris
disse que Teich deixou o novo protocolo da cloroquina pronto no Ministério da
Saúde. “Ele deixou pronto o protocolo. É sinal que ele não era contra”.
“Por
decisão do presidente, não é momento para comemorar. É hora de refletir, prestar
condolências às famílias enlutadas”, disse Ramos. Damaris afirmou que, antes da
pandemia, a equipe sonhava com uma grande celebração dos 500 dias de governo.
“Seria
uma grande festa no Planalto. Sonhamos com a celebração. Hoje estamos aqui em
quatro ministros porque fomos surpreendidos pela pandemia. Podemos estar
tristes, mas estamos aqui para dizer que estamos fazendo muito. Nosso povo está
sendo cuidado. Não temos muito o que celebrar, mas teremos os mil dias e a
celebração será maior. ”
Guedes
pediu uma trégua às críticas ao governo e a Bolsonaro. “Pelo bem do País seria
importante que o esforço de transformação que Bolsonaro representa seja
respeitado. Faltam dois anos e poucos meses até a próxima eleição. A democracia
é vibrante, surpreendeu o mundo. ”
Ele
disse que, se do ponto de vista da saúde o isolamento social é necessário, na
economia é preciso estar “de mãos dadas”. “O isolamento social protege vidas,
mas o isolamento econômico ameaça vidas. No ponto de vista da saúde tem que estar
afastados, no ponto de vista econômico, precisamos estar abraçados”, afirmou.
Sem
citar nomes, o ministro da Economia ainda disse que, em sua avaliação, a
população vai punir quem tenta se fortalecer politicamente com as mortes do
coronavírus.
“A
população vai punir quem usar cadáveres como palanques”. Ele também criticou a
possibilidade de aumento salarial do funcionalismo público em meio à pandemia.
“Enquanto o Brasil está de joelhos, tentando se defender, não assaltem o
Brasil. Estou pedindo uma contribuição. ”
Na
quinta-feira, depois de o Congresso aprovar projeto do governo que autoriza
reajustes às polícias do Distrito Federal, o presidente disse que “não tem
cabimento” o funcionalismo querer aumento salarial no momento em que o “Brasil
está quebrando” e há risco até mesmo de faltar dinheiro para os pagamentos em
decorrência da crise econômica causada pela pandemia.
Ele
disse que pretende discutir com governadores e o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM), o veto ao trecho do projeto que congela o reajuste de servidores
públicos até 2021.
*Estadão
Sábado,
16 de maio, 2020 ás 10:00