No
país da piada pronta, de repente surge um movimento para que o presidente Jair
Bolsonaro assuma logo o posto de ministro da Saúde. A ideia é
interessantíssima, inovadora, mas um pouco redundante e até desnecessária,
porque desde o início da pandemia de coronavírus todo mundo logo ficou sabendo
que Bolsonaro tinha mesmo assumido o posto, pois não sossegou até afastar o
ministro Henrique Mandetta, aquele médico esquisito, que não aceitava seguir as
receitas do presidente.
Depois,
quando nomeou o Dr. Nelson Teich, a gente percebeu que Bolsonaro estava mesmo
sentado na cadeira do novo ministro, porque Teich chegava para trabalhar,
encontrava a mesa ocupada, ninguém lhe dava atenção, nem mesmo o rapaz do
cafezinho e ele ia embora e nem dava entrevista.
Justiça
seja feita, Bolsonaro tem se dedicado muito às atividades de ministro da Saúde
e inclusive vem fazendo tripla jornada de trabalho, a tal ponto que, quando ele
aparece na TV, onde marca presença de manhã, à tarde e à noite, ninguém sabe
mais quem está no ar, se é o presidente da República, o ministro da Saúde ou o
propagandista do laboratório que fabrica a cloroquina, que é uma das funções
que acumula.
Para
disfarçar, Bolsonaro ofereceu o Ministério ao Centrão, mas os deputados
perceberam que a receita estava incompleta, porque não falava em dinheiro, e
eles preferiram assumir logo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação,
que maneja cerca de R$ 54 bilhões por ano e administra a merenda escolar, que
pode ser vitaminada e cura qualquer doença política.
Bolsonaro
sentiu alguns sintomas, pois a pressão subiu, sentia dor de cabeça, alguns
desarranjos e uma crise intestina, porque o lugar não podia continuar vago, o
Brasil seria o único país do mundo sem ministro da Saúde em plena pandemia, uma
piada internacional.
O
presidente então pensou em nomear um militar, mas o Ministério já estava em
ordem unida, porque o interino é o general Eduardo Pazuello, especialista em
guerra na selva e que tinha aproveitado a ocasião para contratar outros nove
militares para o Ministério da Saúde. Agora, já são 18 oficiais do Exército no
primeiro escalão da pasta, mas nenhum deles é médico, vejam o grau da patologia
reinante.
O
fato é que as Forças Armadas imitaram o Centrão e não aceitaram indicar o novo
ministro. E assim Bolzonaro vai ficando no cargo, já comprou um termômetro, e
um aparelho de pressão e um equipamento de raios-X. Está atendendo no Planalto
às segundas, quarta e sextas, aceita qualquer plano de saúde e só recebe propagandistas
de laboratórios no final do expediente, após encerradas as consultas.
*Tribuna
da Internet
Quarta-feira,
20 de maio, 2020 ás 9:00