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“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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04 agosto, 2020

PARLAMENTARES DEBATEM FUNDEB E DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO PÓS-PANDEMIA



Ao participar terça-feira (4/8) de reunião da Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha ações do governo no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, a deputada Professora Dorinha (DEM-TO), relatora e articuladora, na Câmara, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 26/2020), que torna permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundeb), pediu agilidade e o apoio do Senado para a aprovação do texto. Segundo entendimento dos líderes da Câmara, a proposta será votada na semana do dia 18 próximo.

A parlamentar lembrou que a Câmara e o Senado também terão que se debruçar em torno de uma lei de regulamentação do fundo, segundo ela, “ muito complexa”. A norma precisa ser votada o quanto antes para que a União, estados e municípios se organizem financeiramente para a execução do novo Fundeb.

Um exemplo do que entrará na regulamentação é o chamado Custo Aluno-Qualidade (Caqi), que não será único. “O Caqi não está vinculado ao Fundeb e vai ser tratado numa lei complementar”, explicou a deputada, acrescentando que o instrumento deve passar por definições diferentes em termos de região.

“O custo amazônico, por exemplo, é imenso. Eu me lembro de que, quando secretária de Educação, fui ajudar, em Roraima, em um trabalho que o Ministério da Educação me pediu. A Secretaria [de Educação] gastava mais para levar a merenda do que para custear a própria merenda. Ela tinha que pagar um avião para levar a alimentação às aldeias e pagava R$ 4 mil pelo avião para levar R$ 2,5 mil de comida, porque era o único jeito de chegar o alimento lá naquela época. Estou só colocando como exemplo. São barcos subindo o rio, e tudo mais”, lembrou.

As preocupações com a educação no cenário de pós-pandemia também foram lembradas por especialistas durante a audiência pública de hoje, especialmente o aumento da desigualdade do ensino no país e a questão fiscal da educação. Nesse último aspecto, um estudo sobre esse impacto na rede municipal, lançado nesta terça-feira pelo Movimento Todos Pela Educação, mostra um déficit só de recursos vinculados à manutenção e desenvolvimento do ensino, em 2020, de R$ 15 a R$ 30 bilhões.

No caso dos estados, a organização já havia apontado déficit de R$ 9 a R$ 28 bilhões. A retração da atividade econômica, com queda de receita de estados e municípios, é a explicação para esse déficit, segundo o mesmo levantamento.

“No cômputo geral, a gente está vendo uma potencial redução entre R$ 24 bilhões e R$ 58 bilhões de receitas vinculadas à manutenção e ao desenvolvimento do ensino num cenário em que as despesas para o enfrentamento da pandemia estão aumentando”, ressaltou o gerente de estratégia política do Movimento Todos pela Educação, Lucas Fernandes.

Ele lembrou que, além de precisar fazer ações emergenciais ligadas à segurança alimentar, ao ensino remoto, à comunicação com a família e à formação dos professores, que são caras – especialmente o pacote de dados – estados e municípios vão necessitar de despesas adicionais quando forem retomar as aulas presenciais.

Na avaliação de Fernandes, o Fundeb ajudará muito a partir de 2021. Ele avaliou que 2020 ainda não está resolvido. “Ainda que a Câmara e o Senado tenham estabelecido um pacote de auxílio aos estados e municípios, nesse auxílio não há subvinculação para a educação. Então, a tendência é que esse auxílio seja mais utilizado para as áreas que estão com uma carência emergencial, como a área da saúde, o que é super legítimo e válido, mas deixa a área da educação descoberta” alertou.

Ele lembrou, ainda, a aprovação do projeto de lei de conversão PLV 22/2020, oriundo da Medida Provisória 934/2020, que aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro.

O texto possibilita ou endossa o uso do orçamento de guerra para dar suporte à educação e coloca de forma bem explícita a responsabilidade da União para apoiar estados e municípios na pandemia. “Isso dialoga com o que está na Constituição, de responsabilidade da União frente a estados e municípios”, afirmou. (ABr)

Terça-feira, 04 de agosto, 2020 ás 17:00


03 junho, 2020

TSE, CUMPRA SEU PAPEL



Nos últimos dias, tem ganhado ainda mais força no debate público a relação entre a ilegitimidade do governo Bolsonaro e o cometimento de ilegalidades relacionadas a processos de fabricação e distribuição de desinformação online, as chamadas fake news. Na última quarta-feira 27, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão como parte do inquérito criminal contra suspeitos de financiar grupos de disseminação de desinformação/fake news e ataques a instituições nas redes sociais. No entanto, outras ações também aguardam julgamento no Tribunal Superior Eleitoral.

