Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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26 abril, 2020

CONSCIÊNCIA E ÉTICA POLÍTICA



‘Tem gente que passa a vida inteira reclamando do preço do leite, mas sempre vota nos donos das vacas’. Apesar de estarmos ainda muito distantes do voto consciente, nessas eleições a distância pode estar diminuindo. Desconfiança, gerada pelo descrédito nos políticos. Nas TVs, os sorrisos e imagens disfarçadas e distantes das reais intenções de maioria dos candidatos. Tenho assistido e ouvido pacientemente (é muito desgastante) candidatos aos legislativos aqui em MT. É paupérrimo o potencial apresentado, podendo até caber alguma surpresa agradável na representação, pois o panorama e a perspectiva de eleger candidatos consequentes na representação é muito pequena.

 É uma garimpagem dificílima, levantando informes sobre alguns desconhecidos (fora as figuras carimbadas, tanto na reincidência quanto na familiocrácia). Não apresentam quase nenhuma referência de contribuição (na sua história de vida) para melhoria de práticas políticas ou de simples adesão na luta pela cidadania, decência política ou ações sociais meritórias. A maioria dos candidatos puxados pelos grupos com dinheiro na campanha são prepostos e/ou candidatos de si mesmos, alienados da demanda da população. Grande parte dos postulantes talvez nem tem ideia da função social dos mandatos. Não se criam identidades, muito menos com a ética e a lisura com varinhas de condão. Na propaganda, sorrisos, cumprimentos e promessas totalmente descoladas da realidade e das pretensões. Se eleitos, tornar-se-ão como já vimos, figuras desprezíveis, sedentas por conchavos e negociatas.

A prática real será o ‘toma-lá-dá-cá’, até que a população possa cassar mandatos. Retrato da história que assistimos em MT e no Brasil, Casas Legislativas, Executivos, torpedeados pela enxurrada de desvios éticos, sobressaindo a corrupção. Não precisa ir longe, é só olhar para as Câmaras de Vereadores de Cuiabá, Várzea Grande, Assembleia Legislativa e o Governo do Estado. Legislativos como casas do desvio, raríssimos os que escapam desta conduta. Verdadeiros ‘caras de pau’ na mídia eleitoral. Durante a Copa e agora nas eleições. Casas Legislativas esvaziadas durante pelo menos quatro meses (aqui em MT não votaram nem a Lei Orçamentária).

Após passos de ‘jabuti de muletas’ a Câmara Federal deu o ‘exemplo’, apenas quatro dias de votação em agosto e setembro, no Senado só oito sessões durante todo o período. Aqui em MT o jogo é pesado, além da marcha lentíssima, digo, esvaziamento do desempenho das atribuições da AL e de Câmaras Municipais de Cuiabá e VG, a justificativa formal é a mesma: liberar os parlamentares para a campanha eleitoral. A tal semana de esforço concentrado é uma tradição nefasta em tempos eleitorais. Isso sem contar o período de férias parlamentares, começadas após a inércia legislativa na Copa. Em 2010 a Câmara Federal teve apenas quatro votações, e o Senado oito, com a tática de debates, onde não é exigida a presença dos congressistas. Recebem vencimentos integrais e bonificações absurdas.

Enquanto isso, a máquina do Governo em peso na campanha eleitoral, agravada pelo absurdo instrumento da reeleição.

A presidente continua no cargo fazendo campanha em conluio e dubiedade com a sua função. O PT era contra a reeleição, hoje se nutre disto. Já incorporou (em sua nova cultura) até políticos profissionais. O poder corrompe. Claro, quem é corrompível. Infelizmente, a maioria esmagadora dos agentes políticos. Poderemos salvar a política?

*Waldir Bertúlio é professor da UFMT. E-mail: waldir.bertulio@bol.com.br

Domingo, 26 de Abril, 2020 ás 10::30

   

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