O
Brasil é o único país do mundo a oferecer vacinação gratuita, mas, apesar disso
e em função da pandemia do novo coronavírus, está ocorrendo no país baixa procura
por vacinas.
Aproveitando
o Dia Nacional da Imunização, na próxima terça-feira (9), a SBIm, em parceria
com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Fundo das Nações Unidas para
a Infância (Unicef), vai lançar uma cartilha sobre a vacinação na pandemia,
durante webinário (conferência online) voltado a profissionais da área de
saúde. A cartilha digital Pandemia covid-19: o que muda na rotina das
imunizações vai mostrar à população como ir a uma unidade de saúde com
segurança e como os serviços de vacinação públicos e privados devem atender a
população com os cuidados necessários e respeito ao distanciamento social.
Isabella
Ballalai destaca a importância de manter a carteira de vacinação atualizada
para prevenção de doenças. “Essa é uma das grandes preocupações da Organização
Mundial da Saúde (OMS), do Unicef, da SBP e da SBIm. A gente vem trabalhando
muito nisso, porque já vimos acontecer em várias situações de surto, no mundo”.
Isabella destacou que no surto do vírus ebola, na África Ocidental, que surgiu
em dezembro de 2013, morreu mais gente naqueles países de malária, tuberculose,
difteria do que do próprio ebola.
A
vice-presidente da SBIm reconheceu que a covid-19 é, sem dúvida, um problema
grave que merece a atenção de todos. “Mas a gente não pode tirar a atenção de
outras patologias que não deixaram de circular, outras doenças infecciosas que
colocam em risco a nossa população, não só de crianças, mas também de
adolescentes e adultos”, advertiu.
Segundo
o Unicef, 117 milhões de crianças ficarão sem vacina de sarampo por causa do
cenário de pandemia e de questões de estrutura. No Brasil, a médica afirmou que
se percebe uma “queda dramática” da busca pela vacinação. Admitiu que é difícil
para a população quebrar a regra do isolamento social. “É importante entender
que ficar em casa deve ser, sim, a nossa conduta, mas para algumas situações
essenciais é preciso sair de casa”.
Após
o lançamento da cartilha, a SBIm vai fazer uma campanha de comunicação nas
mídias sociais intitulada Vacinação em dia, mesmo na pandemia, cujo objetivo é
conscientizar especialistas e o público em geral sobre a importância de não
deixar de se vacinar nesse período.
As
normas que serão dadas na cartilha e na campanha abrangem não só os cidadãos e
o pessoal da área de saúde, como médicos e enfermeiros, mas todos os
profissionais que trabalham nos postos e unidades de vacinação, desde a
portaria, até o pessoal de segurança e limpeza. “A gente precisa mobilizar
tanto o profissional de saúde quanto a população, porque já perdemos muito”,
disse.
Isabella
informou que existem 36 mil salas de vacinação no Brasil. “Dá para ir a pé,
usar máscara, carregar o seu álcool gel, com os cuidados de não encostar nas
superfícies sem motivo”, recomendou.
Isabella
Ballalai, que também é coordenadora científica da cartilha, informou que as
coberturas antes da covid-19, para poliomielite, por exemplo, estavam em torno
de 80% quando o ideal é 95%. “O Brasil não está livre do retorno da
poliomielite”, assegurou a pediatra. Citou também que 19 estados brasileiros já
estão com circulação de sarampo, doença potencialmente grave, que pode levar à
internação e à morte, da mesma forma que a febre amarela, que estava circulando
na Região Sul e que apresenta letalidade muito maior que a covid-19, mas com
número bem menor de casos.
Em
relação à varíola, a especialista afirmou que não há possibilidade de volta da
doença porque o Brasil conseguiu vacinar 100% da população. O mesmo não
acontece com a poliomielite, que foi erradicada do país em 1974, porque dois
países têm pólio endêmica: o Afeganistão e
o Paquistão. A situação ali é difícil e piorou muito com a covid-19
porque as equipes destinadas ao combate à poliomielite foram reduzidas para
ampliar o tratamento do novo coronavírus. Isabella Ballalai advertiu que, com o
fim do isolamento social, viagens voltarão a ser feitas pelo mundo e, em algum
momento, a pólio pode entrar de novo no Brasil, do mesmo modo que outras
infecções.
A
pediatra disse que todas as vacinas recomendadas atualmente no calendário
público do Programa Nacional de Imunização, bem como nos calendários das
sociedades médicas, são consideradas fundamentais e básicas. Elas previnem em
torno de 20 doenças em diferentes faixas etárias.
Destacou
que as gestantes devem ter atenção especial. “Protegendo a gestante, a gente
protege o recém-nascido nos seus primeiros três meses de vida, quando ele ainda
não pode tomar muitas vacinas”, observou. Ressaltou também que nenhuma das
vacinas é contra uma doença benigna. “Não existe vacina contra doença que não
seja potencialmente grave, que possa levar à morte ou às hospitalizações. Nós,
no Brasil, temos o melhor calendário público de vacinação. Somos o único país a
oferecer vacinas totalmente de graça, diferentemente do que as pessoas pensam
que ocorre nos Estados Unidos, onde só tem vacina de graça para quem tem o
seguro saúde”.
Em
relação à vacinação contra a gripe, Isabella lembrou a importância da
comunicação. Segundo ela, o brasileiro entendeu que a vacina da gripe é para
idoso. Na primeira fase da campanha, voltada para os idosos, a cobertura foi de
mais de 100%, resultado só registrado no Brasil. Já para as crianças e,
principalmente, para pessoas com doenças crônicas, que constituem, depois do
idoso, o principal alvo da covid-19, as coberturas não foram as desejadas.
O
conteúdo da cartilha poderá ser baixado a partir do dia 13 no endereço sbim.org.br e em selounicef.org.br. (ABr)
Domingo,
07 de junho, 2020 ás 11:00