O
presidente Jair Bolsonaro anunciou, na tarde de quinta-feira (16/04), o médico
Nelson Teich como novo ministro da Saúde, no lugar do problemático Luiz
Henrique Mandetta, que ficou pouco mais de 16 meses no cargo. Teich assume o
cargo em meio à pandemia do novo coronavírus, que já infectou mais de 30 mil
pessoas no país, levando cerca de 1,9 mil pacientes a óbito. Em um
pronunciamento no Palácio do Planalto, ao lado do novo auxiliar, Bolsonaro
ressaltou que é preciso combinar o combate à doença com a recuperação econômica
e garantia de empregos, e defendeu uma descontuidade gradativa do isolamento
social em vigor em todo o país.
"O
que eu conversei com o doutor Nelson é que gradativamente nós temos que abrir o
emprego no Brasil. Essa grande massa de humildes não tem como ficar presa
dentro de casa, e o que é pior, quando voltar, não ter emprego. E o governo não
tem como manter esse auxílio emergencial e outras ações por muito tempo",
afirmou.
De
acordo com Bolsonaro, houve um "divórcio consensual" entre ele e
Mandetta, e destacou que o ex-ministro "se prontificou a participar de uma
transição a mais tranquila possível, com a maior riqueza de detalhes que se
possa oferecer".
Em
seu discurso após o presidente, Nelson Teich disse que não haverá uma definição
"brusca ou radical" sobre a questão das diretrizes para o isolamento
social, mas enfatizou que a pasta deve tomar decisões com base em informações
mais detalhadas sobre o avanço da pandemia no país. Nesse contexto, ele
defendeu um amplo programa de testagem para a covid-19 e ressaltou que está
completamente alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, na perspectiva de retomar
a normalidade do país o mais breve possível.
"Existe
um alinhamento completo aqui, entre mim e o presidente, e todo o grupo do
ministério, e que realmente o que a gente está aqui fazendo é trabalhar para
que a sociedade retome cada vez mais rápido uma vida normal", disse.
O
novo ministro da Saúde é médico oncologista e empresário do setor. É natural do
Rio de Janeiro, formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ),
com especialização em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca). Também
é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos.
Teich
chegou a atual como consultor informal na campanha eleitoral de Bolsonaro, em
2018, e foi assessor no próprio Ministério da Saúde, entre setembro do ano
passado e janeiro deste ano.
A
troca no comando do Ministério da Saúde repercutiu entre políticos,
representantes da área médica e da sociedade civil. O presidente da Câmara,
Rodrigo Maia, e o do Senado, Davi Alcolumbre, ambos do mesmo partido de
Mandetta, divulgaram nota conjunta elogiando o trabalho do médico à frente da
pasta, classificando-o como “guerreiro”.
“O
trabalho responsável e dedicado do ministro foi irreparável. A sua saída, para
o país como um todo, nesse grave momento, certamente não é positiva e será
sentida por todos nós”, declararam os comandantes das duas casas do Congresso
Nacional.
Partidos
e lideranças do Congresso também divulgaram comunicados com avaliações
positivas sobre o ex-ministro e sua gestão como o líder do PSDB na Câmara,
deputado Carlos Sampaio (SP), a bancada do PSB na Câmara, o
primeiro-vice-presidente do Senado, Antonio Anastasia (PSD-MG) e o DEM.
Já
deputados da base do governo, como o líder do governo na Câmara, major Vitor
Hugo (PSL-GO), a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro
(PRB-RJ) elogiaram a mudança e deram boas-vindas ao novo ministro em seus
perfis nas redes sociais.
O
governador de São Paulo, João Dória, disse que a troca é uma “perda para o
Brasil” e desejou sorte ao novo ministro, recomendando que “siga procedimentos
técnicos e atenda às recomendações da OMS”. Eduardo Leite, governador do Rio
Grande do Sul, lamentou a saída de quem “coordenou com competência a política
de enfrentamento à covid-19”.
A
Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou nota em apoio a Nelson Teich e
informou que participou da reunião entre ele e o presidente Jair Bolsonaro
ocorrida na manhã de hoje.
“É
um nome que conta com nosso total apoio e pelo qual temos muita simpatia.
Respeitado na classe médica, eminentemente técnico, gestor e altamente
preparado para conduzir o Ministério da Saúde”, afirma o presidente da
entidade, Lincoln Ferreira.
Já
o Conselho Nacional de Saúde, órgão do SUS com a participação de diversos
segmentos da sociedade, considerou “irresponsável” a demissão de Mandetta
frente ao cenário de agravamento da pandemia no território nacional.
“A
decisão reafirma que o governo sobrepõe o discurso econômico diante da vida da
população, no momento em que se aprofundam as contradições da sociedade já
marcada pela desigualdade e pela exploração humana, em especial para as
populações mais vulnerabilizadas, que podem ter aumento exponencial em número
de óbitos por serem as que mais sofrem os efeitos desta conjuntura”, diz o
texto do órgão.
A
Oxfam Brasil, organização da sociedade civil, expressou “preocupação” com a
substituição no que chamou de momento crucial da gestão da crise da saúde
pública provocada pelo coronavírus. (ABr)
Quinta-feira,
16 de Abril, 2020 ás 19:40
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