Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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03 setembro, 2023

“PORTAL PARA O SUBMUNDO”

 

Na remota região de Yakutsk, na Sibéria, um fenômeno geológico conhecido como a Cratera Batagaika captura a atenção do mundo, não apenas por sua aparência ameaçadora, mas também pelos sons perturbadores que emite. Frequentemente referida como o “portal para o submundo,” essa cratera é um testemunho vivo do impacto indelével da atividade humana em nosso planeta. Mas o que torna essa cratera verdadeiramente fascinante é seu potencial para oferecer percepções tanto sobre nosso passado quanto sobre nosso futuro, particularmente no contexto das mudanças climáticas.

 

A história da Cratera Batagaika remonta a algumas décadas e tem uma ligação intrínseca com ações humanas. O desmatamento desenfreado na região acelerou a degradação do solo, o que, por sua vez, causou o afundamento da terra. Esse afundamento foi exacerbado pelo aumento das temperaturas devido ao aquecimento global, levando à dissolução do permafrost e, finalmente, à formação da cratera. Em essência, a Cratera Batagaika é uma ferida autoinfligida na superfície da Terra, um lembrete contundente do dano irreversível que podemos causar.

 

Moradores locais relataram ouvir sons arrepiantes emanando da cratera, alimentando sua reputação como um “portal para o submundo.” No entanto, a ciência oferece uma explicação mais fundamentada. Os ruídos perturbadores são resultado da rápida expansão da cratera, um fenômeno geológico bem documentado. Além disso, as chamadas figuras fantasmagóricas que os moradores locais afirmam ter visto são provavelmente distorções na densidade do ar causadas pela liberação súbita de gás metano.

 

Mas a Cratera Batagaika é mais do que apenas uma fonte de mitos e lendas locais; ela é uma bomba-relógio no contexto das mudanças climáticas. De acordo com pesquisas da Universidade de Sussex, a cratera está se aprofundando a uma taxa alarmante de dez metros por ano, e até 30 metros durante verões particularmente quentes. Esse rápido crescimento é uma consequência direta do aquecimento acelerado no Ártico, que ocorre três vezes mais rápido do que em outras partes do mundo. À medida que o permafrost derrete, ele libera gases de efeito estufa armazenados, exacerbando a atual crise climática.

 

Curiosamente, a cratera também serve como uma janela para o passado da Terra. Um estudo publicado em Quaternary Research revelou que a camada mais antiga do permafrost na cratera remonta a 650.000 anos atrás. Isso oferece uma oportunidade sem precedentes para geólogos e arqueólogos estudarem as eras glaciais da Terra. O afundamento da terra está desenterrando sedimentos contendo restos pré-históricos anteriormente desconhecidos, permitindo que cientistas reconstruam o ambiente siberiano dos tempos antigos.

 

Então, o que o futuro reserva para esse “portal para o submundo”? Especialistas alertam que podemos esperar mais formações geológicas como essa devido ao aquecimento global e ao aumento da atividade humana. Se todo o permafrost derretesse, a quantidade de gases de efeito estufa liberados poderia ser equivalente ao que está atualmente na atmosfera, mergulhando-nos mais profundamente em uma crise climática.

*Variedades     

Domingo, 03 de setembro 2023 às 21:26


  

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