Eles
perderam completamente a solenidade e parecem mesmo decididos a nos empurrar
para a barbárie. Quando a presidente Dilma Rousseff autoriza seu ministro da
Saúde a deixar o posto, ainda que por um dia, para participar da disputa pela
liderança do PMDB na Câmara, não é a ordem prática das coisas que está sendo
agredida. O que padece é a ordem moral.
Que
diferença faz Marcelo Castro um dia a mais ou a menos combatendo os mosquitos?
A aritmética nos responde: nenhuma! Aliás, ele está na categoria nada rara das
pessoas que rendem o dobro se não fizerem nada. Castro pode dar corpo àquela
máxima metafísica de Dilma: se a sua meta de trabalho for zero, a eficiência
será dobrada. Mas não é de pragmatismo que trato aqui.
Boa
parte da vida civilizada não tem importância prática nenhuma. É só decoro.
Algumas das melhores conquistas da cultura não são ditadas pela necessidade, e
sim pelo apuro estético, por valores subjetivos, pelo refinamento. No frigir
dos ovos, somos todos primitivos e tendentes a voltar ao estado da natureza.
São as escolhas ditadas pela moral e pelo gosto que nos livram da barbárie, não
as determinadas pelas imposições da sobrevivência.
Mesmo
os idiotas são mais suportáveis quando conhecem as regras da etiqueta.
Costumam, por exemplo, falar menos, e, como diria Machado, o silêncio quase
sempre é a melhor forma de afetar circunspecção.
(Reinaldo
Azevedo)
Sexta-feira,
19 de fevereiro, 2016
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