O inquérito iniciado no Supremo Tribunal Federal deve ser julgado nos próximos dias e tem diversas controvérsias. Iniciado por conta de possíveis ataques e ameaças a integrantes da própria Corte, a investigação é marcada pelo fato de que as potenciais vítimas são também as responsáveis pela sua condução, e posteriormente, pelo seu julgamento – ainda que a oferta de possíveis denúncias caberá a outras instituições. O que é certo é a avaliação de que a investigação se baseia em uma interpretação que atualiza, de forma heterodoxa, o Regimento Interno do STF, que tem força de lei.

Se é razoável questionar seu cabimento em relação à divisão de poderes e as funções essenciais de cada parte do sistema de Justiça, não soa incoerente considerar que o resultado do inquérito, caso legitimado pela cúpula da Justiça – o plenário do STF -, possa alimentar aquele que parece ser o caminho mais legalmente respaldado para dar resposta à questão sobre a relação entre o grupo político que hoje ocupa o Planalto e o uso, à margem da lei, de mecanismos de campanha, apontado ainda em 2018, em ações que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na Corte, aguardam julgamento quatro ações que se relacionam, duas protocoladas pela coligação Brasil Feliz de Novo (PT-PC do B-PROS)  e duas pela Coligação Brasil Soberano (PDT-Avante), tratam de denúncias de disparo ilegal em massa pelo aplicativo WhatsApp contra a candidatura do PT nas eleições de 2018, mediante compra ilícita de dados, utilização ilegal de robôs e falseamento de identidade, se enquadrando em vedações da legislação eleitoral.

Tais práticas teriam beneficiado a chapa de Jair Bolsonaro (então PSL) e Hamilton Mourão (PRTB), supostamente configurando-se abuso de poder econômico, uso indevido dos veículos e meios de comunicação social e caixa 2, através de financiamento empresarial de campanha, modalidade não mais permitida no arcabouço jurídico brasileiro.

É importante ressaltar que todas as ações que aguardam julgamento no TSE têm relação com o tema da comunicação. Além das que versam sobre disparo ilegal em massa, o uso indevido de meios de comunicação é apontado em ação apresentada pela coligação Brasil Feliz de Novo contra a chapa Bolsonaro-Mourão e o grupo Record, por suposto tratamento privilegiado que a TV Record, seu site e perfis em redes sociais, concedeu ao candidato Jair Messias Bolsonaro durante a campanha presidencial.

Em outra, também protocolado pela chapa encabeçada pelo PT, é apontado abuso de poder econômico e infração à Lei Eleitoral pela colocação ilegal de dezenas de outdoors em, pelo menos, 33 (trinta e três) municípios, distribuídos em 13 (treze) estados, o que comprometeria “de forma clara o próprio processo eleitoral”.
Outras duas ações que pedem a cassação de Bolsonaro e Mourão foram movidas por Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL). O processamento destas representações começou em novembro de 2019 e há a expectativa de que tenham avanços relevantes em breve. Ambas pedem a cassação dos registros de candidatura, por supostos ataques ao grupo virtual “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, no Facebook, que teve o nome modificado para “Mulheres COM Bolsonaro #17”.

Os ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin tomaram posse, como presidente e vice-presidente, respectivamente, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 25 de maio. Além dos desafios colocados para que realizem eleições em meio ao cenário de pandemia, certamente o maior deles está na possibilidade de priorizar o andamento das ações que questionam a lisura de candidatura da chapa Bolsonaro-Mourão no período eleitoral de 2018.

O Intervozes – ao lado de mais de uma centena de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e redes reunidos na Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político – participa da campanha “Nem Bolsonaro, Nem Mourão: Queremos Nova Eleição”, que pressiona o TSE para que cumpra seu papel de julgar as ações e, assim, responder às muitas dúvidas que permeiam a legitimidade de governo – o que pode também colocar fim às suas investidas autoritárias e antidemocráticas.

*CartaCapital

Quarta-feira, 03 de junho, 2020 ás 10:00